Citroën C3 1.6 manual é jogada de mestre ou erro de estratégia? Leia o teste

A versão Feel também está disponível com motor 1.0 Firefly, que é mais moderno e consome bem menos combustível do que o 1.6. Começo esse teste com uma pergunta: a versão Feel com motor 1.6 e câmbio manual do novo Citroën C3 faz sentido? Essa configuração, que custa R$ 91.990, é uma estrela solitária entre os hatches de até R$ 100 mil, já que (quase) nenhum outro rival é vendido com essa combinação de motor e câmbio, nem o próprio Peugeot 208, que há quase um ano oferece o mesmo 1.6 de até 120 cv, mas somente com transmissão automática.
O concorrente mais próximo do C3 com essa combinação é o Renault Stepway Zen (R$ 101.890), mas o conterrâneo está sem gás e à beira da morte — foram pouco mais de mil carros vendidos em 2022.
Citroën C3 Feel 1.6 tem exatamente o mesmo visual da versão com motor 1.0
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O C3 Feel está disponível em duas motorizações — única versão do hatch que oferece isso —, e esse é o principal problema, pois a outra opção traz o motor 1.0 Firefly de até 75 cv e 10,7 kgfm, que é mais moderno e consome bem menos combustível do que o 1.6. A lista de equipamentos de série da dupla é exatamente a mesma; o que muda, além do motor, é o preço: o 1.0 custa R$ 83.990, ou seja, exatos R$ 8 mil a menos.
De série, a versão Feel traz como destaques controles de tração e de estabilidade, assistente de partida em rampas, ar-condicionado, direção elétrica, monitoramento de pressão dos pneus, central multimídia com tela de 10 polegadas compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, banco do motorista e volante com ajustes de altura, vidros traseiros elétricos, alarme, duas portas USB traseiras, luzes diurnas de LED e rodas de liga leve aro 15.
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A lista de equipamentos é boa, mas percebam que não há nenhum airbag a não ser os frontais obrigatórios, o que não condiz com um carro dessa faixa de preço, que supera os R$ 90 mil, principalmente com motor 1.6.
Construído sobre a plataforma CMP, a mesma do Peugeot 208, o novo C3 tem 3,98 metros de comprimento e a engenharia fez um belo trabalho para deixar um bom espaço interno: são 2,54 m de entre-eixos. Para ter uma ideia de como o espaço foi bem aproveitado, um Fiat Fastback, por exemplo, tem 4,43 m de comprimento, mas é menor que o C3 no entre-eixos, com seus 2,53 m.
Atualmente, o C3 Feel é o único carro do país abaixo de R$ 100 mil com motor 1.6 e câmbio manual
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Sentado no banco do motorista, deparo com um agradável desenho de painel, cheio de personalidade, mesclando cores, texturas e saídas de ar-condicionado com design bem diferente. A posição de dirigir é alta, tal como em um SUV, com vão livre do solo de 18 cm, o que é incômodo, porque na cabine você não se sente dentro de um SUV.
O espaço reduzido dá a nítida sensação de estar em um hatch com suspensão elevada. É questão de gosto, mas a mim não agrada. A simplicidade da chave também chama a atenção: não é nem do tipo canivete.
Citroën C3 Feel não tem faróis de neblina
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O que diverte é o volante, de raio reduzido, que parece dar mais agilidade ao hatch e ajuda no momento de estacionar, por exemplo. Devo lembrar que a câmera de ré e o sensor de estacionamento traseiro são opcionais, por R$ 1.400. Em movimento, o carro tem bom fôlego, com respostas rápidas do acelerador, e o desempenho em trechos de subida de serra é surpreendente.
No nosso teste realizado na pista da TMT Campo de Provas, em Tatuí (SP), os números ficaram um pouco abaixo da expectativa para um carro desse porte e com motor “forte”. A aceleração de zero a 100 km/h foi feita em 10,8 segundos; confesso que eu imaginava um tempo mais perto de 10 s. As retomadas também foram abaixo do esperado.
Rodando, a altura em relação ao solo pode ser incômoda, entretanto o trabalho da suspensão é muito bom, como de praxe nos carros da Citroën. Não é novidade e você deve estar cansado de ler isso, mas as condições do asfalto no Brasil não são nada boas. Quando o carro é exigido em solos mais irregulares, só tenho de reconhecer que o conforto a bordo é muito bom. Os engates da marcha são precisos — mesmo que longos — e ajudam a manter o conforto nos repetitivos movimentos durante uma jornada na cidade.
O interior é chamativo e mescla diferentes texturas, mas tudo é todo de plástico
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Segundo o Inmetro, o motor 1.6 faz 7,8 km/l na cidade e 9 km/l na rodovia com etanol. Já com gasolina as marcas sobem para 10,9 km/l e 12,8 km/l, respectivamente. No caso do motor 1.0, o consumo é de 9,5 km/l na cidade e 10,3 km/l na rodovia com etanol e 13,2 km/l e 14,5 km/l com gasolina. Ou seja, o consumo do motor 1.0 é muito melhor do que o do irmão mais potente.
Em tempos de extinção do carro popular, quando o modelo 0 km mais barato do Brasil já encosta nos R$ 70 mil, e de combustível com o preço nas alturas, ao ter de escolher entre dois carros iguais abaixo dos R$ 100 mil, separados por R$ 8 mil, optar pelo antigo 1.6 não parece fazer muito sentido diante do 1.0 mais moderno. E me arrisco a fazer uma ousada previsão: essa versão 1.6 com câmbio manual não deve ter vida muito longa, assim como aconteceu com o 208.
Citroën C3 Feel
Citroën C3 Feel
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