Ranger x S10: nova picape da Ford tenta superar a veterana da Chevrolet; leia o comparativo
Rivais de longa data, caminhonetes ocupam o segundo e terceiro lugares do segmento; Hilux lidera É fase de grupos na Libertadores. De um lado, a Ford Ranger de General Pacheco (Argentina) investe pesado em tecnologia e aposta na renovação do elenco com um apelo jovial e moderno. Do outro, a Chevrolet S10 de São José dos Campos (SP) usa uma fórmula madura que tem funcionado, mas clama por mudanças no plantel. O confronto também envolve um incômodo jejum do lado argentino.
Para resolver esta peleja, Autoesporte compara as versões mais caras das duas picapes. Quando equipada com os opcionais disponíveis, a Ranger Limited custa R$ 339.990. Já a veterana S10 High Country sai por R$ 331.990.
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Antes do apito inicial, vale lembrar que a GM já prepara uma renovação pesada para sua caminhonete média no Brasil. Chegará às lojas no ano que vem e, ao que tudo indica, será diferente da Colorado americana.
Caçamba da Ranger é maior, porém a S10 leva cargas mais pesadas
Murilo Góes/Autoesporte
Para desgosto da Ford, a S10 está bem à frente da Ranger no ranking de vendas há algum tempo. No ano passado, a Chevrolet emplacou 27 mil unidades no Brasil contra 14 mil da Ford — praticamente o dobro. A líder absoluta da categoria é a Toyota Hilux, que nadou de braçadas ao vender 48 mil unidades em 2022.
O que me ocorreu ao ver a Ranger pela primeira vez foi: “Ok, essa picape é alta”. Ela tem 1,88 metro, exatos 5 cm a mais do que a Chevrolet S10. Acredite, esses poucos centímetros fazem diferença na impressão de robustez.
A Ranger também tem 1,91 m de largura (contra 1,87 m da S10) e 3,27 m de distância entre-eixos (contra 3,10 m). A única medida em que a S10 supera a nova geração da Ranger é o comprimento, pois a picape da GM ostenta 5,40 m e o modelo argentino tem 5,37 m.
Picapes se destacam pela boa ergonomia, mas a Ranger está mais próxima de um automóvel
Murilo Góes/Autoesporte
A caçamba da Ranger tem 1.250 litros, volume que supera os 1.061 litros da S10. Em contrapartida, a carga útil da picape da GM é um pouco maior: 1.049 kg contra 1.023 kg.
Na Ranger, mesmo com a cabine mais generosa, o espaço é escasso se você for alto. Ajustei o assento do motorista (tenho 1,84 m) e me sentei logo atrás. Sobraram em torno de dois ou três dedos entre meus joelhos e o banco dianteiro.
Uma característica marcante é o posicionamento do banco traseiro, mais baixo, praticamente na mesma linha dos dianteiros. Para complementar, a Ranger oferece saídas de ar-condicionado e duas entradas USB para os ocupantes do banco de trás, itens que não equipam a S10 nem em sua versão mais cara.
Ford Ranger Limited tem cabine maior que a S10
Murilo Góes/Autoesporte
Apesar da simplicidade, a S10 tem boa ergonomia. Todos os itens da cabine são facilmente acessados com poucos movimentos. O painel está defasado e deve ser uma das principais mudanças da picape para o ano que vem. Para você ter uma ideia, o computador de bordo é pequeno e monocromático.
Melhor para a Ranger, dona do painel que fisgou meu coração. Equipamentos como a central multimídia de 12,1 polegadas posicionada na vertical e o quadro de instrumentos digital (inédito na categoria) são uma aula para S10, Amarok e Frontier. E, mesmo em comparação com a Hilux, ligeiramente mais moderna, o interior da Ranger agora está anos-luz à frente.
Chevrolet S10 High Country é a única da categoria que conta com roteador Wi-Fi
Murilo Góes/Autoesporte
A central multimídia tem sistema Sync 4 e oferece conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. A tela tem boa resolução e a interface é descomplicada. Ao engatar a ré, a Ranger ainda exibe a câmera 360°, o que facilita manobras em lugares apertados. Nesse aspecto, a S10 parece ter vindo de outro milênio.
No entanto, a picape da Chevrolet é a única da categoria que conta com roteador Wi-Fi. Esse recurso facilita a conexão com a internet em regiões inóspitas ou com sinal fraco. Outro equipamento presente na S10 e esquecido na Ranger é o GPS nativo, ainda que a maior parte dos usuários utilizem Google Maps e Waze via pareamento.
Interior da S10 precisa ser atualizado (rapidamente)
Murilo Góes/Autoesporte
O ar-condicionado digital da Ranger tem duas zonas (outro item que a S10 fica devendo) e o console central traz um carregador de celular por indução. Nessa área foi instalado um seletor de modos de condução rotativo, que é uma excelente deixa para falar da mecânica.
Chevrolet S10 High Country tem 3,10 metros de entre-eixos
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Como anda?
Retomando, a Ranger Limited tem motor 3.0 V6 turbodiesel de 250 cv de potência a 3.250 rpm e 60 kgfm de torque a 1.750 rpm, com câmbio automático de 10 marchas. A Chevrolet S10 é equipada com o tradicional 2.8 turbodiesel de quatro cilindros em linha, e desenvolve 200 cv a 3.600 rpm e 51 kgfm a 2.000 rpm, com câmbio automático de seis marchas.
Surpreendentemente, a Ranger é bem suave para andar na cidade. A primeira característica que se destaca é o silêncio na cabine. Isso se deve à manta acústica que reveste o capô e ao chassi totalmente novo, que filtra as vibrações do motor. Os pneus têm baixa resistência à rolagem e os amortecedores foram instalados na parte externa da longarina.
Ford Ranger é mais potente que a Chevrolet S10
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Como a S10 é mais antiga, o motor 2.8 ronca na cabine. É possível sentir as vibrações do quatro cilindros no volante ao acelerar, como consequência de um chassi que vai precisar de refinamento em 2024, caso a Chevrolet opte por mantê-lo (falaremos disso mais à frente). O isolamento acústico é adequado para dirigir na cidade, mas a picape da GM pode ser bem estridente em altas rotações.
Ambos os motores entregam o torque cheio em rotações adequadas, proporcionando bastante agilidade para guiar na cidade e fôlego nas ultrapassagens na estrada.
Ford Ranger tem central multimídia de 12,1 polegadas posicionada na vertical
Murilo Góes/Autoesporte
A vantagem da Ranger está no câmbio automático de dez marchas, que faz trocas suaves, inteligentes e quase imperceptíveis. Não há aletas para trocas atrás do volante, pois a Ford optou pelos pequenos botões na alavanca de câmbio. Pois é, igual ao Ka…
Os seletores de modos de condução são práticos e intuitivos. Ranger e S10 são equipadas com tração 4×2, 4×4, 4×4 off-road e reduzida. As duas vão bem na terra, mas a Ranger leva clara vantagem em virtude da menor idade do projeto. Outro fator que indica que a S10 urge por renovação são os freios a tambores nas rodas traseiras. A Ranger, por sua vez, oferece freios a discos ventilados nas quatro rodas.
Central multimídia da S10 tem conexão Wi-Fi e GPS nativo, itens que a Ranger fica devendo em sua nova geração
Foto: Murilo Góes/Autoesporte
A Ranger também circula mais à vontade do que a S10 na cidade, uma vez que é um pouco mais curta, o que facilita no momento de estacionar. Além disso, tem câmeras que ajudam a sair de vagas apertadas. Ambas são equipadas com direção elétrica, mas o volante da S10 é consideravelmente mais pesado, dificultando sua manobrabilidade.
Esse arranjo mais urbano não foi adotado por acaso. Segundo a Ford, 60% dos donos de Ranger são motoristas casuais, ou seja, pessoas que usam a picape para levar os filhos à escola, passear no shopping ou curtir o fim de semana na praia. Os outros 40% estão distribuídos entre motoristas que utilizam a picape de forma mista ou apenas para o trabalho.
Fim de jogo
A Ranger se reforçou nos pontos fracos da S10. É como uma equipe que estudou os vacilos do rival na bola aérea e converteu um cabeceio. No caso, a picape da Ford fez isso algumas vezes e abriu ampla vantagem. No competitivo jogo das picapes, contudo, não ganha quem oferece o melhor produto, e sim quem vende mais.
Apesar do espaço interno e da idade do projeto, a picape vende bem. Pacote de conectividade com internet nativa é diferencial
Murilo Góes/Autoesporte
Para continuar à frente, a GM já testa a nova S10. Os flagras indicam que a picape será diferente de sua gêmea americana, a Colorado, e não deve ter a carroceria totalmente atualizada. A S10 2025 vai estrear nova dianteira, grafismos nas lanternas e painel completamente remodelado. Dimensões como largura e comprimento podem mudar.
Porém (sempre há um “porém”), as imagens mostram que características da atual geração podem ser mantidas, tais como chassi, formato da carroceria, janelas, portas e distância entre-eixos. Certa vez, o genial José Mourinho disse: “Eles podem até levar a bola para casa, eu prefiro os três pontos”. Se a S10 continuar à frente da Ranger mesmo preservando o chassi e a carroceria da geração atual, a estratégia da GM será consagrada outra vez.
VENCEDORA: Ford Ranger!
A Ranger é uma opção mais interessante. A nova geração tem ótimo posicionamento de preço, motores modernos, equipamentos mais legais e um pacote de seguro e manutenção mais em conta. Eis a vantagem de apresentar um carro novo enquanto o rival ainda é antigo.
É a nova referência de picape a ser batida, ainda que tenha deslizado em alguns pontos. Volume de vendas vai depender dos reajustes de preço
Murilo Góes/Autoesporte
Seu bolso
*Cesta de peças: farol direito, retrovisor externo, capa do para-choque dianteiro, lanterna traseira, filtro do ar-Tcondicionado, filtro de ar do motor, jogo de quatro amortecedores, pastilhas de freio dianteiras, filtro de óleo do motor, filtro de combustível
**Seguro: O valor é uma média de até 13 empresas cotadas pela MDS com base no perfil padrão de Autoesporte
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