Peruas podem ter sobrevida no mercado graças aos Millenials e geração Z

Leio que as peruas estão voltando às garagens nos Estados Unidos. Timidamente, mas voltando. Eis uma excelente notícia: em tempos de bebês reborn, temos agora o renascimento das station wagons, veículos versáteis, espaçosos, estáveis, elegantes e particularmente atraentes, em minha opinião.
Sim, sou fã de peruas e lamento que elas tenham desaparecido das lojas, atropeladas primeiro pelas minivans e, depois, pelos SUVs e pelas picapes. A última station fabricada no Brasil foi a Fiat Palio Weekend, descendente da Fiat Panorama — que, neste ano, completa 45 anos. Lançada em 1997, a Weekend teve em 2009 sua melhor performance de vendas (43.249 unidades). Nos últimos três anos antes de sair de linha, em janeiro de 2020, vendia pouco mais de 3 mil carros anualmente.
Palio Weekend foi lançada em 1997 e vendeu ao todo mais de meio milhão de unidades
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Hoje, as opções de perua 0 km disponíveis limitam–se à Audi RS6 Avant e à elétrica Porsche Taycan Cross Turismo, mas é preciso ter mais de R$ 1 milhão disponível na conta, fora o dinheiro das taxas, para comprar qualquer uma delas. Resta o mercado de usados.
Nos Estados Unidos, a maioria das peruas também não é acessível ao grande público, pois os modelos europeus e asiáticos são (ou eram) importados em suas versões mais luxuosas, portanto mais caras. Ainda assim, a Subaru Outback, de US$ 30 mil, produzida localmente, foi a representante da categoria mais vendida naquele mercado em 2024, com 168.771 unidades, maior número em seis anos.
Isso equivale a 1% dos 15,5 milhões de veículos comercializados no país. As demais peruas somaram menos de 5 mil unidades vendidas. Em 1976, quando havia 62 modelos de station disponíveis, as vendas representavam 10% do total; hoje, não passam de 13 modelos, a maioria importados.
Subaru Outback é a campeã de vendas da enxuta categoria nos Estados Unidos
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Apesar disso, analistas acreditam que a tendência é de alta nos próximos anos e citam uma razão para tanto: as gerações Millennials (os nascidos entre 1981 e 1996) e Z (1997 e 2012) estão fartas dos volumosos SUVs e das imponentes picapes, e buscam alternativas de veículos familiares menos opulentos e, em tese, mais amigáveis ao meio ambiente. É o mesmo fenômeno que acontece na Europa Ocidental, onde a procura por peruas permanece alta — e quando existe procura, existe oferta.
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Não sei se a mesma situação vivida pelos americanos se repetirá por aqui, mas não custa acreditar que sim. O apogeu das peruas no Brasil se deu nas décadas de 1970 e 1980. As primeiras eram modelos duas portas derivados dos hatches em produção naquela época.
Audi RS 6 Avant é perua à venda no Brasil por mais de R$ 1 milhão
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Vamos lembrar que, até meados de 1980, carros com quatro portas não eram bem-aceitos porque, segundo a crença, ofereciam riscos às crianças que viajavam soltas no banco traseiro, caso a porta se abrisse, e tinham manutenção mais cara. Ainda assim, a Simca Jangada, primeira perua nacional com quatro portas, vendeu mais de 2 mil unidades entre 1962 e o começo de 1967.
Variant, Parati, Belina, Escort SW, Marajó, Caravan, Ipanema, Panorama e, depois, Quantum, Royale, Suprema, Palio Weekend, Tempra SW, Marea Weekend, Fielder e Mégane Grand Tour eram as principais escolhas das famílias, além das importadas. Éramos felizes e não sabíamos.
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