Start-stop e auto hold: como funcionam e para que servem


A evolução da eletrônica automotiva trouxe para os carros de passeio uma série de assistentes que antes eram restritos a modelos de luxo. Entre eles, dois sistemas aparecem cada vez mais em veículos médios e compactos: o start-stop e o auto hold.
Ambos prometem tornar a condução mais prática no dia a dia, principalmente no trânsito urbano, mas atuam de formas distintas. Ainda assim, como frequentemente estão presentes no mesmo carro, muitos motoristas confundem as funções ou até acreditam que elas são complementares por natureza.
Start-stop e auto hold facilitam a vida dos motoristas que enfrentam o trânsito nas cidades diariamente
Vitória Drehmer/Autoesporte
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Para esclarecer como funcionam, quais são as diferenças e como aproveitar os dois em conjunto, Autoesporte ouviu Renato Romio, chefe da divisão de motores e veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, especialista em motorização e tecnologias embarcadas.
Start-stop: o desligar e ligar inteligente do motor
O Start-Stop é um sistema criado para reduzir o consumo de combustível e as emissões de poluentes, especialmente no uso urbano, onde há muitas paradas curtas. Ele funciona desligando o motor a combustão quando o veículo está parado em um semáforo, por exemplo, e religando automaticamente assim que o motorista volta a acelerar.
Segundo Romio, o funcionamento depende de diversos parâmetros monitorados em tempo real pela central eletrônica. O principal deles é a carga da bateria. “O sistema só aciona se a bateria estiver em boas condições. Existe um sensor dedicado para avaliar isso. O motor de arranque e a bateria também são específicos para suportar múltiplas partidas ao longo da vida útil do carro”, explica.
Start-stop é acionado se bateria estiver em boas condições
Divulgação
Isso significa que não é apenas o software que muda: os componentes também são reforçados. A bateria, por exemplo, é diferente da convencional. Nos veículos com start-stop, são usadas principalmente duas tecnologias:
Bateria EFB (Enhanced Flooded Battery): é uma evolução da bateria de chumbo-ácido tradicional. Possui placas reforçadas e materiais que suportam ciclos de carga e descarga mais intensos. É mais durável que a comum, mas ainda tem limitação em veículos de maior exigência elétrica;
Bateria AGM (Absorbent Glass Mat): usa separadores de fibra de vidro que absorvem o eletrólito, garantindo maior resistência a vibrações e capacidade de recarga mais rápida. É mais cara, mas suporta um número ainda maior de ciclos de liga-desliga e é bastante usada em carros premium e híbridos leves.
O motor de arranque também é reforçado para suportar dezenas de milhares de partidas adicionais.
Nos primeiros sistemas vendidos no Brasil, havia um incômodo: o ar-condicionado desligava junto com o motor, fazendo a cabine aquecer rapidamente. “O que era projetado para a Europa apresentava problemas aqui no Brasil, porque o clima é mais quente. Com o tempo, isso foi solucionado, e hoje cada montadora calibra o sistema conforme sua estratégia para manter o conforto, mesmo com o motor desligado”, destaca Romio.
Ele também ressalta que o Start-Stop muda conforme o tipo de veículo. Carros automáticos usam sensores de freio e acelerador para decidir o momento de religar o motor. Já carros manuais dependem do pedal da embreagem que, ao acionado, o motor volta a funcionar. Para os híbridos o sistema Start-Stop no sentido clássico não existe, já que o desligar e ligar do motor a combustão faz parte da estratégia de rodar com o elétrico em diversas condições.
Quando o start-stop chegou ao Brasil, motoristas reclamavam que o ar-condicionado desligava junto com o motor
Bruno Guerreiro
Auto hold: um freio eletrônico que traz conveniência
Já o auto hold tem uma proposta diferente: é um assistente de frenagem que mantém o carro parado sem a necessidade de o motorista segurar o pedal.
Na prática, o sistema atua sobre os freios eletrônicos já presentes no veículo, em conjunto com sensores do ABS e do controle de estabilidade. “Ele não muda nada em relação ao que você já faria com o pedal. A diferença é que, em rampas ou no trânsito pesado, você não precisa ficar pisando no freio. O sistema mantém a pressão aplicada até o carro começar a andar novamente”, explica Romio.
Auto Hold é um sistema que faz parte da mecânica de frenagem do veículo
Divulgação
O recurso é especialmente útil em rampas, porque evita que o carro recue antes de arrancar. “Melhora a dirigibilidade e traz mais segurança, principalmente para motoristas novos ou que não estão acostumados com carros manuais em ladeiras”, completa o especialista.
Por atuar apenas sobre os freios, o Auto Hold não exige reforços em componentes e não tem impacto na durabilidade do veículo.
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Diferenças fundamentais entre start-stop e auto hold
Apesar de muitas vezes aparecerem no mesmo veículo, os dois sistemas têm funções totalmente distintas:
Start-stop atua no motor, desligando-o em paradas curtas para reduzir consumo e emissões;
Auto hold atua nos freios, mantendo o carro imóvel sem necessidade de esforço físico.
Enquanto o start-stop tem como foco principal a eficiência energética, o auto hold está ligado ao conforto e segurança no trânsito urbano.
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Como usar start-stop e auto hold em conjunto
Na prática, start-stop e auto hold são independentes, mas funcionam de forma complementar em situações urbanas. Imagine o cenário de um congestionamento: o auto hold mantém o carro parado sem esforço do motorista, enquanto o start-stop desliga o motor para economizar combustível e reduzir ruído.
Uma dúvida comum é se existe risco de os sistemas não “conversarem” entre si e, por exemplo, o auto hold liberar os freios antes de o motor voltar a funcionar. Segundo Romio, isso não acontece. “A lógica eletrônica impede esse tipo de falha. O auto hold só libera os freios quando detecta que há torque disponível no motor para mover o carro. No caso do start-stop, o motor é religado antes que o freio seja solto”.
Start-stop e auto hold agem de forma complementar em situações de trânsito intenso
Autoesporte/Vitória Drehmer
“O start-stop melhora o conforto acústico, porque o carro fica silencioso quando o motor desliga. Já o auto hold evita esforço físico, especialmente em paradas frequentes. São sistemas independentes, mas que, juntos, trazem mais praticidade e segurança”, resume Romio.
Outra dúvida comum é se esses sistemas afetam a durabilidade do carro. O especialista garante que não: “Se você colocasse start-stop em um carro que não foi feito para isso, aí sim haveria desgaste maior. Mas, quando o veículo já é dimensionado para suportar, a bateria, o motor de arranque e todo o conjunto são preparados para esse uso”.
Especialista esclarece que os sistemas start-stop e auto hold não prejudicam a durabilidade dos carros desde que preparados para uso
Divulgação
Vale a pena usar os dois?
Em resumo, o start-stop e o auto hold têm finalidades distintas, mas combinados oferecem uma experiência de condução mais confortável, segura e eficiente. Para quem roda muito em trânsito urbano, o primeiro ajuda a economizar combustível e reduzir emissões, enquanto o segundo garante conveniência em rampas e paradas constantes.
“Nos carros modernos, a partida extra não compromete o conjunto, e o auto hold é apenas uma extensão do freio. São sistemas discretos, que o motorista muitas vezes nem percebe, mas que fazem diferença na rotina urbana”, conclui Romio.
Sistema auto hold é uma extensão dos freios, e não muda nada na condução do motorista
Murilo Góes/Autoesporte
Dicas práticas para aproveitar start-stop e auto hold
Não desative o start-stop à toa: em engarrafamentos longos ele ajuda a economizar combustível, mas pode ser desligado manualmente em situações onde você fará paradas muito rápidas;
Use o ar-condicionado como aliado: se a cabine aquecer ou esfriar demais, o sistema pode religar o motor para manter o conforto. Isso é normal;
Fique atento à bateria: a troca deve sempre respeitar a tecnologia original (EFB ou AGM). Substituir por uma bateria convencional compromete o sistema;
Aproveite o auto hold em rampas: ele evita que o carro recue, trazendo mais segurança e tranquilidade ao arrancar;
Descanso para o pé: no trânsito pesado, o auto hold poupa esforço, já que você não precisa manter o pedal de freio pressionado.
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