Teste: Ford Capri elétrico tem base de VW e mata saudade da Autolatina

Como o saudoso Versailles, cupê elétrico nasceu com ajuda da Volkswagen; veja impressões O nome Capri não significa muita coisa para o motorista brasileiro. O cupê esportivo foi vendido na Europa em meados dos anos 1970 e até no Velho Continente se tornou um tanto quanto esquecível. É inusitado que, quase 50 anos depois, a Ford tenha resgatado esse nome para batizar seu hatchback elétrico.
A base técnica do novo modelo é a mesma do ID.4. Então, trata-se de um Ford que, na verdade, é um Volkswagen, assim como o antigo Versailles em relação ao Santana nos tempos de Autolatina. Desde 2021, as fabricantes reeditaram a parceria que rendeu tantos carros clássicos, por mais que não exista chance de o Capri ser vendido no Brasil. Mas pode o passado garantir o futuro?
Ford Capri só tem maçanetas de enfeite: todas as portas são abertas por botões; seletor de marcha é o mesmo do Bronco
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O Capri é produzido na cidade de Colônia (Alemanha), em uma fábrica que já serviu como centro de peças da marca. Após investimentos tão longos quanto milionários, tornou-se um complexo especializado em produzir carros elétricos. O novo hatch pode ser visto como uma alternativa ao Explorer elétrico no mercado europeu.
Ford Capri é produzido na Alemanha e aproveita plataforma do Volkswagen ID.4
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A autonomia do Capri é de 627 km em ciclo WLTP, o mais utilizado na Europa; a do Explorer, por sua vez, é de 602 km. As baterias dos modelos elétricos têm capacidades semelhantes, 77 kWh e 79 kWh líquidos, respectivamente. Ulrich Koesters, diretor técnico de veículos elétricos da Ford, explicou que o conjunto evoluiu graças à utilização de mais magnésio e menos níquel (o uso do cobalto foi mantido). Isso reflete diretamente no carregamento, cuja capacidade foi de 135 kW para 185 kW. Ambas carregam até 11 kW em corrente alternada (AC).
Na versão com tração traseira, a que testei, o Capri entrega 286 cv e 59,6 kgfm. Já o pacote 4×4 recebe um motor elétrico dianteiro extra, o que eleva os números a 340 cv e 60,1 kgfm.
Formato do painel do Ford Capri agrada, mas o acabamento é de toque rígido em sua grande maioria
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Na metade deste ano, a gama ficará mais completa com a chegada de um Capri com bateria de apenas 52 kWh e tração traseira, de 170 cv. Será a versão mais acessível, custando a partir de 48 mil euros (R$ 303 mil na conversão). A configuração de tração traseira atual começa nos 55 mil euros, ou R$ 347 mil.
Conheça o novo Ford Capri
Por dentro, tudo é igual ao Explorer. Consequentemente, existem muitas semelhanças com o Volkswagen ID.4. A central multimídia de 14,6 polegadas ainda consegue gerar diferenciação — é vertical, enquanto a do irmão alemão tem arranjo horizontal. Fato inusitado é que a tela pode ser utilizada como uma espécie de tampa para um cofre escondido atrás da peça. Há um volume enorme de 17 litros que possibilita guardar até laptops. O Capri também traz head-up display de fácil leitura.
Central multimídia vertical do Ford Capri foi ideal para tirar a impressão de ser um carro da VW
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Quase todos os revestimentos são de toque duro, bem como o interior dos porta-objetos. Tal característica não passa a impressão de qualidade que um carro desse preço sugere no mercado europeu. Apenas uma faixa central no painel e nas portas tem revestimento um pouco mais suave ao toque, passando impressão premium. Os bancos foram revestidos com uma espécie de couro sintético, já que a Ford abandonou o uso de materiais de origem animal. A pegada vegana está na moda.
Há lembretes da linha Volkswagen por todos os cantos. O formato do seletor de transmissão, o comando dos vidros elétricos, o controle deslizante de volume… Todos são os mesmos usados pela marca alemã. Até os alertas sonoros foram reaproveitados.
Console central do Ford Capri tem bastante espaço para guardar pertences; espaço até acomoda um notebook
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Espaço interno e porta-malas
A segunda fileira de assentos é generosa. Um passageiro com 1,80 metro de altura terá quatro dedos entre o topo da cabeça e o teto. Mesmo assim, o banco traseiro é mais alto que os dianteiros, propiciando uma vista exterior desafogada e agradável. Obviamente, quando três pessoas viajam na parte de trás do veículo, o aperto lateral é inevitável, mas ainda há um bom fluxo de temperatura do ar-condicionado.
O porta-malas surpreende com seus 572 litros de capacidade — superior à da maioria dos SUVs e crossovers desse porte. Sob o assoalho há um alçapão para guardar objetos, que também pode ser utilizado para levar o kit de carregamento portátil. O Ford Capri não tem “frunk” (como são conhecidos os porta-malas dianteiros dos elétricos).
Ford Capri tem 2,77 metros de distância entre os eixos, o que proporciona boa acomodação para os passageiros na segunda fileira
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Fui até o sul da França para dirigir o Capri em primeira mão. Como acontece habitualmente nos modelos elétricos feitos sobre a plataforma MEB (Audi Q4 e Volkswagen ID.3, por exemplo), a suspensão dianteira é independente McPherson e a traseira, multilink. Os freios são a discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
Porta-malas do Ford Capri oferece generosos 572 litros de capacidade
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Os amortecedores também são diferentes entre as marcas. A Volkswagen aplicou um tipo eletrônico variável nas versões topo de linha, mas a Ford optou por não fazê-lo. A justificativa do diretor técnico é que isso faria o Capri encarecer em 2,5 mil euros. “Nossos estudos também mostraram que uma porcentagem mínima de clientes escolhem essa opção”, comentou Koesters.
Outro aspecto dinâmico bem resolvido é a frenagem, com resposta imediata e linear, melhor que a da maioria dos elétricos concorrentes. Não há paddle-shifts no volante para variar os níveis de desaceleração regenerativa (o ID.4 tem o sistema), mas em modo Sport a intensidade da frenagem aumenta. O Capri de tração traseira vai de zero a 100 km/h em 6,4 segundos, mesmo com o peso ligeiramente acima de duas toneladas. A versão com tração nas quatro rodas é mais rápida, cumprindo a marca em 5,3 s. E também se mostra mais equilibrada.
Liberando espaço no console do Ford Capri, o seletor do câmbio automático fica na coluna de direção
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Ford Capri registrou consumo de 14,8 kWh/100 km durante nosso teste com o cupê em um trajeto de 90 km de distância
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Mesmo com uma afinação mais esportiva, a direção não está no nível de excelência dos carros da Ford com motores a combustão (como Focus e Fiesta, que saíram de linha na Europa recentemente). O comportamento dinâmico do Capri apresenta pouca variação entre os modos de condução, tornando sua direção quase sempre leve e previsível.
Em um trajeto de 90 km com o Capri, o computador de bordo marcou um consumo de 14,8 kWh/100 km, o que projeta autonomia de 520 km com uma carga completa. O registro está abaixo dos 627 km prometidos, mas é um bom alcance.
Ford Capri tem linha preta fosca que une as lanternas na traseira e inscrição do nome do modelo em letras garrafais na tampa do porta-malas
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Com o Capri, a Ford buscou o encanto do cupê acessível dos anos 1970 com uma carroceria mais esportiva, combinada à base técnica do Volkswagen ID.4. Seu interior é amplo, há muito espaço no porta-malas e a central multimídia vertical acrescenta um charme para quem curte tecnologia. Apesar das falhas, agrada ao volante. O problema é o preço, que varia entre 55 mil euros e 65 mil euros (ou R$ 349 mil e R$ 417 mil, na conversão). Para uma marca que não é premium e está começando no segmento dos elétricos, é um posicionamento ousado e difícil.
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Ford Capri tem conjunto de lanternas traseiras que invadem a lateral e luzes com padrão de linhas retas e pequenas curvas
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Pontos positivos: Espaço interno, tecnologia a bordo e autonomia
Pontos negativos: É caro para o que entrega e a dirigibilidade precisa melhorar
Ford Capri
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