Teste: Kia EV9 tem tecnologia, acabamento (e preço) de carro de luxo

Contamos se o SUV elétrico da Kia tem o bastante para fazer alguém trocar um SUV europeu por ele Um Kia na edição de luxo. “Vocês enlouqueceram?” Antes que minhas faculdades mentais sejam questionadas, aqui vão algumas informações prévias sobre o EV9. O SUV elétrico faturou uma dúzia de prêmios em 2024, inclusive o de Carro Mundial do Ano e os equivalentes na Alemanha e no Reino Unido, desbancando modelos europeus. No final do ano, saberemos se ele também será o vencedor de sua categoria no Carro do Ano 2026, realizado por Autoesporte.
Seguindo com minha defesa, o sistema de som de 14 alto-falantes é o mesmo da Meridian que equipa carros da JLR. As 14 opções de ajustes para o banco do motorista não devem em nada para um BMW X7. Inclusive, os dois assentos frontais oferecem reclinação, como uma poltrona de classe executiva. Há, ainda, uma engenhosa solução para criar um apoio de cabeça ultraconfortável: usar a mesma trama de cadeiras de escritório para uma sensação de maior maciez.
Kia EV9 GT Line custa R$ 750 mil
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Falando em acabamento, a qualidade surpreende e chega a superar a de alguns rivais alemães da mesma faixa de preços. É preciso muito esforço para achar plástico duro no interior. Quase toda a forração é feita de material macio ao toque e agradável à vista.
Falando em preço… Sim, também é de carro de luxo. Os R$ 750 mil pedidos pela Kia tornam o EV9 o modelo mais caro da marca no Brasil. Com isso, o SUV elétrico se posiciona acima das fabricantes generalistas, na mesma prateleira de Volvo, Land Rover e outras.
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Kia EV9 GT Line é a única versão disponível
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Mas avancemos, pois meu espaço é restrito e a quantidade de coisas para contar sobre o EV9 é proporcional ao seu tamanho. Esse é um SUV enorme. Com 5,02 metros de comprimento, tem o mesmo porte do Volvo EX90, seu grande rival.
Mas o entre-eixos de 3,10 m garante espaço interno invejável para os sete ocupantes. Sim, é possível viajar na terceira fileira com conforto, mesmo sendo um adulto de mais de 1,70 m. E o acesso é descomplicado, pois os dois assentos são acionados de forma elétrica.
Mesmo com sete lugares, o modelo tem um porta-malas decente. São 333 litros com as três fileiras em uso, capacidade maior que a de um Citroën C3, por exemplo. Rebatendo a última fila, o volume mais que duplica, chegando a incríveis 828 l. A cabine foi desenhada de modo tão inteligente que sobram vários porta-objetos de tamanho considerável. Uma bolsa pode ser acomodada no console central sem muita dificuldade.
Porta-objetos do console central do Kia EV9 acomoda até uma mochila
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Porém, como este texto é sobre transcendências, o EV9 não é só um carro espaçoso para toda a família. Ele também desafia as leis da física com uma leve vocação esportiva. A dupla de motores elétricos (um em cada eixo) entrega 385 cv de potência e 71,4 kgfm de torque, levando o gigante de 2.700 kg de 0 a 100 km/h em apenas 5,3 segundos, mais rápido que o Volkswagen Golf GTI ou o Honda Civic Type R. Se o motorista desejar, o EV9 ainda pode fazer isso com um som artificial — de gosto duvidoso.
Essa é só uma das possibilidades de personalização do Kia. Há diferentes modos de condução, temas para o quadro de instrumentos e opções de iluminação para a cabine. No pacote para o Brasil, a Kia trocou retrovisores convencionais por câmeras.
As duas telas de 7 polegadas cada ficam em uma posição natural para o condutor olhar (melhor que no Audi Q8 e-tron), mas deixam a desejar na sensação de profundidade. O arsenal de telas se completa com quadro de instrumentos, central multimídia e comandos de ventilação (também com teclas físicas).
Kia EV9 tem 3,10 metros de entre-eixos
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E, mesmo com o porte para lá de avantajado, o EV9 é um veículo elétrico extremamente eficiente. Parte significativa dos 2.700 kg vem das baterias de 99,8 kWh. Mas, ao contrário de outros SUVs elétricos de luxo, o gerenciamento de energia é exemplar.
Segundo o Inmetro, a autonomia é de 434 km. Em nossos três dias de uso, rodei cerca de 100 km. O alcance, porém, foi reduzido em apenas 70 km, com utilização de 22% da bateria. No computador de bordo, o consumo foi de 4,8 km/kWh. Ou seja, nesse cenário, a autonomia total projetada seria de 480 km.
Espaço interno do Kia EV9 é bom, mesmo na terceira fileira
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Ao volante, o comportamento do EV9 é neutro. A direção é macia, o acelerador tem ótima progressão e não há aquela “patada” de carros elétricos mais potentes. O Kia tampouco passa vergonha no trânsito.
A suspensão é muito bem ajustada, como em outros lançamentos recentes da marca, e também não deixa a desejar em relação a qualquer Volvo ou Audi. Para facilitar as manobras, há câmeras de 360 graus. As assistências ao condutor também funcionam muito bem, principalmente o controlador de velocidade adaptativo (ACC).
Espelhos retrovisores dão lugar a câmeras no Kia EV9
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Enquanto algumas fabricantes de luxo patinam para criar uma linha de carros elétricos que mantenha o DNA das marcas e, ao mesmo tempo, traga novos clientes, a Kia conseguiu isso com maestria. O EV9 oferece uma combinação única de espaço interno, tecnologia e desempenho. Se o desenho é exótico e gera críticas, não há dúvida de que é hora de olhar para esse SUV de outra maneira: com a lente de quem busca um carro de segmento superior.
Pontos positivos: excelente gerenciamento de bateria, bom espaço, muitas tecnologias e acabamento de qualidade
Pontos negativos: visual não é unanimidade e parte da clientela pode não achar que o EV9 é um carro de luxo
Kia EV9 GT Line
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