Agressões físicas, maus-tratos e condições insalubres são alguns dos graves tópicos que resultaram em inquérito do MPT O Ministério Público do Trabalho investiga condições degradantes de trabalho na fábrica da BYD em Camaçari (BA). Há denúncias graves de agressões físicas, maus-tratos, condições insalubres e de operários sem os devidos equipamentos de proteção individual. Tudo isso dentro do complexo comprado pela montadora de origem chinesa junto à Ford.
O MPT recebeu denúncia anônima no dia 30 de setembro e visitou a fábrica em 11 de novembro. A Polícia Federal também esteve presente no local. A partir da análise das instalações, muitas delas consideradas precárias, o órgão abriu inquérito para investigar condições de saúde e segurança dos trabalhadores.
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MPT apontou condições insalubres de trabalho em Camaçari
Agência Pública/Reprodução
As denúncias envolvem três empresas terceirizadas que prestam serviços à BYD nas obras de Camaçari, todas também de origem chinesa: Jinjiang Group, AE Corp e Open Steel. Elas estão relacionadas ao tratamento dado a cerca de 500 funcionários estrangeiros dessas corporações.
No entanto, após matéria da Agência Pública, com denúncias de agressões físicas a funcionários chineses em Camaçari, o MPT afirmou que também irá apurar tal questão. A BYD, inclusive, já admitiu oficialmente que houve incidentes de violência dentro de suas premissas.
Câmera filmou funcionários sendo agredidos dentro do complexo da BYD
Agência Pública/Reprodução
Sobre as agressões, a fabricante informou, por meio de nota, que solicitou o afastamento dos responsáveis pelos atos. Além disso, pediu para que a entrada destes no complexo seja devidamente proibida.
A BYD, contudo, ainda não diz se manterá ou não relações com as empresas terceirizadas envolvidas. Jinjiang Group, AE Corp e Open Steel são parceiras globais da montadora de origem chinesa. As companhias não têm, segundo a montadora, representantes no Brasil. Elas são responsáveis pelos serviços de terraplanagem, montagem da estrutura metálica e de montagem de estrutura interna para produção de veículos elétricos.
Segundo a Agência Pública, cerca de 470 funcionários chineses, das três empresas citadas, foram contratados pela BYD. O MPT deve, inclusive, notificar nesta sexta-feira (28) a montadora e as demais empresas envolvidas para que enviem ao órgão cópias dos contratos de trabalho e vistos de trabalho para os estrangeiros. A solicitação também engloba planos de prevenção de acidentes e de saúde ocupacional.
Banheiros para trabalhadores não têm limpeza adequada
Agência Pública/Reprodução
A partir da data de recebimento da notificação, BYD, Jinjiang Group, AE Corp e Open Steel têm até dez dias úteis para apresentação dos documentos requisitados.
“As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados”, salienta, em comunicado, Bernardo Guimarães, promotor responsável pelo inquérito.
A reportagem procurou o governo da Bahia para falar acerca das denúncias, mas, até o momento, a administração não se posicionou. Também procurou a BYD, que enviou a nota abaixo, na íntegra:
A BYD recebeu com repúdio as imagens relacionadas ao tratamento dado por profissionais de empresas terceirizadas aos trabalhadores na construção da fábrica de Camaçari (BA). A BYD determinou que os agressores sejam afastados e proibidos de ingressar na unidade, exigindo das empresas providências urgentes para garantir que tal atitude jamais se repita.
O Ministério Público do Trabalho apontou a necessidade de ajustes pontuais na operação. Identificamos as inconformidades em relação aos trabalhadores em Camaçari e exigimos que as prestadoras de serviços responsáveis pelas obras ajam imediatamente. Estamos acompanhando as melhorias de perto e priorizando o bem-estar de todos.
A BYD está implantando um reforço em sua fiscalização da obra para assegurar o cumprimento da legislação e o respeito a todos os profissionais que nela atuam. A companhia opera há 10 anos no Brasil, sempre seguindo rigorosamente as leis locais e mantendo o compromisso com a ética e o respeito.
Com um investimento de R$5,5 bilhões, a fábrica de Camaçari representa um marco estratégico e tem potencial para gerar mais de 20 mil empregos diretos e indiretos.
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