É um bom negócio comprar carro que já saiu de linha?

Como em toda negociação, há vantagens e desvantagens na compra de modelos que não são mais produzidos É inevitável que, em algum momento, os automóveis deixem de ser fabricados, sendo substituídos por uma geração mais nova ou até mesmo outros modelos. Esse é um movimento natural de sucessão. Mas, o que acontece com os carros descontinuados que ainda estão em condições de rodar?
No mercado de usados, a tendência é que essa categoria tenha um preço inferior em comparação com um veículo equivalente, mas que continue em produção. Porém, não necessariamente valerá menos.
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Ford Ka 2ª geração
Divulgação
Há outros fatores levados em conta na precificação, como a abundância de unidades daquele modelo ainda em circulação. Por exemplo, você não vai ver uma desvalorização acentuada em um Chevrolet Celta (de segunda geração) ou um Fiat Palio (de qualquer geração) só porque estão há anos fora de linha. Um VW Gol, que também já foi descontinuado, continua em alta – inclusive os antigos.
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Essa questão de de parque circulante também influencia a disponibilidade de peças, que tem peso enorme na preservação de valor do veículo fora de linha. Ou seja, um carro que foi um sucesso de vendas quando estava em linha ou que teve produção elevada dificilmente será malvisto quando a fábrica tirar do catálogo.
Isso acontece com modelos desejados que nem sequer tiveram substituto, como o Honda Fit. A fama do fabricante pode inclusive levar a um fenômeno curioso: um carro que não tinha tanto apelo “zero”, mas que não para em lojas independentes. É o caso do Toyota Etios, que jamais foi um estouro de vendas, fez o brasileiro torcer o nariz pelo visual, mas atrai interessados de segunda mão.
Última Kombi, produzida no Brasil em dezembro de 2013
André Paixão/Autoesporte
Mais um exemplo: não há dificuldades em vender uma Kombi, que já está há dez anos fora de linha. Tornou-se uma alternativa barata de transporte, já que os equivalentes modernos (e novos) não custam menos de R$ 120.000, como o Fiat Scudo, Peugeot Expert e Citroën Jumpy. A parte complicada da Kombi é justamente localizar um exemplar em bom estado de conservação, pois a própria obsolescência da utilitária compromete sua durabilidade.
Carros de nicho, geralmente importados, são mais trabalhosos de manter e tendem a perder valor mais rápido. Essa característica é comprometida por causa da disponibilidade de peças e também porque isso aumenta o preço dos seguros. É por isso que modelos excelentes, como Subaru, acabam levando mais tempo na “prateleira” dos lojistas.
Loja de carro usado
Arquivo pessoal
No entanto, modelos consagrados em comunidades de nicho preservam sua atratividade mesmo fora de linha, como as gerações passadas do Suzuki Jimny ou de sedãs coreanos, como o Hyundai Azera.
Seguradoras tendem a recusar determinados carros a partir dos dez anos de uso ou então impor preços proibitivos nas apólices, o que inviabiliza a compra de proteção contra furto, roubo ou colisão.
Carros fora de linha também tendem a perder valor mais rápido no mercado de usados, sobretudo os de maior complexidade técnica. Carros com eletrônica complicada e que tendem a “trocar de mãos” com maior frequência, como um Range Rover Evoque. Ainda preservam um valor relativamente alto — encontra-se um Evoque 2015 por volta de R$ 110 mil e R$ 160 mil — e não é raro que o novo dono tome canseira na manutenção.
Land Rover Evoque está envelhecendo bem, mas não sem trazer dor de cabeça aos novos donos
Rafael Munhoz/Autoesporte
É um carro caro, elegante, que ainda preserva bastante status, mas sua tecnologia desatualizada começa a virar uma fonte de dor de cabeça para quem se aventura a levar para casa. Sobretudo porque, pelo mesmo preço, já é possível adquirir carros 0 km que não irão apresentar as mesmas dificuldades.
QUAL O PREÇO CERTO?
Uma das grandes dificuldades de se comprar um carro fora de linha é chegar no preço “justo”. Como esses modelos costumam estar no mercado há muito tempo, o interessado irá encontrar o ano-modelo que “acabou” de sair de linha, bem como uma unidade dos primeiros anos de produção. Dentro desse balde os valores de etiqueta acabam se misturando por causa do estado de conservação.
BMW X1 2014
Divulgação
Em outras palavras, será possível achar um carro com mais idade, porém mais caro que um equivalente “mais novo”, mas em pior estado de conservação. Então, carros fora de linha também tendem a demonstrar maior variação de preço em comparação com a Tabela FIPE.
Na prática, os carros em bom estado acabam ficando muito fora da curva média de preços. O que também compromete a compra: o vendedor quer valorizar essa diferenciação e o comprador não quer pagar tanto pelo bem “melhorzinho”.
Ford EcoSport de primeira geração teve versão 4X4 – tente achar peças para esse sistema em 2023
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Outro risco enorme de carros descontinuados é o potencial de não encontrar mão de obra ou ferramental para dar conta dessa manutenção. Nesse sentido, o comprador precisa se atentar para modelos muito específicos, como o Mercedes-Benz Classe A de primeira geração ou o Land Rover Discovery ou Toyota Previa, que precisa ter a carroceria separada do chassi para alguns reparos.
É difícil “cravar” se essas compras valem a pena ou não, já que essa análise depende da avaliação individual de cada comprador. O importante é ter ciência das informações necessárias para fazer todas as ponderações antes de bater o martelo.
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