Teste: Porsche 911 GT3 Touring é versão “comum” que impressiona nas ruas

Ele não é o mais veloz dos Porsche, mas faz curvas como nenhum outro Existem experiências impossíveis de esquecer na vida. Dirigir o novo Porsche 911 GT3 nas estradas de Valência (Espanha), certamente, será uma das minhas. Estradas? Sim! Porque o esportivo tem no catálogo a versão Touring, que traz um design menos apimentado e ajustes para a vida urbana. Mas não se engane, a empolgação de pilotar o modelo não diminui. Até porque existe opção de câmbio manual (!!).
A reestilização do esportivo estreou em outubro de 2024, em comemoração aos 25 anos do Porsche 911 GT3, que nasceu em 1999. Pois bem, mesmo ano do meu nascimento (praticamente irmãos). Fato é que o GT3 passou por mudanças pontuais para melhorar quesitos como aerodinâmica e desempenho.
Em ambas as versões, GT3 e GT3 Touring, difusor dianteiro redesenhado e tomadas de ar modificadas na parte inferior otimizaram (ainda mais) o fluxo de ar. O que, consequentemente, aumenta o downforce do carro. E que estabilidade! O GT3 realmente é grudado no chão, com distância em relação ao solo de 10 centímetros, o que me fez reduzir bastante a velocidade para passar nas lombadas das pequenas vielas das cidades ao redor de Valência.
Porsche 911 GT3 Touring abdica de itens aerodinâmicos, como aerofólio e saias laterais
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Não pense que eu não fiquei nervosa para dirigir o esportivo. Afinal, estamos falando de um carro com preço sugerido de R$ 1.467.000 no Brasil, onde já está em pré-venda com entregas previstas para acontecer no segundo semestre deste ano. Mas o temor logo passou. Assim que você entra no Porsche 911 GT3, sente uma onda de confiança.
A Porsche acertou quando pensou em uma nova ergonomia, já que o modelo destinado para as ruas precisa ser mais “confortável” do que o voltado para as pistas. Além do refinado acabamento em Alcântara na cabine, os bancos esportivos praticamente te abraçam. Lembrando que, de série, o GT3 vem apenas com dois assentos. Pelo menos até agora já que, de forma inédita, será possível adicionar os bancos traseiros na versão Touring. Precisava?
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Ao contrário do GT3 convencional, o Touring abdica de aerofólio, saias laterais, spoilers e todos os itens aerodinâmicos. Os detalhes de fibra de carbono, em contrapartida, permanecem.
Porsche 911 GT3 Touring é equipada com câmbio manual de seis marchas, mas automático (PDK) de sete marchas é opção
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No GT3 Touring, estamos falando de 1.461 kg. Ou seja, 2,86 kg/cv, já que o coração do esportivo segue sendo o motor 4.0 aspirado de seis cilindros em linha, sempre traseiro, que rende 510 cv de potência. No GT3, são 1.479 kg. Ainda sim, menos de 3 kg/cv. Na configuração mais leve, o esportivo pode pesar 1.420 kg.
Para que o 911 GT3 receba a “dieta” mais extrema, é preciso recorrer ao pacote Lightweight, que, como o nome já adianta, deixa o carro ainda mais leve. Há ainda outro kit, Weissach, antes exclusivo da versão GT3 RS, que acrescenta rodas de magnésio pintadas de bronze – que reduzem 9,1 kg no peso total -, elementos de fibra de carbono (nos retrovisores, aerofólio e saias laterais), bem como freios de corrida.
Algo interessante é que a Porsche manteve alguns sistemas de auxílio ao motorista, como frenagem de emergência e centralizador de faixa. Mas, eles conseguem ser facilmente ativados/desativados por um botão no painel. Aliás, não se liga o Porsche GT3 por um botão, como acontece em praticamente todos os carros com chave presencial. Há uma espécie de interruptor de ignição rotativo (do lado esquerdo, claro).
Cabine do Porsche 911 GT3 Touring tem acabamento em Alcântara
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E lá fui eu. Apesar do poderoso sistema de controle de emissões, o Porsche 911 GT3 ainda faz sons de arrepiar quando o motor gira. Um motor girador, inclusive, onde os 510 cv são entregues a 9.000 rpm. Já o torque é de 46,9 kgfm a 6.250 rpm. Aqui, o cliente pode optar por duas opções de conjunto. Um com câmbio automático (PDK) de sete marchas ou, para os puristas de plantão, o manual de seis.
O do nosso teste era equipado com o câmbio manual que, assim como o PDK, teve relações reprogramadas e estão 8% mais curtas. Com isso, houve uma melhora nas retomadas, fazendo com que o esportivo atinja maiores velocidades com mais agilidade. Durante o trajeto de estrada, percebi que quanto mais eu pisava no acelerador, maior era o desejo insaciável do GT3.
Em um ponto do percurso mais linear, com a ajuda do asfalto liso e sem imperfeições, cheguei até os 205 km/h (não façam isso em nossas estradas!!). Isso sem sentir nenhum tipo de esgotamento do GT3 Touring. Assim que me dei conta da velocidade, reduzi e o primeiro pensamento que meio veio na cabeça foi “nossa, nem parece que estou a mais de 200 km/h”. Ou seja, a estabilidade é um ponto alto no esportivo da Porsche. Aqui vale falar que, mais uma vez, até o som das reduções de marcha arrepia.
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A desvantagem é o maior consumo de combustível, embora eu não acredite que esse seja um problema para o dono de uma unidade do esportivo. Como há uma faixa ampla de rotações, o motor elástico garante que as respostas sejam “papum”, como diria minha mãe. Na versão Touring com câmbio manual, o esportivo consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos, já a velocidade máxima é de 313 km/h (com câmbio automático, fica em 3,4 segundos e 311 km/h).
Para tanto desempenho, também é preciso de freio eficientes que possam parar o veículo com eficiência. No Porsche 911 GT3, estes são de composto carbono-cerâmica, de série no Brasil, ao contrário da Europa, onde são opcionais. A suspensão de duplo braço na dianteira foi ajustada. Na versão Touring, é mais voltada ao conforto. Os amortecedores também foram alterados e todo esse conjunto entrega uma resposta mais precisa nas curvas.
Porsche 911 GT3 é configuração voltada para as pistas e vai de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos
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Algo interessante de se dizer é que o GT3 não é o carro mais potente da Porsche, nem o mais rápido. Mas, com certeza, ele vai ter um dos melhores tempos de volta em pista, justamente por conta da maior pressão aerodinâmica. Tanto que, durante o teste no circuito Ricardo Tormo, com o esportivo equipado com a caixa PDK, ficou claro o equilíbrio entre desempenho e estabilidade.
Nessa hora, o frio na barriga tomou conta pois, além de ser minha primeira vez nessa pista específica, é um GT3 (!). O esportivo responde assim que você pisa no pedal do acelerador e é possível perceber o trabalho de aerodinâmica que gruda o carro no chão. Confesso que fui mais comedida nas primeiras voltas (para reconhecimento), mas mesmo em alta velocidade, o carro mostrou bom comportamento.
Porsche 911 GT3 2025
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Em uma das quatro voltas que fizemos (sempre com um carro madrinha), quase perdi o controle da direção por um motivo: senti receio de estar em uma velocidade alta na curva e fui pisando no freio, o que fez o carro dar uma leve “balançada”. Mas, o sistema já automaticamente corrigiu meu erro e consegui retornar para o circuito sem grandes problemas. Aqui, pude ver como a tração traseira ajuda a não dar aquela escapada.
Durante o teste nas ruas, alguns olhares questionadores me cercavam, mas o que realmente fica na memória é como o Porsche 911 GT3 impressiona ao volante e o som do motor aspirado que, para quem gosta, é música para os ouvidos. Esses 25 anos, certamente, caíram muito bem ao esportivo.
Ficha técnica – Porsche 911 GT3 Touring
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