Juro para financiar carro é o maior da história do Brasil

Índice de 29,5% ao ano alcançado no início de 2025 é o maior desde o início da série histórica, em 2011 Com o aumento da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, o mercado financeiro reage em cadeia com um aumento nos juros reais para obtenção de crédito. Um caso é o financiamento de veículos, que alcançou no início de 2025 o maior patamar da série histórica calculada pelo Banco Central: 29,5% ao ano.
Trata-se do maior percentual desde que o BC iniciou o acompanhamento mensal, em julho de 2011. “É o maior custo de financiamento de nossa história, e mesmo assim o mercado continua crescendo”, afirma Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional das Montadoras de Veículos Automotores (Anfavea).
Quando a série começou, 14 anos atrás, a taxa média anual de juros para financiar um veículo estava em cerca de 28%. O índice foi caindo gradualmente e, entre 2019 e 2020, chegou a ficar abaixo de 20%. Voltou a crescer rapidamente durante a pandemia até chegar, ao fim de 2022, a 29% — recorde até então.
De acordo com Anfavea, mercado cresce mesmo com custo elevado de financiamento
Divulgação
Nos últimos dois anos, o percentual havia atingido certa estabilidade, ficando na faixa de 25%. No entanto, disparou mais uma vez a partir do segundo semestre do ano passado, quando o BC anunciou sucessivos reajustes da Selic a fim de conter a inflação.
Agora, enquanto a taxa básica de juros está em 13, 25%, a taxa média de juros para o financiamento de um veículo chegou aos 29,5% ao ano. Ao mesmo tempo, o chamado spread bancário, diferença entre os juros pagos pelo sistema bancário em investimentos e o arrecadado em oferta de crédito, está em 23%, com tendência de queda desde o início de 2023.
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Inadimplência em baixa
O mais curioso é observar que o nível de inadimplência do mercado brasileiro num geral continua baixo e estável, apesar dos juros altos (que, por razões óbvias, aumentam o custo final de aquisição de um automóvel e o peso do valor das parcelas sobre o consumidor).
Em fevereiro de 2025, o Brasil registra 2,6% de taxa inadimplência para pessoas jurídicas e 4,37% para pessoas físicas, também segundo dados do Banco Central.
Ao mesmo tempo, a produção de carros no país cresceu 18% no primeiro bimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o volume de emplacamentos aumentou 9% e as exportações saltaram quase 55%.
Questionado sobre o contraste entre todos esses números, Lima Leite respondeu:
“O crescimento do país e o aumento do emprego e da renda ajudam a compensar os juros mais altos. O Brasil tem uma demanda muito reprimida desde o início da pandemia e só agora está retomando o mesmo ritmo de antes. É um crescimento consistente e que deve continuar”, resumiu o presidente da Anfavea.
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