Neta tem 98% de queda nas vendas, demite funcionários e vê futuro incerto

Marca acumula dívida de quase R$ 8 bilhões e negocia financiamento emergencial com fundo estrangeiro A crise financeira enfrentada pela Neta na China desde o ano passado parece não dar sinais de trégua. De acordo com matéria recente publicada pelo site Leifeng, a situação se agravou nos últimos meses, a ponto de levar a empresa a tomar medidas drásticas e com impacto estrutural direto. É o caso dos profundos cortes aplicados em seu centro de pesquisa e desenvolvimento.
O setor, responsável pelos projetos de novos veículos e tecnologias, vem sendo esvaziado aos poucos e só na última semana perdeu aproximadamente 200 funcionários. Outros 1.500 podem sair em breve, com a própria Neta oferecendo pacotes de indenização para quem assinar os documentos de rescisão. Para os colaboradores que ficarem, tudo indica que haverá redução salarial de até 75%.
Para piorar, a Neta acumula cerca de US$ 1,4 bilhão (quase R$ 8 bilhões) em dívidas com fornecedores e vem sendo duramente cobrada nas últimas semanas. Na sede da empresa em Xangai, há relatos de credores fazendo reuniões no saguão do prédio para exigir pagamento. A saída para a crise está sendo negociada junto a um fundo soberano estrangeiro e depende da aprovação de um financiamento emergencial.
Neta Aya chegou ao Brasil com objetivo de brigar com a linha Dolphin da BYD
Divulgação
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Em termos comerciais, as vendas no mercado chinês entraram em colapso, despencando impressionantes 98% em janeiro na comparação com igual período de 2024. Em fevereiro não foi diferente, com cerca de 400 unidades comercializadas. Na prática, um número bem aquém das 18.000 unidades mensais que a Neta chegou a emplacar em seu melhor momento (meados de 2022).
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Existem unidades do Neta X à pronta-entrega em concessionária do RJ
Renato Durães/Autoesporte
Situação da Neta no Brasil
A Neta anunciou sua chegada ao mercado brasileiro em agosto de 2024 com foco na comercialização de veículos elétricos. Logo de cara, foi confirmada a oferta dos modelos Aya e X, vendidos atualmente a partir de R$ 128.900 e R$ 204.900, respectivamente.
A primeira concessionária da empresa no Brasil foi inaugurada em janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, mas há pontos de vendas também nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraíba, Ceará e Espírito Santo.
À época da inauguração da loja na capital fluminense, executivos da montadora garantiram que a empresa já havia superado suas dificuldades na China e que os planos de produção no Brasil seguiam inalterados. A Neta salientou que analisava alternativas para fazer seus carros no país e que revelaria seus planos neste mês de março.
A companhia foi procurada por Autoesporte na última semana. A reportagem questionou se a situação sobre a fábrica já havia sido definida. Representantes da Neta disseram que o tema “segue em discussão”.
Em novo contato nesta quarta-feira (19), a empresa reitera que não há quaisquer modificações no cronograma desenhado para o nosso país e que a operação local “é uma das estratégias mais importantes para a marca no mundo”. Em comunicado, a companhia destaca ainda que, “com base no sucesso das operações da Neta Auto nos mercados fora da China, os planos para o mercado brasileiro seguem inalterados”.
Por aqui, a Neta volta a ressaltar que pretende seguir com a produção de Aya e X em regime CKD (com kits totalmente desmontados). “O plano é que a fábrica a ser instalada no Brasil atenda o mercado local e outros países do Mercosul”, enfatiza a companhia de origem chinesa.
Na loja inaugurada em janeiro, no RJ, há tanto unidades do Aya quanto do X disponíveis à pronta-entrega. Os vendedores dizem ainda que, caso o cliente queira uma unidade de cor inexistente na revenda pode ser feito pedido. O veículo chega, então, num prazo de sete dias.
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apenas 27 carros da Neta foram emplacados em janeiro e fevereiro. O Grupo Genial, dono da concessionária carioca, esperava vender 40 unidades por mês na loja e de 25 a 30 veículos em ponto de venda que pretendia inaugurar em Niterói, cidade vizinha à capital fluminense.
Confira abaixo, na íntegra, a resposta da Neta:
“A operação no Brasil é uma das estratégias mais importantes para a NETA Auto no mundo. Com base no sucesso das operações da NETA Auto nos mercados fora da China, os planos para o mercado brasileiro seguem inalterados. O Brasil tem uma base muito forte na indústria automobilística e uma cadeia de suprimentos completa com alto controle de qualidade: mais de 90% do volume de vendas é produzido localmente.
A NETA se atenta a esse cenário e vai investir na localização de seus produtos. O objetivo é fornecer produtos de qualidade e alta tecnologia por um preço competitivo para os consumidores.
O plano é que a fábrica a ser instalada no Brasil atenda o mercado local e outros países do Mercosul.
A NETA tem três fábricas fora da China: Tailândia, Indonésia e Malásia. Com a experiência dessas três operações e considerando tempo necessário de construção de uma fábrica totalmente nova, a produção no Brasil da NETA Auto seguirá um projeto CKD. Inicialmente, a operação contará com processos de soldagem, pintura e montagem, compartilhando a capacidade (ociosa) com as montadoras locais já instaladas no Brasil.
O plano de lançamento no Brasil prevê a produção de dois modelos localmente, o AYA e o X, gerando centenas de empregos diretos. A empresa está concluindo os estudos de viabilidade e negociação para definir a localização dessa unidade. Obviamente, a localização de vários componentes relacionados será realizada paralelamente.”
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