Ônibus da Mercedes de 1972 vira hotel sobre rodas; veja como é se hospedar

Autoesporte passou uma noite no Mercedes-Benz O-362 totalmente restaurado e transformado em quarto de hotel Era uma quinta-feira. Acordei cedo, peguei o carro que estava testando e fui para a estrada. O destino? Joanópolis (SP), uma cidade localizada a cerca de 130 km da capital, São Paulo. Depois de pouco mais de duas horas dirigindo (inclusive em um pequeno trecho de estrada de terra, é preciso dizer), cheguei ao local desejado. Na minha frente estava ele: um Mercedes-Benz O-362 de 1972 totalmente restaurado e transformado em um quarto de hotel sobre rodas.
Quem me recebeu foi Gabriel Politi, o dono da chamada Casa O-362. Foi aí que eu comecei a entender a trajetória que fez o ônibus ser transformado em uma pousada sobre rodas. Durante a entrevista, o empresário contou que encontrou o veículo na favela da Brasilândia, na capital paulista, em 2021. “Ele era de um senhor que fazia passeios e que tinha parado com o negócio por causa da pandemia. Comprei por R$ 14 mil. E um detalhe: funciona até hoje.”
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Talvez você nunca tenha visto um Mercedes-Benz O-362 rodando nas ruas do Brasil, como é o meu caso. Afinal, só foi produzido entre 1973 e 1978. Mas é importante deixar claro que ele marcou a história da fabricante alemã por aqui: foi nada menos que o primeiro ônibus com motor turbo fabricado no país. No momento da compra, esse marco pouco interessava, óbvio. Na verdade, foi pura coincidência.
O que preocupava mesmo era o estado da carroceria. E o principal problema estava no espaço interno. “O O-362 que comprei era rodoviário, não urbano. Então a altura para o teto era pequena. Precisava de pelo menos 2,10 metros no interior para que pessoas altas pudessem ter conforto. Isso significa que precisamos cortar toda a chapa, fazer uma nova estrutura e soldar. Foi muito trabalhoso”, explicou.
Interior do Mercedes-Benz O-362 de 1972 teve que ser reestruturado para poder acomodar hóspedes com conforto
Fernando Favoretto
Todo o restante da carroceria também teve de ser reformado, uma vez que boa parte estava apodrecida. De acordo com Gabriel, quando olhamos o O-362 do lado de fora, o teto é um dos poucos elementos originais. O restante passou por restauro.
No interior, a história é diferente. Assim que abrimos a porta do Mercedes-Benz, nos deparamos com o banco do motorista, pedais, câmbio e volante originais. Tudo isso segue lá dentro desde 1972. O mesmo acontece com quatro assentos de passageiros, posicionados ao redor de uma mesa. É claro que essas peças foram restauradas, mas ainda mantêm a originalidade do icônico modelo.
Assentos posicionados em volta da mesa de jantar no interior do Mercedes-Benz O-362 1972 são originais e mantêm visual icônico do ônibus
Fernando Favoretto
Para seguir com a imagem dos anos 1970, o dono equipou a Casa O-362 com itens domésticos antigos. É o caso do sofá, da geladeira e do fogão. Há ainda decorações clássicas, como toca-discos de vinil (e discos), máquina de escrever, luminárias e torneiras da época.
O estilo retrô não deixa o conforto de lado. Portanto, quem se hospeda no ônibus usufrui de ar-condicionado, Wi-Fi, televisão, tomadas, todos os itens de cozinha, uma cama queen e um banheiro completo com teto panorâmico.
Hóspedes do Mercedes-Benz O-362 de 1972 podem se acomodar em cama queen size com teto panorâmico
Fernando Favoretto
Ainda há surpresas do lado externo. O terreno fica na beira de uma represa, o que possibilita aos hóspedes nadar em água cristalina ou até andar de caiaque. Uma churrasqueira e um projetor deixam a experiência mais completa.
Levou tempo até que a Casa O-362 ficasse pronta. Só para instalar a parte elétrica e hidráulica foram dois anos. O investimento passou de R$ 280 mil. Ao que parece, o esforço valeu a pena: desde a inauguração, em março de 2023, é difícil achar uma data disponível no Airbnb.
Estruturas elétrica e hidráulica do Mercedes-Benz O-362 de 1972 levaram dois anos para serem instaladas, mas valeu a pena: é possível tomar banho apreciando a vista através do teto panorâmico
Fernando Favoretto
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Quer tentar a sorte? Se encontrar a agenda livre, saiba que a diária é de R$ 650 em dias de semana e R$ 1.100 nos fins de semana. Tem capacidade máxima para quatro pessoas e a hospedagem mínima é de dois dias.
Se vale a pena? Já adianto que, na minha experiência, o único ponto negativo foi ter de voltar para a rotina depois.
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