Teste de 1990: Chevrolet Kadett automático tinha muito status e conforto

Numa época em que o brasileiro torcia o nariz para câmbio automático, Chevrolet o oferecia em toda a sua gama — inclusive, claro, no Kadett; confira a avaliação Texto publicado originalmente na revista Autoesporte 303, de agosto de 1990
Entre as montadoras nacionais, a General Motors destaca-se por oferecer a transmissão automática em toda a sua gama de automóveis. Andamos no Kadett equipado com a transmissão automática e motor a etanol 1,8 litro.
A conclusão é que o mais recente lançamento da empresa no mercado brasileiro fica ainda mais gostoso de ser dirigido, com conforto e segurança, sem a necessidade das constantes idas e vindas à alavanca de câmbio. Duas mãos permanentemente fixas no volante proporcionam mais segurança, fato que o usuário tupiniquim ainda não descobriu.
Os números de vendas dos carros com transmissão automática são tão pequenos no Brasil que apenas uma classe muito especial desfruta das vantagens desse equipamento. O perfil do consumidor revela que são pessoas que já dirigiram com transmissão automática no exterior e gostaram. Possuem alto poder aquisitivo, são exigentes no conforto e na praticidade para dirigir. Preocupam-se com o status e não são chegadas a guiar esportivamente.
Kadett automático não era tão mais caro que opção manual
Autoesporte/Acervo MIAU
Segundo a General Motors, o volume de carros equipados com transmissão automática vem se mantendo estável nos últimos três anos em relação aos seus produtos. Na média mensal, o Monza vende cerca de 160 unidades, das quais 70% são do modelo Classic. No caso do Kadett, desde maio de 1989, a média mensal é de 20 unidades.
Para a linha Opala, a GMB introduziu a única transmissão automática de quatro velocidades comercializada atualmente no mercado nacional. Até o Chevette dispõe desse opcional, muito útil, aliás, também para o público PcD, beneficiado por uma legislação especial que os isenta, parcialmente, de impostos na compra desses veículos.
Apesar de disponível no mercado nacional há muitos anos, a transmissão automática ainda é pouco conhecida dos brasileiros. Ela carrega, ainda, a imagem de problemática, oriunda dos velhos importados. A esperança de maior popularidade é a chegada no país dos novos importados, a maioria deles com esse equipamento.
Externamente, única alteração era a aplicação do emblema Automatic na traseira
Autoesporte/Acervo MIAU
O Kadett usa a transmissão automática Hydramatic THM 125C, de três velocidades, importada de fábricas dos Estados Unidos e Canadá.
+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.
A utilização desse recurso permite um conforto muito maior na dirigibilidade do carro. Afinal, o câmbio faz tudo sozinho e dá um bom refresco ao usuário.
Além disso, há outros pontos de destaque no carro: os opcionais, que, além de status, oferecem maior prazer na condução, como a direção hidráulica, de ótima qualidade; ar condicionado; computador de bordo e o check-control, que nem sempre funcionam, mas que dão boas informações; a posição de dirigir facilitada pela completa regulagem dos bancos, até na altura; e a regulagem da suspensão.
Câmbio automático de três marchas Hydramatic THM 125C era importado da América do Norte
Autoesporte/Acervo MIAU
Esses detalhes distinguem o Kadett de seus concorrentes. Ele carrega um avançado pacote tecnológico não igualado, até agora, pelos demais automóveis que com ele disputam posição na sua faixa de mercado.
O recurso da transmissão automática significa, por exemplo, um acréscimo de preço da ordem de 11,5% sobre o valor de tabela. A nosso ver, um valor bastante pequeno pelo serviço que ela presta, com muita confiabilidade.
Uma diferença importante do Kadett SL/E com transmissão automática para as demais versões da linha é a questão do consumo de combustível. No modelo avaliado, equipado com motor a etanol (a transmissão automática só é disponível nessa motorização), o consumo foi bastante penalizado. No trânsito urbano, dependendo das condições, as médias variaram de 5,7 a 6,4 km/L, enquanto em velocidade constante em rodovia o consumo chegou a 7,5 km/L.
Além da alavanca, destaque para a natural ausência do pedal de embreagem
Autoesporte/Acervo MIAU
Todavia, esses dados não são significativos para os consumidores em potencial de veículos com transmissão automática, porque, além de pessoas de alto poder aquisitivo, não guiam com estilo esportivo.
Esse fato favorece também a vida útil dos freios, sempre mais exigidos em carros com transmissão automática, pois quase não há o recurso do freio-motor para ajudar a segurar o veículo. Por isso deve haver, por parte do proprietário, um maior cuidado com as pastilhas de freios. Estes são a disco ventilados, na dianteira, e a tambor, na traseira.
Kadett do filme “Ainda Estou Aqui” vai ser leiloado a preço de Jeep Compass
Comparativo de 1993: Escort ou Kadett, qual era o melhor hatch médio com motor 1.8?
O mais importante no Kadett é mesmo o rodar macio, com muita estabilidade, o que revela um conjunto de alto nível, daqueles que conseguem agradar ao mais exigente dos consumidores. O seu estilo ainda está em fase de namoro com o mercado brasileiro.
Mas a impressão que dá é de que seus proprietários o classificam de muito harmonioso e de aerodinâmica quase perfeita. Os que ainda não têm condições de comprá-lo reclamam da traseira alta demais. Enfim, o processo de aceitação está seguindo o mesmo ritmo do lançamento do Uno entre nós.
Equipado com transmissão automática, o Kadett torna-se um carro muito dócil de ser guiado e, para quem ainda se atrapalha com a alavanca de câmbio, é uma boa pedida.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Mais Lidas
Fonte: Read More



