Teste: Ford Mustang Dark Horse é nova versão invocada de 507 cv do ícone


Eu sempre quis andar a cavalo, algo que ainda está na minha lista de realizações. Não sei exatamente o motivo, mas sempre achei animais imponentes e elegantes. Senti algo parecido quando vi o Ford Mustang Dark Horse, uma nova versão do esportivo “desenvolvida especialmente para as pistas”, segundo a marca.
O preço cobrado pelo modelo? R$ 649 mil. Ou seja, vem posicionado como versão topo de linha do esportivo que, pela primeira vez, está disponível em três configurações ao mesmo tempo no Brasil. O valor de tabela faz com que o Dark Horse seja R$ 100 mil mais caro que a opção GT, além de pedir R$ 49 mil a mais que o Mustang manual, já testado por Autoesporte em pista. Entretanto, o Dark Horse não é só mais caro, mas também mais potente.
Ford Mustang Dark Horse é equipado com rodas de 19 polegadas
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A fórmula que dá vida ao esportivo já é conhecida, com seu bom “V8tão”. Tradicional, trata-se do 5.0 Coyote aspirado, que recebeu uma nova calibração para o Brasil. Portanto, em vez de ter os (já bons) 488 cv de potência do GT, o Ford Mustang Dark Horse rende 507 cv e 57,8 kgfm de torque, entregues a 4.900 rpm. O conjunto fecha com chave de ouro com o câmbio automático de 10 marchas.
Segundo a marca, esse ajuste mais agressivo foi possível graças a adoção de bielas e virabrequim do (ainda mais) esportivo Shelby GT500, aumentando a pressão na câmara de combustão. O resultado é um melhor desempenho, sobretudo em altas rotações.
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Durante o evento preparado pela Ford, tive a oportunidade de pilotar a nova versão do Mustang em condições de cidade, estrada e pista fechada, o que contribuiu para uma boa análise do comportamento do carro, que parece estar entre as raças mais ferozes do esportivo.
Moto V8 5.0 Coyote foi recalibrado para o Brasil
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Abri a porta e sentei no banco do motorista que, surpreendentemente, combina ajustes manuais e elétricos. No frio que fazia em São Paulo, o aquecimento do assento deixou tudo mais confortável. Os bancos, com estofamento que combina couro e suede, têm o conhecido formato concha que abraça e proporciona confiança para fazer as manobras já imaginadas antes mesmo de ligar o veículo.
Na cabine, além de visual escurecido, há detalhes de cor azul até no cinto de segurança. No volante, o símbolo do pônei correndo é tradicional.
Passada a primeira impressão, chegou a hora de me preparar para seguir o caminho. Apesar de ser um esportivo, a Ford não deixou a tecnologia para trás na sétima geração do Mustang, que completou 60 anos em 2024. No painel, um conjunto de telas serve ao condutor: uma de 12,4” para o quadro de instrumentos e outra de 13,2” para a central multimídia, levemente inclinada para o motorista. A conexão, vale lembrar, é sem fio para Android Auto e Apple CarPlay.
Ford Mustang Dark Horse oferece central multimídia grande e com conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay
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Além da ótima resolução das telas, o mais legal, pelo menos na minha opinião, é a possibilidade de alterar o gráfico do quadro de instrumentos de acordo com o modo de condução. Afinal, além dos desenhos, que são muito parecidos com os de um videogame, as informações também são alteradas. Portanto, passa aquela sensação de personalização.
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Soleiras exclusivas, emblema com número de série no painel, ar-condicionado de duas zonas, sete airbags e recursos de assistência ao motorista como frenagem autônoma de emergência, assistente de manutenção e centralização de faixa, alerta de colisão e controlador de velocidade adaptativo fazem parte das listas de conveniência e segurança.
Ford Mustang Dark Horse tem costuras azuis no interior, nos bancos, portas e painel
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Como é o Ford Mustang Dark Horse?
Chegou a hora de dirigir o Ford Mustang Dark Horse. Saímos do bairro dos Jardins, na capital paulista, a caminho de Mogi Guaçu, onde fica localizado o Autódromo Velocittà. Modo normal, bancos ajustados e seguimos. Meu tempo com o Mustang na cidade foi curto. Ainda bem, já que o carro é baixo e exige atenção redobrada para passar por lombadas e valetas.
Ford Mustang Dark Horse tem novo spoiler traseiro que auxilia na aerodinâmica
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Logo chegou o trajeto de estrada, possibilitando sentir mais o toque do esportivo. Assim que tive a oportunidade, pisei mais fundo no acelerador, fazendo com que o corpo grudasse no banco. Os 57,8 kgfm de torque são entregues de forma progressiva, como em motores aspirados de maior cilindrada costumam fazer. Do total, 80% estão disponíveis a 2.500 rpm. O comportamento fica ainda mais empolgante quando acionamos o modo “Sport”.
Ford Mustang Dark Horse traz cinco modos de condução no total
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A própria Ford, aliás, disse que a maior performance é sentida acima de 5.000 rpm, e ela não estava errada. Fato é que dirigir desse modo não ajuda nada o consumo de combustível, por mais que seja tentador. Durante o trajeto, a média apontada no painel era de 4,8 km/l na ida e cerca de 7 km/l na volta. Pouco, de fato, mas não acho que essa seja uma preocupação dos consumidores do Mustang Dark Horse que desembolsam R$ 650 mil.
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É um carro para quem quer performance. Tanto que, para ser muito sincera, o pouquíssimo espaço da segunda fileira para qualquer pessoa de estatura média não chega a ser notado, me fazendo até questionar a necessidade. Mesmo assim, os 377 litros de capacidade no porta-malas permitem levar uma quantidade razoável de bagagens.
Porta-malas do Ford Mustang Dark Horse tem 377 litros
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Algo que notei durante a condução é que, deixando o câmbio automático trabalhar, é muito comum a caixa priorizar as marchas mais altas, visando maneirar o consumo na velocidade de cruzeiro. Entretanto, existe a possibilidade de usar as aletas atrás do volante, o que deixa a condução mais divertida.
Assim que usei o recurso, percebi que as trocas, embora rápidas, demoravam alguns segundos para entrar. Ao contrário, por exemplo, da redução, feita com prontidão. Isso se dá porque, se tratando de um motor aspirado, potência e torque são entregues em rotações mais altas. Então, o sistema pode segurar um pouco essas trocas para não “matar” o motor.
Ford Mustang Dark Horse tem escapamento duplo escurecido
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Na estrada, o ronco do motor é um diferencial. O som, inclusive, passou por uma aprimoração e sai dos dutos duplos de escape, que foram escurecidos.
Aliás, como o nome já antecipa, a temática dark também é encontrada nas rodas de 19”, na máscara dos faróis de LED e nos para-choques. Mesmo com o ronco alto, o bom acabamento acústico e o sistema de som de 12 alto-falantes permitem uma vida a bordo confortável.
A pista: seu habitat natural
Horas depois, chegou o momento mais aguardado do dia: pilotar o Ford Mustang Dark Horse em seu ambiente natural, a pista. O traçado do Velocittà tem pouco mais de três quilômetros e o layout preparado para o evento travava parte da volta, com um chicanes obrigatórias que acabaram sendo usadas como exercícios de retomadas.
Se o acerto do motor veio do Shelby, os pneus têm as mesmas medidas da versão GT. Ou seja, calça Pirelli P-Zero de perfil 40, mas com medidas diferentes em cada eixo para entregar maior estabilidade, sendo de 255 mm na dianteira e 275 mm na traseira.
Ford Mustang Dark Horse traz detalhes escurecidos na carroceria
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Os freios dianteiros têm discos flutuantes, mais adaptáveis à variações de temperatura. A fórmula tem como resultado frenagens consistentes e seguras, mais do que necessárias em um carro que alcança 250 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente). Rápido, assim como a espécie de quatro patas, e não quatro rodas.
Acionei o modo pista, que logo revelou mais informações de motor. Saindo dos boxes, acelerei o esportivo que esbanja estabilidade. A suspensão MagneRide é adaptativa e tem sensores que ajustam o comportamento de acordo com a necessidade. Ela é rígida, como se espera. Mas, a precisão da carroceria, que não escapou de traseira mesmo nas curvas mais fechadas, impressiona. Sim, há alguns anos o Mustang aprendeu a andar bem, não apenas em linha reta.
Modo “pista” mostra mais informações de desempenho no Ford Mustang Dark Horse
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Algo que chama muita atenção para quem gosta de dirigir, é que a condução do Mustang Dark Horse é extremamente personalizável. Portanto, não é só a suspensão que tem ajustes. É possível, por exemplo, mudar o som do escapamento e mesclar os modos de condução e direção, tudo clicando no botão do “cavalinho” no painel.
O Ford Mustang Dark Horse, de fato, nasceu para as pistas, o que fica ainda mais escancarado quando olhamos para a aceleração de 0 a 100 km/h oficial de 3,7 segundos (na versão GT são 4,3 s). Para efeito de comparação, um BMW M3 Competition, por exemplo, faz a aceleração em 3,9 segundos. Então, esse ajuste, com certeza, elevou o esportivo.
Ford Mustang Dark Horse tem 4,81 metros de comprimento
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É curioso pensar o que pode mudar em 60 anos: gerações, costumes, tecnologia. Mas no caso do Mustang, o motor V8 honra as tradições do muscle car, que também não se perdeu no tempo e quer conquistar desde puristas até entusiastas. E pode conseguir nesta versão ainda mais exclusiva. Afinal, o Ford Mustang Dark Horse se comporta como um cavalo feroz, que fez até a repórter que escreveu este texto se sentir uma pilota.
Pontos positivos: desempenho de alta performance, visual apimentado e lista de equipamentos;
Pontos negativos: consumo e bancos da segunda fileira com pouco espaço.
Ford Mustang Dark Horse 2026
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