Teste: Jeep Commander perde itens em versão inédita para ficar mais barato

Longitude, nova configuração do SUV, foi criada para conter avanço dos chineses A Jeep goza de prestígio no Brasil, isto é fato. Já antes da criação da Stellantis, na época da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), o lançamento dos SUVs nacionais Renegade e Compass foi uma contribuição importante para o reconhecimento da marca por aqui — tanto que ela chegou a ter, sozinha, quase 9% de participação no mercado brasileiro. A dupla de SUVs, inclusive, fez dobradinha na liderança da categoria em 2021 e sempre figura no top 5.
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Nessa esteira surgiu, há dois anos, o Jeep Commander: um SUV maior, de sete lugares, para desbancar o Toyota SW4. A missão foi cumprida com a liderança absoluta entre os utilitários médio-grandes, mas o modelo, que vendeu 22.355 unidades em 2022 (quase 10 mil a mais que o SW4), regrediu em 2023 e ficou perto das 20 mil comercializações.
Nem mesmo a inédita versão de entrada, Longitude, de R$ 241.590, ajudou a superar os números. Respondeu por 6% das vendas, ou pouco mais de 1,2 mil unidades, segundo a Jato do Brasil. Por quê?
Jeep Commander tem 4,77 metros de comprimento
Renato Durães / Autoesporte
Há mais de um motivo. O primeiro (e principal) é o avanço dos carros chineses. BYD e GWM, especialmente com Song Plus e Haval H6, surrupiaram clientes da Jeep. Ambos não têm capacidade para levar sete ocupantes, mas são híbridos, econômicos, tecnológicos e com faixa de preço semelhante. Sem falar no Caoa Chery Tiggo 8 e em outro competidor que retornou recentemente para a briga, o Volkswagen Tiguan.
O segundo, embora não seja tão determinante, é o preço. O Jeep Commander Longitude chegou em meados do ano passado por R$ 229.990. Em oito meses, passou por diversos reajustes e a linha 2024 encareceu R$ 11.600. Atualmente, custa R$ 241.590.
A diferença para a versão Limited, posicionada logo acima e com mais equipamentos, está na casa dos R$ 20 mil. A opção mais cara do Compass flex, por exemplo, é tabelada em R$ 259.990. É mais equipada, claro, mas tem menos espaço.
Para ficar mais barato, SUV perdeu quase todos os assistentes ativos de segurança e até alguns itens de conforto
Renato Durães / Autoesporte
Já um de seus principais rivais, o SW4 SRX com sete lugares, custa exorbitantes R$ 382.790. Mesmo assim, o Toyota aparece no retrovisor do Jeep ao emplacar 16 mil carros em 2023 — “apenas” 4 mil a menos.
Só que, para chegar a essa cifra, a Jeep abriu mão de muitos itens de série. Tirou, por exemplo, praticamente todos os recursos de segurança de assistência ao motorista, como controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência, monitor de ponto cego e assistente de permanência em faixa. Os bancos revestidos parcialmente de couro continuam, mas perderam os ajustes elétricos para o passageiro dianteiro.
Acabamento da cabine é sóbrio; multimídia é fácil de mexer e tem tela generosa
Renato Durães / Autoesporte
Assim, a lista de equipamentos traz o “básico” para um SUV do porte do Commander, que supera os R$ 240 mil: central multimídia com tela de 10 polegadas e espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio, painel de instrumentos digital, ar-condicionado digital de duas zonas (com saída para o banco traseiro), faróis full-LED, botão de partida do motor, freio de mão eletrônico, assistente de estacionamento e seis airbags (em todas as outras versões são sete, com a inclusão do de joelho para o motorista, ausente na Longitude).
As dimensões avantajadas foram mantidas no Commander de entrada, claro. São 4,77 metros de comprimento, 1,86 m de largura, 1,68 m de altura e 2,79 m de entre-eixos.
Para levar cinco pessoas, há espaço na segunda fileira. O ocupante do meio, entretanto, terá de lidar com o assento mais estreito e alto. Para acessar os últimos dois bancos, você precisará de certo alongamento e contorcionismo. Uma vez encaixado lá, o espaço não é dos maiores. Um trunfo é que a fileira do meio tem ajuste corrediço e pode ir 14 cm para a frente, liberando área para pernas e joelhos.
Espaço da terceira fileira do Jeep Commander não é dos maiores
Renato Durães / Autoesporte
Mesmo assim, a terceira fila de assentos é mais indicada para caronas rápidas ou crianças. Até porque não há difusores de ar dedicados àquela parte da cabine, o que aumenta a sensação de calor a bordo. E o porta-malas? São bons 661 litros com cinco ocupantes, caindo para 233 litros com sete. O espaço reduzido faz caber apenas algumas mochilas.
Em movimento, nos mais de 1.500 km rodados por Autoesporte, o Commander Longitude mostrou qualidades. O motor 1.3 turbo de até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque não faz milagre, mas move o pesado SUV de quase 1,7 tonelada com certa agilidade.
Motor 1.3 turbo de 185 cv empurra o SUV de quase 1,7 tonelada com certa agilidade
Renato Durães / Autoesporte
O câmbio automático de seis marchas às vezes demora nas respostas, principalmente ao subir marchas, mas o relacionamento com o motor é cordial. O zero a 100 km/h na casa dos 10 segundos é plausível para tamanha massa.
O Commander Longitude propicia manuseio amigável no dia a dia, mas não cabe em qualquer vaga de rua ou estacionamento. A suspensão é voltada ao conforto, filtra bem o piso irregular e não faz quem está dentro balançar muito.
A direção poderia ter resposta mais apurada e peso maior para dar mais confiança a quem dirige. O consumo final, misturando cidade e rodovias, foi de cerca de 12 km/l com gasolina. Bem coerente com o apurado pelo Inmetro, que registra 9,8 km/l (cidade) e 11,8 km/l (estrada). Com etanol, piora: 6,9 km/l (urbano) e 8,3 km/l (rodoviário).
Jeep Commander Longitude fez 12 km/l na estrada com gasolina de consumo
Renato Durães / Autoesporte
Neste ano, a Jeep prepara outra cartada para o Commander. Dessa vez, a Stellantis vai mexer nas versões superiores e colocar o motor 2.0 de 272 cv da Ram Rampage no SUV de sete lugares. A versão Longitude deve ser mantida com esse 1.3 turbo e pode ter mais destaque como a opção “racional” da gama.
Ficha técnica: Jeep Commander Longitude
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