Teste: Peugeot 208 e 2008 híbridos têm comportamento diferente dos Fiat?


Eu gosto de Placebo. Da banda, claro. O grupo liderado por Brian Molko usualmente entrega experiência agradável, mas que pode passar batida caso não esteja prestando atenção. Isso porque suas canções são parecidas, com pouco espaço para o risco. Sensação similar tive ao guiar pela primeira vez os Peugeot 208 e 2008 Hybrid GT T200. Inclusive, você pode conferir detalhes acerca de preços e equipamentos dos modelos nesse texto.
Os veículos híbridos leves da Peugeot chegam com a mesma tecnologia aplicada nos Fiat: 1.0 turbo flex, três-cilindros, da família GSE de 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque aliado ao gerador por correia que faz vezes de alternador e de motor de arranque por cremalheira. Ele opera a partida do veículo e o sistema start-stop.
A tecnologia, que faz vezes de “superalternador”, tem como fonte primária a bateria de íons de lítio de 12 Volts e apenas 0,125 kWh de capacidade, localizada sob o banco do motorista. Também temos conectado ao conjunto a bateria convencional do carro de chumbo-ácido. A tensão é a a mesma, 12 Volts com capacidade de 68 Ampère. O sistema adiciona aos modelos baseados na configuração GT mínima diferença de peso ante versões “usuais” (10 kg) e também outros pormenores.
208 e 2008 GT trazem o emblema “Hybrid” na carroceria. No habitáculo apresentam gráfico no painel de instrumentos digital onde pode-se notar o funcionamento do sistema. É uma experiência lúdica, algo que se repete à exaustão com o objetivo de transmitir ao condutor sensação de que está guiando um híbrido mais elaborado.
Peugeot 208 GT Hybrid 2026 tem rodar suave e muito adequado
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Não é uma crítica à solução. É, na verdade, um elogio. Funciona bem, e é interessante ver que, ao tirar o pé do pedal do acelerador com o carro em movimento vemos o processo de recuperação de energia da bateria. Ademais, também visualizamos nuances em outros momentos; o que é bem legal, principalmente para os que têm contato pela primeira vez com um modelo eletrificado por meio dos Peugeot 208 e 2008.
O motor elétrico, bom dizer, é pequeno, mas estratégico. Entrega 4 cv de potência e 1 kgfm de torque. Ele não move o carro sozinho — nada de arrancadas elétricas à la Porsche Taycan Turbo GT — mas entra em momentos pontuais, ajudando o motor a combustão em situações críticas, como partidas, retomadas leves ou acelerações iniciais. O resultado é mais suavidade, menos esforço do propulsor a combustão e uma condução urbana mais linear, sem que você perceba um “choque” de força.
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Start-stop dos Peugeot 208 e 2008 híbridos
O sistema híbrido leve de 12 Volts é sentido, evidentemente, no funcionamento do start-stop. De atuação similar ao dos Fiat, merece um capítulo distinto. Cada parada faz o motor desligar e religar instantaneamente.
Na prática, em pausas curtas, como em semáforos ou congestionamentos, o motor a combustão é desligado instantaneamente. Quando você tira o pé do freio, ele religa em frações de segundo, mas mesmo assim é impossível de ignorar (falaremos rapidamente sobre mais abaixo).
Durante nosso test drive em ciclo urbano, por 52 km — trajeto circular do pomposo Itanhangá Golf Club até o Leblon de Manoel Carlos — a experiência foi curiosa. O motor desligava e religava de forma suave, mas cada parada deixava perceptível uma pequena interrupção no fluxo da condução.
No modo “Energia”, painel de instrumentos, assim como nos Fiat, garante experiência de condução de um verdadeiro híbrido
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É como se a música que você estava ouvindo tivesse um corte momentâneo no refrão. Você nota que algo mudou, mas a harmonia geral continua. Para quem dirige de forma mais esportiva ou gosta de acelerações contínuas, como o escriba, tal sensação pode irritar. Para o ambiente urbano, no entanto, é eficiente. Ajuda a controlar o consumo de combustível e a reduzir emissões.
Consumo de Peugeot 208 e 2008 híbridos
Durante nosso breve contato, obtivemos médias de consumo de 10,2 km/l para o Peugeot 2008 GT e de 10 km/l para o 208 GT. Desempenho até que bom, levando em consideração trânsito e tanque, de acordo com a organização, abastecido com etanol.
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A Peugeot divulga que, conforme o Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro (PBEV), o 208 Hybrid GT T200 faz 9,1 km/l na cidade e 13 km/l na estrada com etanol e 9,6 km/l e 13,8 km/l, respectivamente, com gasolina. Já o 2008 tem médias de 9 km/l na cidade e 13 km/l na estrada com etanol, além de 9,6 km/l em ciclo urbano e 13,7 km/l em ciclo rodoviário com gasolina.
Peugeot 208 GT Hybrid 2026 fez 10 km/l em trajeto realizado no Rio de Janeiro (RJ)
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Note que os números são bem parecidos com os divulgados pela Peugeot para as versões “usuais” dos modelos na linha 2026. A configuração Allure do 208 faz 12,6 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada com gasolina e 8,8 km/l e 10 km/l, respectivamente, com etanol. No caso da mesma versão, só que do 2008, temos 8,6 km/l em ciclo urbano e 9,8 em ciclo rodoviário com etanol e médias de 12,3 km/l e 13,7 km/l, para os mesmos, com gasolina. Ou seja, nada de absurdo.
E os benefícios do sistema?
O motor elétrico, claro, atua em conjunto com o start-stop. Ele não leva o carro sozinho, mas garante que o motor a combustão não se esforce em demasia ao ligar novamente. Ao esperar pela liberação da Avenida Niemeyer, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Peugeot 2008 demonstrou que o benefício, de fato, é real. O fluxo de carros após a reabertura da via foi intenso e experimentamos partidas mais suaves e retomadas sem quaisquer trancos graças ao sistema híbrido leve.
2008 e 208 têm o mesmo conjunto mecânico aliado ao sistema híbrido leve de 12 Volts
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Ainda assim, como nosso test drive revelou, a sensação de “motor que desliga e religa” não é totalmente natural. Diferente de um sistema puramente elétrico ou híbrido mais complexo, aqui o efeito é perceptível, não dá para ser desativado, e o motorista mais sensível nota o microcorte a cada parada.
Em resumo, o “start-stop evoluído” da Stellantis nos Peugeot 208 e 2008 é como um backing vocal: não rouba a cena, mas faz a música inteira soar mais limpa e eficiente. Todavia, se desafinar pode prejudicar a apresentação.
Não tivemos alterações na dinâmica de 2008 e 208
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No 208, o efeito até é pouco mais sutil (este é o primeiro hatch a receber a tecnologia híbrida leve); já no 2008, o peso maior do carro torna a religação ligeiramente mais perceptível, mas ainda dentro do aceitável. É um sistema eficiente que contribui para economia e emissões, mas rouba um pouco da fluidez da condução.
Mais do mesmo?
Tirando isso, 208 e 2008 têm a mesma (boa) dinâmica de sempre. Os dois rodam suavemente e entregam respostas consistentes na cidade em ciclo urbano graças ao 1.0 turbo flex e ao câmbio automático do tipo CVT. Vale frisar que as simulações de marchas por meio das aletas são interessantes no papel, mas no frigir dos ovos a sensação não é das melhores.
Os engates são demasiadamente artificiais — isso quando funcionam. Ainda assim, o CVT garante conforto, suavidade e condução linear, sem trancos, ideal para o trânsito das cidades. O conjunto motor a combustão e câmbio é, realmente, digno de loas.
Modelos têm badge “Hybrid” para evidenciar motorização
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A suspensão também é a mesma para 208 e 2008: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Tecnicamente, a combinação equilibra conforto, absorção de impactos e resposta em curvas. Os carros filtram irregularidades do piso urbano, mantêm a estabilidade em curvas rápidas e não têm rolamentos excessivos da carroceria.
No 208, a sensação é de hatch urbano ágil e divertido; no 2008, o conjunto transmite mais robustez e segurança, mantendo conforto mesmo em pisos irregulares ou estradas esburacadas. É uma suspensão que trabalha silenciosa, quase como a mixagem do baixo em uma música do Placebo: você sabe que está lá, atuando, mesmo que não entenda a engenharia por trás.
O esperto 208 tem a cidade como habitat natural. É um hatch que, com respostas rápidas, direção leve e retomadas ágeis é muito divertido de se guiar. Na estrada, mantém estabilidade e bom ataque às curvas, sem grandes mudanças em relação à versão “convencional”.
208 e 2008 híbridos tomam como base a versão GT e mantêm suas características estéticas
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O 2008, por sua vez, com sua postura elevada, entrega presença, confiança e firmeza nas curvas, sem abdicar do conforto. O insignificante peso adicional do sistema híbrido é imperceptível, e a condução permanece previsível e controlada. Assim, o SUV segue como um dos modelos mais equilibrados do segmento em termos dirigibilidade. Na opinião do redator, aliás, é o melhor entre os rivais.
O sistema BSG, conforme já mencionamos, atua nos bastidores. É tecnologia que existe mais para melhorar o uso do carro no dia a dia e ajudar a garantir suavidade para o motor do que para transformar radicalmente o desempenho.
Único pecado, de fato, dos modelos, ao menos para mim, fica por conta do acionamento do modo Sport. O botão fica posicionado à esquerda do condutor, numa posição de difícil acesso. Além disso, apenas uma pequena luz acima do comando indica a ativação. Poderíamos ter apontamento no painel digital.
Equipamentos
O Peugeot 208 GT Hybrid T200 tem faróis full LED com projetores garantem iluminação adequada, enquanto a antena tipo shark e os detalhes externos em preto brilhante (retrovisores, aerofólio e faixa entre lanternas) dão ao hatch um ar sofisticado e esportivo. Temos ainda o teto panorâmico, uma adição interessante a um modelo do segmento.
Por dentro, o painel de instrumentos digital 3D é a grande vedete nos dois modelos. Botão físico de volume, pedais esportivos em alumínio, acabamento das portas em preto brilhante, detalhes cromados e tapetes GT reforçam a sensação de cuidado com o motorista e passageiros. O banco traseiro bipartido aumenta a praticidade, enquanto o pacote ADAS inclui assistente de faixa, detector de fadiga, aviso de colisão, alerta de ponto cego, frenagem automática de emergência e reconhecimento de limite de velocidade.
Teto panorâmico ainda é uma das grandes vedetes de Peugeot 208 e 2008
Jady Peroni/Autoesporte
No 2008 GT Hybrid T200, além da conectividade via My Peugeot e painel digital 3D, temos teto solar panorâmico, seis airbags e grade na cor do veículo. Há ainda, claro, faróis full LED e o pacote ADAS que repete os recursos do 208, garantindo proteção ativa tanto em cidade quanto em estradas.
A cabine do 2008 passa sensação de espaço e controle, combinando tecnologia, estilo e segurança. O mesmo ocorre no 208. Ponto negativo apenas para a forração dos bancos, que poderia ter um pouco mais de esmero, e para o excesso de plástico se tomarmos como base veículos dessa estirpe.
Conclusão
No fim das contas, os híbridos leves da Peugeot não são milagrosos na economia: temos ganhos discretos na cidade, quase nenhum na estrada. Mas entregam previsibilidade e uma camada tecnológica algo perceptível. Cada detalhe, do motor elétrico ao CVT, da suspensão ao start-stop, funciona como os acordes bem colocados em “Teenage Angst”, hit do Placebo.
Assim, se você gosta de dirigir e aprecia conforto, comportamento previsível e solução de tecnologia interessante, os Peugeot 208 e 2008 híbridos leves são boas pedidas. Não mudam a cotação do dólar, não prometem milagres de consumo, mas fazem do trajeto urbano uma delícia. Autoesporte, agora, aguarda ansiosamente pela chegada de hatch e SUV à nossa garagem. Desse modo, teremos testes mais robustos sobre as duas novidades.
Por enquanto, resta-me dizer que Placebo é uma excelente banda. Ainda que repita a receita de sucesso do disco homônimo de estreia, de 1996. Aqui, no caso de Peugeot 208 e 2008 Hybrid GT T200 temos algo parecido: a fórmula de Fiat Pulse e Fastback é transferida para hatch e SUV da marca francesa, que pode conquistar novos clientes justamente pela entrada da dupla no ramo da eletrificação.
Pontos positivos: ótima dirigibilidade e lista de equipamentos adequada;
Pontos negativos: poderiam ser mais econômicos e ter melhor acabamento.
Peugeot 208 e 2008 Hybrid GT T200
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