Marca emplacou apenas 51 veículos no Brasil e não produz desde fevereiro na China, mas tem 800 veículos em porto brasileiro que precisam ser vendidos Já faz algum tempo que Autoesporte acompanha de perto a situação delicada da Neta Auto. A empresa controlada pela Hozon vive período turbulento, com dívidas astronômicas, produção paralisada e troca de sede. No Brasil desde novembro de 2024, a marca vendeu apenas 51 carros em pouco mais de seis meses de operação.
Na China, seu país de origem, a fabricante sofreu uma queda de 98% nas vendas, paralisou a produção e já não está mais em sua antiga sede. Mesmo assim, diante de todo o cenário pintado, a companhia reafirma: seguirá em nosso país.
Joseph Zhu, gerente geral da Neta Auto Brasil, afirmou à Autoesporte que a “operação da empresa no país segue firme e forte”. O executivo completou que “vários concessionários” ainda trabalham com a marca e que “novidades sobre a subsidiária serão, em breve, comunicadas”.
No Brasil, a Neta emplacou apenas cinco veículos em maio de 2025, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), totalizando 51 unidades registradas no país. Fontes comentam que a empresa desenha novas estratégias para impulsionar os números, o que pode passar por vendas diretas. Até porque, salientam, a chinesa ainda tem cerca de 800 veículos no porto de Cariacica (ES).
Neta tem 98% de queda nas vendas, demite funcionários e vê futuro incerto
Neta X
Renato Durães/Autoesporte
Nesse processo, as redes sociais da empresa no Brasil, como Instagram e LinkedIn, foram reativadas, bem como o site oficial, que se encontrava “em manutenção”. Entretanto, os perfis não são atualizados desde abril — diferentemente do que a marca aponta em comunicado oficial, de que os perfis “voltaram a ser atualizados”.
Segundo informações obtidas na própria página da Neta, a companhia tem duas lojas em funcionamento no país, uma no Rio de Janeiro (RJ) e outra em Juazeiro (BA). Outras três têm status “em construção”.
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Em seu site, a Neta segue oferecendo dois elétricos no mercado brasileiro: o Aya, a partir de R$ 133.900, e o X, por R$ 209.990. Todavia, os modelos são vendidos com desconto de R$ 10 mil sobre o preço de tabela. Há também financiamento com taxa zero, IPVA, Wallbox e emplacamento grátis. O valor total dos subsídios para compra chegaria a R$ 25 mil. Para completar, o esportivo GT, há muito prometido, ainda é uma incerteza.
No mesmo posicionamento, a Neta diz que negocia com novos investidores e enfatiza que o Brasil é “um dos focos principais da companhia”. Além disso, revela que trabalha em estratégia que visa a oferta de troca da dívida por participação na empresa. “Mais de 50% desse plano já foi concluído com sucesso”, os chineses garantem.
Neta Aya é um dos veículos que a marca chinesa vende no Brasil
Divulgação/Neta
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Neta vive momento delicado
Segundo dados da consultoria Marklines, parceira da Autoesporte, a Neta não produz veículos na China desde fevereiro de 2025. Naquele mês, 740 unidades foram feitas — o que representa queda de 55% ante o mesmo período de 2024. Em janeiro, apenas oito veículos foram fabricados. Há, contudo, esperanças de que as atividades retomem.
Conforme publicamos anteriormente, a Neta colapsou na China no final de 2024 e, justamente por isso, teve de reduzir drasticamente sua produção após queda nas vendas. Desde então, sofreu com protestos de concessionários, que em abril se reuniram em grupos e foram para a porta da fábrica da marca em Tongxiang, na província de Zhejiang, reivindicar providências diante de um suposto calote. E mais: contraiu dívidas que totalizam cerca de US$ 1,4 bilhão (quase R$ 8 bilhões).
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A empresa teve, por conseguinte, de promover cortes de gastos. Reduziu em até 75% os salários para os colaboradores que permaneceram na empresa, por exemplo, e deixou sua antiga sede devido ao término do contrato de locação do imóvel. Para piorar, a Neta está envolvida em mais de 400 disputas judiciais e cerca de 90 processos de execução.
Leia abaixo, na íntegra, o posicionamento da Neta Auto do Brasil:
A NETA Auto do Brasil reforça seu compromisso com o mercado brasileiro e informa que não há qualquer plano de encerramento das operações no país. Pelo contrário, a empresa está engajada em um processo global de reorganização estratégica e administrativa, com apoio do governo chinês e entrada de novos investidores, visando fortalecer suas atividades tanto na China quanto nos mercados internacionais — com destaque para o Brasil, um dos focos principais da companhia.
Após um ano de presença oficial no Brasil, a NETA conquistou a confiança de parceiros, rede de concessionárias e consumidores. Mesmo diante de desafios operacionais enfrentados pela matriz, a operação brasileira permanece ativa e funcionando normalmente, com continuidade nos serviços de vendas, pós-vendas e fornecimento de peças. Inclusive o site e as redes sociais passaram por atualizações e já estão funcionando normalmente.
A sede da NETA na China iniciou, em fevereiro, um plano de “dívida em troca de participação” para manter a confiança e a cooperação com seus fornecedores. Mais de 50% desse plano já foi concluído com sucesso. Em paralelo, a empresa está em fase avançada de negociações com novos investidores, com apoio direto do governo da cidade de Tongxiang, para concluir o plano de reorganização da NETA.
A NETA acredita no potencial do mercado brasileiro de veículos elétricos e continuará investindo no país. Toda a transição será feita de forma estruturada, transparente e com total respeito aos parceiros e clientes brasileiros. As decisões estratégicas e próximos passos serão comunicados de forma contínua à imprensa e à rede autorizada.
A mensagem é clara: a NETA Auto está no Brasil, permanece no Brasil e está aqui para crescer com o Brasil. Agradecemos à mídia, parceiros e consumidores pela confiança contínua.
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