Montadoras acusam BYD e GWM de concorrência desleal no Brasil

Anfavea quer averiguar possível “dumping” das chinesas; prática consiste em vender um produto por um preço inferior ao custo A Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), órgão que representa as montadoras estabelecidas no Brasil, encomendou estudos para averiguar prática comercial desleal por parte das chinesas BYD e GWM — o chamado “dumping”. O pedido será formalizado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) nos próximos dias.
O dumping acontece quando produtos são vendidos por preços mais baixos que o próprio custo de produção, o que representa concorrência desleal. De acordo com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a intenção do estudo é “defender a livre concorrência e prevenir práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro”. A informação foi originalmente publicada pelo Estadão.
BYD Song Plus e GWM Haval H6 PHEV19: dupla chinesa é destaque no segmento dos SUVs híbridos
Murilo Góes/Autoesporte
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Conforme apurado por Autoesporte, o estudo da Anfavea ainda é discutido internamente. Nenhum documento foi encaminhado ao governo sobre a investigação de concorrência desleal por parte das empresas chinesas.
Em nota, a BYD nega categoricamente qualquer prática de dumping na venda de seus veículos: “Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam […] utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade”.
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A GWM informa que vê a ação com tranquilidade. “Seguimos estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior. Além disso, a empresa está aumentando o ritmo […] visando o início da produção de seus primeiros carros elétricos no Brasil”, diz o posicionamento.
Indústria reage à invasão chinesa
Alta demanda fez a BYD importar 7 mil veículos de uma só vez para o Brasil em 2024
Divulgação
Fabricantes x importadores
Este é mais um capítulo do conflito comercial que se iniciou entre as fabricantes tradicionais e as marcas chinesas desde meados de 2023. Com o aumento da demanda por carros elétricos e híbridos, a Anfavea tem sido mais agressiva — e o primeiro passo foi incentivar a retomada do imposto de importação para o segmento, zerado desde 2015, a partir de janeiro de 2024.
Os próximos reajustes estão previstos para julho de 2025 e 2026. Só então o imposto voltará ao patamar de 35% para a categoria, independentemente do nível de eletrificação. A Anfavea já defendeu sua retomada imediata, o que faria os custos de importação das marcas chinesas aumentarem.
De olho nas fabricantes que, em breve, iniciarão a produção nacional em regime CKD (kits totalmente desmontados) e SKD (parcialmente desmontados), a Anfavea propõe que o imposto atual de 18% e 16%, respectivamente, seja reajustado para 35%. Neste arranjo de produção, os componentes de um veículo são construídos na China, e as fábricas brasileiras apenas executam a montagem com baixo — ou até nenhum — nível de nacionalização.
Posicionamento da Anfavea
“Há estudos de mercado em andamento. A Anfavea defende a livre concorrência e a prevenção de práticas que prejudiquem o mercado automotivo brasileiro, zelando pelos clientes, empregados, concessionários, fabricantes e indústria de autopeças”
Posicionamento da BYD
“A BYD do Brasil reafirma seu compromisso com a ética e a transparência em suas práticas comerciais. Negamos categoricamente qualquer prática de dumping na venda de nossos veículos no Brasil. Nosso foco está em oferecer produtos de qualidade e sustentáveis, alinhados às normas de mercado e legislações vigentes. Estamos construindo em Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial da companhia fora da China. A BYD é agora uma empresa brasileira, voltada a trazer inovação e produtos de alta qualidade para os consumidores. Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade.”
Posicionamento da GWM
“A GWM informa que vê a ação com tranquilidade, pois segue estritamente as regras internacionais e a legislação brasileira para comércio exterior. Além disso, a empresa está aumentando o ritmo de contratações no Brasil visando o início de produção dos seus primeiros carros eletrificados na fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, prevista para o primeiro semestre deste ano.”
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