Teste: Fiat Fastback Abarth é nervoso como todo escorpiano

Modelo com pegada esportiva repete o signo do Pulse para agitar (ainda mais) o segmento de SUVs Você acredita em horóscopo? Nascidos entre 23 de outubro e 22 de novembro, de acordo com a astrologia ocidental, são do signo de Escorpião. Segundo os gurus da astrologia, escorpianos “têm uma personalidade forte e marcada por uma aura de poder”, “desafiam a ordem estabelecida”, “não aceitam regras sem questioná-las” e “têm a intensidade como característica marcante”.
Dia 26 de outubro de 2023: surge o Fiat Fastback Abarth, segundo produto da divisão esportiva da fabricante italiana, hoje uma marca do Grupo Stellantis (constelação que ainda reúne Ram, Peugeot, Citroën e Jeep). Coincidência ou não, o símbolo da Abarth é um escorpião.
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Acomodo-me no confortável banco esportivo revestido de couro com costuras vermelhas, piso no freio e aciono o botão de ignição. O conhecido motor 1.3 turbo — de Pulse Abarth, Toro, Renegade, Compass e Commander — desperta diferente: grave e rouco ao mesmo tempo.
A partida a frio, com a acústica da minha garagem, eleva os decibéis. Pareço estar a bordo de um carro muito mais caro do que os R$ 160.990 cobrados pela versão. Em um segmento no qual tudo parece com chackra alinhado, o escorpiano desafia a ordem.
Botão “Poison” no volante muda o comportamento do SUV esportivo
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“Ninguém brinca com escorpianos, pois eles sabem impor respeito”, dirá algum desses gurus. No Fiat, tal imposição começa pelo som. O escapamento foi retrabalhado para deixar o barulho mais estridente e presente. Além disso, são nada menos que 185 cv e 27,5 kgfm — potência e torque suficientes para colocar o SUV entre os mais rápidos do segmento.
Em nossa pista de testes, o Fastback Abarth fez o zero a 100 km/h em 8,2 segundos (gasolina), 0,2 s a mais que o número divulgado pela Fiat. Com etanol, a marca fala em 7,6 s — parelho com o Citroën C4 Cactus THP. As retomadas também são robustas: 3,4 s de 40 a 80 km/h; 4,1 s de 60 a 100 km/h; 4,9 s de 80 a 120 km/h.
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Já a frenagem poderia ser melhor se o conjunto traseiro fosse a disco em vez de tambores: 60 a 0 km/h em 16,3 metros; 80 a 0 km/h em 27,7 m; 100 a 0 km/h em 43,4 m. Um VW T-Cross, por exemplo, precisa de 13,6 m, 23,1 m e 37,9 m, respectivamente. Por outro lado, o consumo é bom: 9,8 km/l (urbano) e 12,6 km/l (rodoviário), números bem próximos dos 10,3 km/l (cidade) e 13,1 km/l (estrada) aferidos pelo Inmetro.
Fiat Fastback Abarth tem o escapamento duplo
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Os escorpianos “com ascendente de Escorpião não são tão maus quanto podem parecer”. Assim, o visual do Fastback Abarth chama a atenção nas ruas, mas sem exageros. As rodas de 18 polegadas têm design exclusivo e um detalhe vermelho adornando o contorno do pneu. O friso que divide o capô dos faróis é de fibra de carbono nessa versão.
Atrás, há um discreto spoiler preto integrado à tampa do porta-malas. Na contramão, o SUV cupê deixa claro ser um Abarth com o nome gigantesco da submarca na traseira. Pode procurar, mas você não vai encontrar a palavra “Fiat” na carroceria — são nada menos que 13 escorpiões espalhados.
Fiat Fastback Abarth tem lanternas de LED
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Fora o barulho proveniente das duas saídas de escape localizadas nas extremidades do para-choque, o Fiat consegue não maltratar os ocupantes mesmo com os ajustes na suspensão, que tem geometria exclusiva, molas mais rígidas e amortecedores 21% mais estáveis. A carroceria está 5 mm mais perto do chão do que em outras versões.
O objetivo é oferecer mais estabilidade e aderência nas curvas rápidas, mas acredito que não veremos o SUV cupê esportivo em track days por aí… Outra mudança é vista nos pneus, que são mais largos, nas medidas 215/45 R18. Claro que o conforto não é o mesmo de um Fastback “civil”: o carro balança um pouco ao passar por buracos e valetas. Mas a variante envenenada não sofre com pancadas secas nem passa perto de ser desconfortável nesse quesito.
Em nossa pista de testes, o Fastback Abarth fez o zero a 100 km/h em 8,2 segundos (gasolina)
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Diz-se ainda que os escorpianos são “extremamente seletivos ao escolher quem adentrará seu universo”. E são mesmo. Só quem tem R$ 160.990 saberá como é. O carro custa R$ 11 mil a mais que o irmão Pulse Abarth e R$ 6.500 acima do Fastback Limited Edition by Abarth, versão logo abaixo que usa o mesmo motor e até aproveita comedidamente o nome da divisão.
O respeito também se dá no sentido de que o Fastback Abarth não tem um rival direto. O possível lançamento do VW Nivus GTS, com o 1.4 turbo de 150 cv, é uma potencial ameaça, mas que até agora nunca saiu da promessa. Nessa faixa de preço há outro VW esportivo: o Polo GTS, de R$ 151.490, com 35 cv a menos, outra carroceria (hatch) e proposta parecida.
O Fastback Abarth não tem opcionais. O único item que pode onerar o valor é a pintura. Os tons sólidos vermelho Monte Carlo e branco Banchisa (sempre com teto preto) custam R$ 990 cada. Já o especial cinza Strato cobra R$ 1.490 a mais. A única opção que não pede uma grana extra é o preto sólido.
Fiat Fastback Abarth tem apenas 2,53 m de entre-eixos
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“O que torna esse signo único é sua picada venenosa”, seguirão os astrólogos. Os dois Abarth nacionais trazem o botão Poison (veneno, em português), que muda o mapa (astral?) do carro. As trocas de marchas do câmbio automático são esticadas e as respostas do pedal da direita ficam 49% mais rápidas do que quando não acionado — mesmo assim ainda não é direta, há um delay considerável. Aí o barulho vai às alturas, o isolamento acústico não dá conta e o relacionamento da transmissão com o motor (que já não é lá essas coisas no modo Normal) entra em Mercúrio retrógrado.
Como não estou mais nos meus 20 e poucos anos, a empolgação com essa pujança toda, principalmente com o ronco do motor, logo vira um incômodo. O zumbido diminui, mas é constante em marcha lenta, nas aceleradas e em velocidade de cruzeiro. Eu não acredito em signos, horóscopo, astrologia, nada disso. Mas eu sou de Peixes e estou no inferno astral…
Fiat Fastback Abarth
Fiat Fastback Abarth
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