Por que os tanques de combustível dos carros estão encolhendo?

A eficiência dos motores, a eletrificação e o novo perfil de uso estão levando os carros a terem tanques menores, sem comprometer a autonomia e o desempenho Nos últimos anos, o tamanho dos tanques de combustível nos veículos tem diminuído de maneira perceptível. Se antes era comum encontrarmos carros com tanques de até 60 litros, hoje muitos modelos, especialmente os compactos, vêm com reservatórios de 40 litros ou menos. Há dez anos, um Toyota Corolla, por exemplo, carregava até 60 litros no seu tanque. Hoje, o sedã sai de fábrica com um tanque de 43 litros na versão híbrida e 50 litros nas versões a combustão.
A pergunta que surge é: por que essa mudança está acontecendo? Neste texto, Autoesporte busca explicar esses motivos, com razões ligadas à eficiência dos motores, à eletrificação e mudanças no comportamento dos motoristas.
Eficiência dos motores modernos
O principal motivo por trás da redução do tamanho dos tanques de combustível é o aumento da eficiência dos motores. Renato Romio, chefe da divisão de motores e veículos do Instituto Mauá de Tecnologia, ressalta que “com motores mais eficientes, é possível manter uma boa autonomia mesmo com tanques menores”.
Carros modernos consomem menos combustível
André Paixão
Isso ocorre porque os carros modernos consomem menos combustível para percorrer as mesmas distâncias, o que contrasta com os veículos antigos, que precisavam de tanques maiores para garantir uma autonomia satisfatória. Essa mudança se deve, em grande parte, à evolução da tecnologia de motores, como a introdução de turbocompressores, sistemas de injeção direta e gerenciamento eletrônico mais avançado.
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Diego Riquero, chefe de Serviços Automotivos da Bosch para América Latina, concorda e acrescenta que “os motores estão mais eficientes, o que significa que os veículos agora precisam de menos combustível para percorrer as mesmas distâncias que antes”. O uso de materiais mais leves e resistentes, como o alumínio, também contribui para a economia de combustível, o que reforça a tendência de diminuição dos tanques.
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Mudanças no design dos veículos e espaço interno
A necessidade de espaço para acomodar baterias e outros componentes dos sistemas híbridos pode levar à diminuição dos tanques
Divulgação
A redução dos tanques de combustível também está diretamente ligada ao design e à necessidade de otimização do espaço interno dos carros. Nos veículos atuais, há cada vez mais componentes eletrônicos, sistemas de assistência à condução e, no caso dos híbridos, baterias que precisam de espaço.
Com isso, o tamanho do tanque muitas vezes é ajustado para abrir espaço para esses novos equipamentos. Riquero explica que “com mais eletrônica embarcada e a introdução de sistemas híbridos, o layout dos veículos precisa ser ajustado, e uma das soluções mais práticas é reduzir o tamanho do tanque de combustível”.
Esse movimento é visto de forma mais clara em veículos híbridos, que utilizam tanto o motor a combustão quanto o motor elétrico para se locomover. Nos híbridos, o motor a combustão é usado de forma complementar, o que reduz a necessidade de grandes volumes de combustível. Romio complementa: “A necessidade de espaço para acomodar baterias e outros componentes dos sistemas híbridos pode levar à diminuição dos tanques”.
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Maior infraestrutura
Apesar da redução dos tanques, a preocupação com a autonomia dos veículos diminuiu nos últimos anos. A razão para isso é a maior disponibilidade de postos de combustíveis, que garante que os motoristas possam abastecer com mais frequência e sem grandes inconvenientes.
Brasil tem cada vez mais postos de combustível
Getty Images
“Hoje, a preocupação com autonomia devido a tanques menores é menos comum, pois a ampla disponibilidade de postos de combustível reduz o risco de o motorista ficar sem abastecimento”, afirma Romio. Isso mostra que, em muitas regiões, a prioridade não é mais ter grandes tanques, mas sim veículos mais eficientes e confortáveis para trajetos urbanos.
Além disso, o perfil de condução dos motoristas também mudou. Hoje, muitos condutores realizam trajetos menores e mais urbanos, o que não exige grandes tanques de combustível. Como explica Riquero, “os consumidores estão mais habituados a rodar distâncias menores e têm fácil acesso a postos de combustíveis”.
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Impactos nos SUVs e compactos
Apesar da tendência geral de redução dos tanques, ainda existem diferenças significativas entre diferentes tipos de veículos. SUVs, por exemplo, continuam a ter tanques maiores em comparação com carros compactos. Isso ocorre porque os SUVs são mais pesados, consomem mais combustível e têm mais espaço disponível para abrigar tanques maiores.
Carros compactos conseguem manter boa autonomia com tanques menores
Renato Durães
“SUVs geralmente possuem tanques maiores, tanto pela disponibilidade de espaço quanto pelo maior consumo de combustível desses veículos, que são mais pesados e frequentemente equipados com motores mais potentes”, explica Romio. Por outro lado, carros compactos, que são mais voltados para o uso urbano, conseguem manter boa autonomia com tanques menores.
O impacto da eletrificação
A eletrificação do setor automotivo também tem influenciado diretamente o tamanho dos tanques de combustível. Nos veículos híbridos, a propulsão elétrica trabalha em conjunto com o motor a combustão, o que permite que os fabricantes diminuam o tamanho do tanque sem comprometer a autonomia do carro.
“O motor a combustão em um veículo híbrido opera em momentos específicos, então o carro não precisa de um tanque grande. A eletrificação está transformando a arquitetura dos veículos”, aponta Riquero. Já nos veículos totalmente elétricos, a necessidade de um tanque de combustível é completamente eliminada.
Carros eletrificados não precisam de tanques grandes
Divulgação/BYD
A redução dos tanques de combustível reflete uma mudança na forma como os carros são projetados e utilizados. Com motores mais eficientes, o aumento de componentes eletrônicos e a chegada da eletrificação, os fabricantes têm ajustado o tamanho dos tanques para atender a essas novas realidades.
Embora os tanques estejam menores, a autonomia não foi significativamente comprometida, graças à eficiência energética e à maior disponibilidade de postos de combustível. É uma tendência que deve continuar à medida que o setor automotivo avança para um futuro mais sustentável e conectado.
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