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“Menos é mais” é um dito popular que parece resumir bem a trajetória do Chevrolet Tracker no Brasil. O SUV compacto faz parte de um dos segmentos mais disputados no mercado automotivo nacional. Não por menos, estreou reestilizado na linha 2026 para tentar recuperar os olhares do público, já que não mudava desde que chegou à sua terceira geração, em 2020. Mas isso será suficiente para peitar os principais rivais?
As apostas foram simples, com novo visual e ajustes pontuais de suspensão e mecânica. Apesar disso, o Tracker manteve a tabela de 2025, com valores entre R$ 119.900 e R$ 190.590. Entre os muitos desafios da categoria, o principal, ao menos para o modelo da GM, é que ele se tornou o SUV 1.0 turbo menos potente do país, já que o motor CSS Prime de três cilindros, embora tenha recebido injeção direta no ano passado, perdeu cavalaria.
E para isso existe explicação: segundo a Chevrolet, o objetivo é atender ao programa Carro Sustentável do governo, que prevê IPI zero para veículos que se encaixam em algumas regras. Uma delas é que os carros flex tenham potência igual ou inferior a 115,5 cv — que, agora, é a potência exata do SUV 1.0 turbo, com gasolina ou etanol. O torque foi mantido, sendo de 18,3 kgfm e 18,9 kgfm, respectivamente.
Chevrolet Onix e Tracker 2026 perdem potência para baixar preço; entenda
Portanto, o SUV perdeu 5,5 cv com etanol e 1 cv com gasolina. Isso porque, no início do ano, o propulsor tinha sido atualizado para 121 cv. É importante dizer que o Tracker ainda não está incluído efetivamente no programa, mas encontra-se apto a participar dele. No fim, a GM apostou em um caminho claro para o SUV: o preço.
Chevrolet Tracker LT ficou um pouco mais econômico com a atualização
Renato Durães/Autoesporte
Porém, tendo em vista a perda de potência, o novo Tracker ao menos ficou mais econômico? A resposta é sim. Pouco, mas sim. Na cidade, o consumo subiu de 8 km/l para 8,1 km/l com etanol, segundo o Inmetro. Na estrada, foi de 9,8 km/l para 9,9 km/l. Com gasolina, caiu de 11,6 km/l para 11,5 km/l em ciclo urbano e melhorou de 13,7 km/l para 13,8 km/l no rodoviário.
Ou seja, continuam médias não tão animadoras, considerando que alguns rivais registram números melhores. Esse é o caso, por exemplo, do líder da categoria, o Volkswagen T-Cross, que, no PBEV, chega a fazer 14,8 km/l na estrada com gasolina.
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Autoesporte testou o Tracker LT, de R$ 154 mil, posicionado acima da versão de entrada. Embora o motor 1.0 tenha perdido potência, o conjunto continua aliado ao câmbio automático de seis marchas, que tem boas relações. E digo: na minha experiência, a mudança prática de desempenho foi muito sutil.
Chevrolet Tracker LT vai de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos
Renato Durães/Autoesporte
Assim como antes, sinto que falta uma esperteza na hora de o turbo entrar em ação, o famoso “turbo lag”. O resultado é que o motorista sente de forma expressiva o atraso na aceleração do Tracker 1.0 2026, o que se reflete no zero a 100 km/h oficial de 10,9 segundos. Contudo, acima de 2.000 rpm, o SUV fica mais ágil.
É visível que o Tracker cumpre seu papel de uso urbano, sendo um carro confortável, graças ao trabalho da suspensão mais “durinha”. O novo curso dos amortecedores ajudou o modelo a absorver melhor as pancadas secas, ao mesmo tempo que a direção é leve.
Bancos da versão LT do Chevrolet Tracker têm ajuste manual de altura; o espaço para objetos agrada
Renato Durães/Autoesporte
Um ponto positivo é a ergonomia, já que o volante tem ajustes de altura e de profundidade e o cinto de segurança é regulável, ainda que os bancos de tecido não sejam os mais aconchegantes. Além disso, tudo é de fácil acesso para o condutor.
A fórmula traduz bem o “menos é mais”, visto que o SUV não vai agradar quem busca desempenho mais robusto, mas entrega boa dose de conforto e tem manutenção simples. Porém, nesse tema o Tracker 2026 enfrenta outro desafio: a polêmica da correia banhada a óleo, principal queixa dos consumidores em relação ao modelo.
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A correia recebeu um reforço químico na borracha para evitar desgaste prematuro. A Chevrolet reforça que é necessário usar o óleo indicado no manual do proprietário e recomenda seguir a manutenção à risca. Entretanto, para gerir a crise, aumentou a garantia do SUV para cinco anos.
Chevrolet Tracker LT tem conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay
Renato Durães/Autoesporte
Itens de carro de entrada
O Tracker LT 2026 ficou mais moderno, contudo existe um toque de carro de entrada (mesmo com preço acima de R$ 150 mil) em razão das rodas de aço de 17″ com calotas. A peça até tenta camuflar a simplicidade, mas… é uma roda de aço.
O SUV mantém 4,27 metros de comprimento e 2,57 m de entre-eixos — essa medida, aliás, é menor em relação à de rivais como Hyundai Creta (2,61 m) e o próprio T-Cross (2,65 m). Ou seja, o espaço na segunda fila é mais acanhado, especialmente em virtude do túnel central elevado, que atrapalha a posição de pernas e joelhos. A capacidade do porta-malas também não muda, com 393 litros. Assim, o novo Tracker fica atrás de concorrentes como Volkswagen Nivus, que tem 415 l, e Nissan Kicks, com excelentes 470 l.
Não parece, mas essa roda do Chevrolet Tracker LT é de aço com calota
Renato Durães/Autoesporte
Nessa versão, portanto, a maior mudança está na cabine. Assim como a Spin, o Tracker 2026 recebeu um novo conjunto de telas com quadro de instrumentos digital e central multimídia de 11” superintuitiva, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A configuração ainda vem com câmera de ré, sensores traseiros de estacionamento, portas USB dos tipos A e C, chave presencial e partida do motor por botão.
Deixa a desejar o acabamento, com muito plástico duro. Confesso que esperava um pouco mais de requinte, mas quase não há pontos macios ao toque. Em segurança, a versão traz o “básico” para a faixa de preço: seis airbags, piloto automático, assistente de partida em rampas e controles de estabilidade e de tração.
Chevrolet Tracker LT perdeu potência na linha 2026
Renato Durães/Autoesporte
Fato é que a trajetória deixa um peso nas costas do Chevrolet Tracker. O SUV vai precisar superar alguns obstáculos, como o da correia, para voltar forte à briga pela liderança em um segmento osso duro de roer. Para isso, tem predicados que podem chamar a atenção, como a conectividade e a tradição da marca, já que o desempenho o deixa, agora, para trás. Só uma redução de preço com o ingresso no programa de IPI Zero, o que ainda não aconteceu, poderá justificar o “sacrifício” da potência.
Pontos positivos: Suspensão mais bem ajustada, telas com sistema intuitivo e ergonomia
Pontos negativos: Acabamento, motor 1.0 turbo menos potente da categoria e rodas com calotas
Agradecimentos: Plaza Sul Shopping e Localiza
Chevrolet Tracker LT
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