Museu brasileiro de carros tem coleção bilionária e modelos raríssimos

Conhecemos o Carde, inaugurado em Campos do Jordão (SP), que encanta ao usar uma vasta coleção de automóveis para ajudar a contar a história do Brasil Uma construção vistosa e imponente em um ponto ligeiramente afastado do centro turístico de Campos do Jordão (SP). Lá, sobre as montanhas e em meio à vegetação da Serra da Mantiqueira, está o Carde, acrônimo para Carro, Arte, Design e Educação. O nome não menciona, mas estamos falando de um museu — no caso o maior museu automotivo do Brasil e da América Latina — com cerca de 100 veículos em exibição e um acervo total de mais de 600 modelos (contando unidades que estão fora do Brasil).
O projeto do Carde vem sendo desenvolvido desde 2018 e seu objetivo é contar a história da indústria automobilística brasileira de modo contextualizado e lúdico, posicionando o papel do carro e do setor na própria evolução sócio-histórica brasileira. É por isso que, junto a clássicos raríssimos – alguns únicos no Brasil e até no mundo –, temos obras de arte como pinturas e esculturas, e relíquias de época.
Carde é uma idealização de Lia Maria Aguiar
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Por isso, não se espante ao ver um Duesenberg Model J do final da década de 1920 em uma sala rodeado por joias de mulheres escravizadas do fim do século 19, em um contexto de explicação sobre a abolição da escravatura no Brasil.
É claro que os idealizadores do museu não abrem o valor exato de toda a coleção, mas, a julgar pelo nível de raridade e estado de conservação dos carros, estamos falando em uma cifra somada de algumas centenas de milhares de dólares, que, convertidos, já somariam hoje mais de R$ 1 bilhão.
Museu CARDE, em Campos do Jordão (SP), tem Brasinca Uirapuru 1964, um dos esportivos mais raros de nossa indústria
Autoesporte/Leonardo Felix
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O Carde tem dois andares e o de baixo está dividido em salas temáticas. No centro do hall de entrada, o visitante já se impressiona com a presença de um cajueiro de metal com pintura indígena no tronco e folhas de crochê. Pendurado nele, ao topo, está um Brasinca Uirapuru 1964, um dos esportivos mais raros de nossa indústria. Ao redor, todas as paredes da sala central são cobertas por uma trama de crochê produzida por 200 mulheres de outro projeto social, chamado Instituto Proeza, de Brasília (DF).
As salas são divididas por épocas, mas também por temas. Há um ambiente voltado apenas a clássicos das ruas brasileiras entre o fim do século 19 e os anos 1930. Um oásis para antigomobilistas mais “puristas”. Outra remete aos anos 1950 e tem alguns dos carros mais bonitos já existentes, como Aston Martin DB5, Cadillac Eldorado e Corvette roadster de primeira geração, Jaguar E-Type conversível, Mercecdes-Benz 300L e Porsche 356.
Willys Interlagos e Gurgel estão presentes no CARDE
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Para quem gosta da indústria brasileira há um cômodo voltado apenas para a Gurgel – com unidades do 14-Bis, de Santos Dumont, em papel, decorando o teto, em símbolo da capacidade de inovação de nosso povo – e outro dedicado ao automobilismo nacional, simbolizado por duas unidades do Willys Interlagos. Um deles é a unidade que ilustra as capas das edições 01 e de 60 anos de Autoesporte.
Também há uma sala dedicada a clássicos dos primeiros anos de indústria nacional – Romi-Isetta, Karmann-Ghia, FNM JK 2000, Rural Willys, Renault Willys Gordini e DKW Vemag –, bem com outra para xodós dos brasileiros nos anos 1970 e 1980 – Chevrolet Kadett GS, Ford Escort XR3 Maverick V8, Volkswagen Gol GTI e Passat TS (o primeiro carro da marca com motor AP).
Museu CARDE tem sala só para xodós dos brasileiros dos anos 1970 e 1980
Autoesporte/Leonardo Felix
Por fim, uma saleta traz veículos oficiais de governos brasileiros, como um Willys Itamaraty e o raríssimo Volkswagen Fusca conversível que transportou o então presidente da República, Juscelino Kubitcheck, durante a inauguração da fábrica da marca alemã em São Bernardo do Campo (SP), em 1959.
No andar de cima, o acervo ganha ar mais despojado e temos acesso a raridades que vão desde um De Dien Bouton 1902 (a unidade mais antiga do Carde) até esportivos como Ferrari F50, McLaren Senna e Dodge Viper. É possível até andar em um simulador construído sobre uma Ferrari Testarossa real. Você acelera, freia e usa o volante de verdade. Inclusive, a suspensão “trabalha” ao longo da experiência.
McLaren Senna e Ferrari F50 são alguns dos esportivos icônicos do acervo
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Para quem tem filhos, há outras experiências interativas como dar uma “voltinha” ao redor do museu em “táxis” internos como um Gordini ou uma Vemaguete, ou ainda um parque infantil, obviamente decorado com mais carros ou desenhos ligados ao tema. Há, ainda, uma cafeteria.
O Carde é uma idealização de Lia Maria Aguiar, empresária e filantropa brasileira de 86 anos, junto com seu sobrinho, Luiz Goshima. Homenageada no Hall da Fama do Carro do Ano 2025, dona Lia é amante do antigomobilismo, assim como Luiz. Ambos uniram seus acervos pessoais e compraram outros veículos, como, por exemplo, parte da coleção de Og Pazzoli, outro dos maiores colecionadores de automóveis antigos no Brasil.
Museu CARDE tem mais de 100 carros clássicos
Autoesporte/Vitória Drehmer
Todo o projeto do Carde foi desenvolvido em parceria com a Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), voltada ao desenvolvimento educacional e artístico de mais de 700 crianças e adolescentes em situação sócio-econômica vulnerável na região de Campos do Jordão ao longo de 16 anos. Um exemplo da conexão entre o museu e a fundação está nos monitores das salas temáticas, todos alunos da instituição e com as histórias dos carros e suas respectivas épocas na ponta da língua. A FLMA também ajuda a formar mecânicos e restauradores de veículos antigos.
O Carde está aberto ao público desde o dia 28 de novembro deste ano e recebe visitantes de quinta-feira a segunda-feira, das 10h às 18h. O valor do ingresso é de R$ 120 ou de R$ 60 para meia entrada. Além disso, os jordanenses tem direito a ingresso cortesia nas quintas-feiras, de acordo com a disponibilidade.
Museu CARDE tem ingressos com preço de até R$ 120
Divulgação
Serviço – CARDE
Horário de funcionamento: de quinta a segunda-feira, das 10h às 18h
Endereço: rua Benedito Olímpio Miranda, 280 – Alto da Boa Vista – Campos do Jordão – SP
Preço: entre R$ 60 e R$ 120
Classificação etária: livre
Compra de ingressos: ticketfacil.com.br/carde-museu
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