Novo Mercedes-Benz Classe A é mais caro que um Classe C. Faz sentido?; teste

Hatch médio tem discreta reestilização, custa R$ 345 mil e difícil de andar nas ruas esburacadas do Brasil Em um passado não muito distante, Mercedes-Benz Classe A, Audi A3 e BMW Série 1 eram a porta de entrada para quem queria adentrar ao mundo dos carros premium. Mas, assim como as paletas mexicanas, os hatches médios – inclusive os de marcas generalistas – caíram em desuso: igual as hamburguerias gourmet, os SUVs tomaram conta das ruas brasileiras.
As três fabricantes, entretanto, ainda tentam vender seus modelos por aqui, porém com uma oferta bem restrita e números absolutamente irrisórios no contexto geral. Nem por isso a marca alemã deixou de trazer o novo Classe A, que desembarca no Brasil um ano após mudar no exterior.
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A Mercedes emplacou só 58 unidades do Classe A hatch em 2022, ficando em último entre os concorrentes (o A3 liderou com 161 exemplares). Este ano, até aqui, foram 49, bem distante dos 280 emplacamentos do Audi. Será que agora, renovado, o panorama mudará um pouco? Serei sucinto na resposta: não.
Novo Mercedes-Benz Classe A é vendido apenas em uma versão no Brasil: a A200, com motor 1.3 turbo
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O primeiro (e mais importante) motivo é o preço. O novo Mercedes-Benz Classe A chega em versão única, A200 AMG Line, cobrando R$ 344.900. A BMW, por exemplo, pede R$ 313.950 pelo 118i, configuração solitária de 140 cv do Série 1 no Brasil. Já a Audi vende o A3 Sportback por iniciais R$ 284.990, com motor 2.0 turbo. E a cereja do bolo: este Classe A custa mais caro que um Classe C, vendido atualmente a R$ 329.900 na versão C200, um sedã maior e em geração mais avançada.
De acordo com a Mercedes, este cenário é “algo temporário”. A marca diz que recebeu poucas unidades do C200 nesta condição especial com “alguns equipamentos faltantes, o que posicionou o preço abaixo do A200”. O valor, digamos, real é R$ 359.900. Seja R$ 15 mil a mais ou a menos, fica difícil defender.
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Mercedes-Benz A200 tem faróis com novo arranjo interno, grade com “mini-estrelas de três pontas” e rodas aro 18
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Outro fator é que o hatch não mudou tanto assim esteticamente. Será preciso um grande esforço ocular para identificar o novo Classe A na rua (se você vir um rodando por aí). Grade, para-choque e o capô foram levemente redesenhados. Os faróis mantiveram o formato, mas trazem um novo arranjo interno das luzes. Na traseira, tirando as lanternas de LED e a imitação de um difusor, segue tudo igual. Uma atualização bem discreta, diga-se. A versão (única) vem com o pacote AMG Line, que deixa o visual um pouco mais encorpado e esportivo. Na medida e sem exageros…
Além do acanhado facelift, a grande novidade é a adoção da motorização híbrida leve. O conhecido quatro cilindros 1.3 turbo – de origem Renault – agora tem a ajuda de um pequeno gerador elétrico que também serve como alternador. O componente é capaz alimentar a rede interna de 12 volts e carregar uma bateria auxiliar de 48 volts, que serve para dar a partida no motor a combustão, manter velocidades de cruzeiro e acionar sistemas elétricos secundários.
Novo Mercedes-Benz A200 tem lanternas redesenhadas
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Motoristas comuns dificilmente vão perceber a diferença e notar estes auxílios diariamente enquanto dirigem. A percepção, por sua vez, pode vir no consumo combustível, que registra 12,3 km/l (cidade) e 14,4 km/l (rodovia).
O 1.3 turbo só bebe gasolina, tem os mesmos 163 cv de potência de antes e trabalha em conjunto com o DCT7, um câmbio de dupla embreagem e sete marchas. No dia a dia este motor é mais que suficiente para movimentar o hatch, sair de enrascadas no trânsito e também ter fôlego na estrada para ultrapassagens – o torque é de bons 27,5 kgfm entregues logo em baixas rotações. A transmissão trabalha bem sincronizada com motor, com trocas certeiras e sem buracos. O A200, segundo a Mercedes, vai de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. Não é uma marca impressionante e longe dos 7,4 s do A3, por exemplo, mas o hatch não faz feio.
Novo Mercedes-Benz Classe A A200
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Talvez o principal ponto negativo do novo Classe A seja o acerto de suspensão. É bom você estar com a coluna (e também as obturações) em dia porque o hatch sofre e chacoalha bastante com as imperfeições do asfalto. Pancadas secas com o fim de curso do amortecedor são comuns. Vencer valetas e passar em guias mais baixas também merecem atenção para não raspar o para-choque. As rodas de 18 polegadas também pouco contribuem para o conforto. O Classe A não parece ter passado nem perto da porta da sala de tropicalização na antiga fábrica de Iracemápolis (SP). Ops….
Por dentro a maior mudança é onde os olhos não podem ver. O sistema MBUX, assistente de voz da Mercedes, foi atualizado para, de acordo com a marca, ficar mais intuitivo. O visual segue o mesmo, com as duas telas de 10,25 polegadas cada lado a lado, uma fazendo o papel de painel de instrumentos e a outra de central multimídia. O novo volante dá um toque mais moderno também ao interior. O acabamento é acima da média do segmento com a mistura de materiais nobres, emborrachados e até Alcantara nos bancos. As costuras vermelhas contrastantes por todo o habitáculo dão o toque esportivo ao hatch premium.
A grande perda é que o Mercedes Classe A não terá mais a versão sedã. E a hatch vem só em pacote único: A200 AMG Line. Traz teto solar panorâmico, ar-condicionado automático, assistente ativo de frenagem, chave presencial, assistente de estacionamento, câmera de ré, bancos dianteiros elétricos com memória, assistente de voz e carregamento sem fio para celulares.
Bem difícil a situação do Classe A (e da Mercedes-Benz) no Brasil. A marca alemã encolheu sua participação no Brasil justamente por conta de produtos e políticas de preços que não fazem muito sentido perante ao mercado, além, claro, de uma concorrência muito forte com valores (bem) mais atrativos. A fabricante promete uma ofensiva ainda em 2023, com nada menos que 17 lançamentos. A Mercedes retomará seu espaço? Só o tempo irá dizer, mas o Classe A não deve contribuir muito…
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