Teste: Chevrolet Tracker Premier 2026 muda o bastante para superar rivais?

O mundo contra o Tracker.” Esse foi o título da reportagem de capa que escrevi na edição 659 de Autoesporte, de abril de 2020. Naquela ocasião, a nova geração do Chevrolet Tracker estreou quando a pandemia do coronavírus tomou conta do mundo. Era o pior cenário imaginável para lançar um produto. Agora, pouco mais de cinco anos depois, o SUV passa pela primeira reestilização. Será que dessa vez os desafios são menos graves e o modelo está melhor que seus rivais?
O Chevrolet Tracker 2026, com preços entre R$ 119.900 e R$ 190.590, continua sendo equipado com duas opções de motorização. E um dos desafios começa justamente aí: o consumidor aceitar um motor 1.0 turbo flex menos potente do que era na linha 2025.
O propulsor de três cilindros e injeção direta agora entrega 115,5 cv com gasolina e etanol; o torque é de 18,9 kgfm e 18,3 kgfm, respectivamente. O câmbio é automático de seis marchas. Vale lembrar que, no início do ano, o propulsor adotou injeção direta e passou de 116 cv para 121 cv em virtude das novas regras de emissões. A redução de 5,5 cv agora foi feita para atender ao programa Carro Sustentável e ter a alíquota de IPI zerada.
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O motor 1.2 turbo flex, também de três cilindros com injeção direta, permanece com 141 cv e 22,9 kgfm. A caixa de seis marchas é a mesma nos dois casos. Por enquanto, nada de sistema híbrido leve (MHEV) de 48 volts, que vai ficar para 2026. Agora, vem a segunda parte do desafio: a tal da correia banhada a óleo.
A atual geração do Chevrolet Tracker foi lançada em abril de 2020 em meio ao início da pandemia do coronavírus
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Entramos a fundo na questão neste artigo. Em suma, segundo a marca, há uma nova formulação química da borracha da correia. A modificação oferece maior resistência à manutenção inadequada, garante a Chevrolet. Até então, eram frequentes os problemas de desgaste prematuro da correia; proprietários relatavam até mesmo o “esfarelamento” da peça. A empresa explica que casos desse tipo acontecem devido ao uso do óleo fora da especificação descrita no manual do proprietário.
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Desde o lançamento da atual geração, em 2020, outros rivais chegaram e basicamente todos que já existiam na época passaram por atualizações — mais profundas ou menos. No Tracker, as mudanças externas foram mais expressivas na dianteira, com faróis de LED mais estreitos e separados em dois blocos, luz diurna na parte superior e luzes principais logo abaixo. A grade ficou bem maior, agora no estilo colmeia, com uma barra cromada em todas as versões — exceto na RS, que tem apelo esportivo e a peça preta.
O Tracker 2026 não teve nenhuma mudança nas dimensões
Divulgação
Na traseira, é preciso ser muito, mas muito detalhista para perceber que as lanternas de LED têm novo grafismo interno e máscara transparente, ao melhor estilo tunning. O porta-malas continua com os mesmos 393 litros de capacidade e nenhuma outra dimensão foi alterada: são 4,27 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,62 m de altura e 2,57 m de distância entre-eixos. Testamos a versão Premier, que só fica abaixo da RS e custa R$ 189.590.
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Sentado no banco de trás, com o assento do motorista ajustado para uma pessoa da minha altura (1,87 m), minhas pernas ficam no limite do conforto — o espaço é quase igual ao do Onix, que tem 2,55 m de entre-eixos. Com a postura ereta, a cabeça já encosta no teto. Quanto a itens de comodidade, são duas portas USB (tipo A) e apoio de braço central com dois porta-copos, mas não há saídas de ventilação.
Chevrolet Tracker Premier 2026 tem lanternas de LED
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Na frente, o Tracker 2026 traz como herança da Spin o painel de instrumentos digital com tela de 8 polegadas integrado à tela de 11” da nova central multimídia, que tem conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio e uma ótima resolução. O teto solar é item de série nas duas opções mais caras.
Sobre os acabamentos, não há painel emborrachado, somente revestimento de tecido que imita couro na parte central — é o mesmo material dos bancos. O Tracker Premier tem também seis airbags, carregador de celular por indução, ar-condicionado digital, sensores de estacionamento dianteiro, lateral e traseiro, rodas de liga leve aro 17″, alerta de colisão frontal e alerta de ponto cego.
Infelizmente, a Chevrolet deixou de lado melhorias no pacote de segurança. O Tracker não oferece frenagem de emergência, alerta de saída de faixa ou correção no volante, como quase todos os rivais: é o caso de VolkswagenT-Cross, Hyundai Creta e Nissan Kicks, por exemplo.
Chevrolet Tracker Premier 2026 tem interior com mesclas de cores
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O banco do motorista não é tão macio, o que é bom para deixar a postura correta na hora de dirigir. Tem ajustes de altura e profundidade, assim como o volante. No teste, o percurso foi, na maior parte, rodoviário, entre as cidades de Belo Horizonte e Ouro Preto. E o fôlego para esse motor 1.2 não é problema.
O SUV pesa 1.265 kg, então a relação peso/potência é de 8,9 kg/cv e de peso/torque, 55,3 kg/kgfm, que são números satisfatórios — melhores do que os de alguns rivais que estão no comparativo desta edição (o Tracker ficou de fora porque a GM não tinha a versão 1.0 na frota e a 1.2 é muito mais cara).
A aceleração é boa nas ultrapassagens e nas retomadas, e o casamento do motor com o câmbio automático de seis marchas continua saudável, com trocas suaves. Em nosso teste no Rota 127, o Tracker foi de zero a 100 km/h em 9,3 segundos, com gasolina. O consumo, com o mesmo combustível, é de 12,4 km/l na cidade e 14,5 km/l na rodovia.
Chevrolet Tracker Premier 2026 tem faróis de LED
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A suspensão continua “durinha”, semelhante à dos carros da Volkswagen, com a vantagem de que os amortecedores nessa geração têm curso um pouco mais longo, o que evita as batidas “secas”. No asfalto irregular entre as cidades mineiras, dá para sentir esse bom trabalho da suspensão. A Chevrolet diz que foram feitos novos ajustes na direção elétrica e que há pneus especiais, minimizando ruídos na cabine. É perceptível uma menor vibração do motor quando o carro está parado em um semáforo, por exemplo.
“O mundo dá voltas” é um ditado que não falha. Se a pandemia já foi embora, hoje os desafios do Tracker são outros. Olhando para fora, a concorrência evoluiu — oferecendo mais recursos de segurança —, o que faz o SUV da GM fica para trás neste caso. Entretanto, tudo começa dentro de casa, com a missão de superar a desconfiança quanto à correia banhada a óleo. Será o fim da polêmica? O tempo dirá.
Ponto positivo: bom fôlego do motor 1.2 turbo de até 141 cv
Ponto negativo: pacote Adas segue mirrado em relação aos rivais
Chevrolet Tracker Premier 2026
Chevrolet Tracker Premier 2026
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