Teste: novo Nissan Kicks tem motor de Kardian e custa até R$ 200 mil; vale?

Nova geração tem porte de Jeep Compass, motor 1.0 turbo de até 125 cv do Kardian e custa até R$ 199.000 O novo Nissan Kicks chega ao Brasil com preços que vão de 159.990 até R$ 199 mil na versão Platinum — o máximo que o modelo pode oferecer, topo de linha. A estratégia da marca é usar o lançamento para conquistar clientes dos SUVs médios, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. Consumidores do segmento de compactos continuarão sendo atendidos pela primeira geração do carro (hoje chamada de Kicks Play).
O novo Nissan Kicks agora tem o motor 1.0 turbo flex de três cilindros com injeção direta de combustível, desenvolvido pela Horse, que já equipa o Renault Kardian. Assim como no modelo francês, são 120 cv e 20,4 kgfm com gasolina e 125 cv e 22,4 kgfm com etanol.
Outra semelhança entre os modelos é o câmbio automatizado de dupla embreagem banhado a óleo. Aqui, não há alavanca de câmbio, mas sim um sistema com botões “D”, “R”, “N” e “P” no console central. Será que isso é suficiente para um carro de 1.366 kg?
Botões do câmbio automatizado do novo Nissan Kicks
Divulgação
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Dimensões e visual do novo Kicks
A nova geração do Nissan Kicks cresceu consideravelmente: são 4,37 metros de comprimento (+ 6 cm), entre-eixos de 2,66 m (+ 4 cm), largura de 1,80 m (+ 4 cm) e altura de 1,63 m (+ 2 cm). O porta-malas passou de 432 litros a 470 litros.
A título de comparação, um Compass tem 4,40 cm de comprimento (+ 3 cm) e 2,64 m de entre-eixos (- 2 cm), mas é, oficialmente, um SUV médio. Um Corolla Cross oferece 4,46 m (+ 9 cm) de comprimento e os mesmos 2,64 m do rival da Jeep.
Lanternas são interligadas por barra em preto; rodas são de 19 polegadas desde a versão Exclusive
Murilo Góes/Autoesporte
O Volkswagen T-Cross, por sua vez, SUV mais vendido do Brasil, tem 4,22 cm de comprimento e 2,65 m de entre-eixos. Ou seja, o novo Nissan Kicks está entre os compactos e os médios.
E pessoalmente, de fato, o modelo parece ter subido de categoria. Além das dimensões maiores, o visual deixa o SUV mais robusto. Na dianteira, a grade segue um esquema de barras horizontais como as do modelo atual, mas estas são divididas em três partes. As extremidades são compostas de DRLs de LEDs verticais, como uma continuação dos faróis — que têm o mesmo sistema de iluminação e são de série nas quatro versões.
Grade segue esquema de barras horizontais como o modelo atual, mas estas são divididas em três partes
Murilo Góes/Autoesporte
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Na traseira, uma barra em preto interliga as lanternas de LED, no mesmo padrão de peça tripartida. E desde a versão Exclusive, as rodas são aro 19. Todo esse conjunto dá ao novo Nissan Kicks um ar mais imponente do que os seus rivais (teoricamente) diretos, os SUVs compactos.
Capacidade do porta-malas do novo Nissan Kicks é de 470 litros, contra 432 litros do predecessor
Divulgação
Interior
Dentro do carro, essa configuração traz bancos revestidos com imitação de couro. No assento traseiro, o espaço para as pernas é ótimo até para uma pessoa da minha altura, 1,87 m, e já com o banco do motorista ajustado para mim.
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Há ainda apoio de braço central com porta-copos e duas entradas USB-C, mas faltam saídas de ar-condicionado, item que SUVs compactos oferecem desde versões intermediárias. Uma coisa boa é que as portas têm apoio de braço macio — na versão de entrada o apoio é de plástico.
Há apoio de braço com porta-copos e entradas USB-C para ocupantes do banco traseiro; faltam saídas de ar-condicionado
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Na dianteira, o acabamento é bom desde a versão intermediária, com uma camada de couro na parte superior do painel e tecido na porção central. O freio de estacionamento eletrônico é de série em todas as versões e, desde a opção Advance, tem carregador de celular por indução.
Nessa configuração, o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas é integrado com a central multimídia com a mesma medida, totalizando 24,6 polegadas de telas. A conexão de Apple CarPlay e Android Auto sem fio é feita de forma rápida e eficiente.
Ao volante do novo Nissan Kicks
O primeiro teste que fiz no novo Kicks foi no México, onde o modelo é oferecido com motor 2.0 aspirado de 142 cv e 19,3 kgfm com câmbio CVT, o mesmo conjunto que equipa o Sentra. Confesso que, apesar da expectativa de enfim conhecer a nova geração do SUV, houve uma certa decepção. Isso porque o trânsito do México não me deixou dirigir o carro por mais de dois minutos acelerando direto. Era o famoso “anda e para, anda e para”.
Já o primeiro contato que tive com o Kicks turbo no Brasil foi no Raceville (SP), que é uma pista fechada em Brotas, no interior do estado. Em circuitos assim é possível sentir comportamentos do carro em acelerações e frenagens bruscas, e curvas muito fechadas. Foi um pouco decepcionante, pois estamos falando de um SUV urbano que, como a proposta já diz, é feito para ser usado na cidade.
No Brasil, novo Kicks tem o mesmo motor do Renault Kardian
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O desempenho me decepcionou um pouco nesta primeira impressão, fazendo parecer que o motor 1.0 turbo é pouco para este carro. Por outro lado, as frenagens foram bem suaves, mostrando que os freios a disco nas quatro rodas suportam bem os quase 1.400 kg. Me faltava uma sensação mais “vida real”. Que aconteceu rapidamente dias depois.
A segunda parte do teste com o novo Nissan Kicks foi feita em trechos urbanos e rodovias, entre as cidades de Mogi das Cruzes e Bragança Paulista. A sensação de ter um carro mais pesado, aqui, diminuiu. A relação peso/potência é de 10,9 kg/cv, e a de peso/torque é de 60,9 kg/kgfm.
Em pista falta fôlego para o novo Kicks; em seu habitat natural a performance melhora
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Não são números de encher os olhos, mas o torque máximo de 22,4 kgfm a 2.000 rpm privilegia arrancadas tradicionais do dia a dia onde não é preciso ultrapassar os 50 km/h. As trocas de marchas são suaves e, caso você queira, há paddle shifters para ter mais controle sobre elas.
É fato que a marca de 0 a 100 km/h, 12,4 segundos (com gasolina), não empolga. No entanto, o novo Nissan Kicks parece ter um pouco mais de fôlego em seu habitat natural do que numa pista, cenário que não condiz com a realidade de um comprador desse carro.
O contato com o modelo foi breve, mas fatores bem importantes para o público-alvo, como conforto de suspensão e isolamento acústico, são ótimos. O silêncio dentro da cabine é elogiável e o sistema de som Bose, com 10 alto-falantes, faz os ruídos externos passarem despercebidos. O banco não é esportivo, muito menos abraça as costas do motoristas e te deixa numa posição bem ereta para evitar qualquer tipo de dor muscular mais tarde.
Além de silenciosa, cabine tem central multimídia e painel de instrumentos integrados
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O consumo, segundo o Inmetro, é de 11,7 km/l na cidade e 14,3 km/l com gasolina e de 8,3 km/l e 9,9 km/l, respectivamente, com etanol. A eficiência de um Corolla Cross é melhor, assim como o desempenho de um Compass 1.3 turbo de até 176 cv também é superior, mas está claro que o Nissan quer tirar uma fatia deste segmento. Enquanto isso, o projeto para o novo SUV de entrada da marca, que deve substituir o Kicks Play no ano que vem, segue a todo vapor.
A nova geração do Kicks melhorou e, perdão o trocadilho, fez o SUV subir de categoria. Em relação aos SUVs compactos, ele ficou melhor em muita coisa. Em relação aos SUVs médios da faixa dos R$ 200 mil não deve nada, a não ser um pouco de fôlego.
A espera pelo novo Kicks foi grande e, pelo menos neste contato breve, o modelo deixou boa impressão. Mas é bom aguardar os próximos capítulos, quando pudermos submeter o veículo a uma avaliação por mais tempo.
Pontos positivos: Bom acabamento, porte de SUV médio e silêncio na cabine.
Pontos negativos: Falta um pouco de fôlego; menos eficiente que principais rivais.
Novo Nissan Kicks Platinum 2026
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