Evento não acontece desde 2018; indústria alega altos custos e impossibilidade de vender carros no local Ao participar da inauguração da nova sede da Anfavea, a associação dos fabricantes de veículos, no dia 12 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um curioso pedido: a volta do Salão do Automóvel. Para ele, a exposição atrairia pessoas como ele, que “adorava” ver os carros no salão. O último foi em 2018.
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A direção da Anfavea considerou o pedido legítimo. A volta do salão já havia sido sinalizada anteriormente pelo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, e pode, inclusive, se tornar uma marca de sua gestão, que termina daqui a 12 meses.
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O que impede a volta do Salão?
Retomar a exposição de carros não é, porém, tarefa simples. Vários motivos levaram à interrupção do evento criado em 1960 e que acontecia a cada dois anos.
Salão do Automóvel de São Paulo acontecia a cada dois anos e não tem novas edições desde 2020
Edição de 2012. Divulgação
A pandemia foi o que menos influência teve no cancelamento do salão de 2020. A decisão havia sido anunciada pela Anfavea no fim de 2019. Antes, portanto, de o surto de covid-19 se alastrar.
A mostra foi suspensa depois que grandes montadoras decidiram não participar, alegando que o custo era elevado demais para repetir um evento que se limitava a ser uma mera vitrine, sem dar ao consumidor a chance de experimentar os carros.
O automóvel deixou de ser um objeto para ser admirado por fora. É preciso entrar no veículo, dirigir e conhecer os recursos de conectividade e entretenimento. Além disso, passou a frustrar fabricantes e concessionários não poder vender carros durante o salão.
Edição de 2020 do Salão do Automóvel de São Paulo havia sido cancelada antes do surto de covid-19 se alastrar
Divulgação
Paralelamente, famosas exposições internacionais, como Frankfurt, Detroit e Paris, começaram a perder o brilho. Algumas ficaram menores, outras mudaram o formato.
Na visita à Anfavea, Lula insistiu: “Mostrem o que a indústria brasileira tem”. Mas o setor tem feito isso de um jeito diferente: em eventos fechados ou test drives em pistas como a de Interlagos.
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Tais iniciativas não têm, no entanto, o mesmo glamour de um salão. Por isso, a discussão voltou à tona. O desafio é fazer um evento mais alinhado à nova realidade sem perder o charme do passado.
Desafio para retorno do Salão do Automóvel de São Paulo é alinhar o evento à nova realidade, enquanto algumas exposições internacionais mudam seus formatos
Marcos Camargo/Autoesporte
Para buscar inspiração, Leite passou a visitar salões no exterior. No ano passado, esteve em Detroit, que mudou o formato do histórico salão. Na edição de 2023, os americanos colocaram pistas de test drive dentro do pavilhão de exposições. Ficou interessante. Mas perdeu o glamour.
Recentemente, Leite foi até Pequim, onde, para mostrar sua força, a indústria chinesa tem feito salões tradicionais simplesmente para provar o que conseguem fazer.
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No Brasil, um salão mais moderno teria que reunir: conceitos atuais de mobilidade e espaços de discussões sobre temas como biocombustíveis e eletromobilidade, além de test drive para o público e, ao mesmo tempo, ser um ambiente de negócios para a comercialização de veículos e acessórios.
Enquanto as montadoras não se convencerem de que será um bom negócio será difícil atender ao pedido do presidente da República.
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