Comparativo: GWM Poer P30 e Fiat Titano superam a tradição da Toyota Hilux?


Não é novidade que as fabricantes chinesas estão chegando com tudo no Brasil. Mais uma prova disso é a GWM, com a picape Poer P30. Mas as marcas tradicionais, claro, se esforçam para não ficar para trás. A Fiat, por exemplo, trocou nacionalidade, motor e suspensão da Titano, além de adicionar tecnologias.
A dupla, apesar do cheirinho de carro novo, foi lançada com uma tarefa bastante complicada: brigar com a Toyota Hilux, líder absoluta entre as picapes médias há quase dez anos. Será que elas têm capacidade para isso? Chegou a hora de descobrir se modernidade supera tradição.
No primeiro quesito, que é o preço, as novatas saem (bem) na frente e mostram que estão dispostas a jogar pesado. A versão topo de linha da Titano, Ranch, custa R$ 285.990. Já a opção mais cara da Poer P30, chamada de Exclusive, surpreende ainda mais e sai por R$ 260 mil. A Hilux, na configuração SRX, uma abaixo da topo de linha, é tabelada em R$ 342.390.
Portanto, a diferença da veterana para as recém-chegadas é de, no mínimo, R$ 56 mil. Bastante coisa, não?
GWM Poer P30 e Fiat Titano conseguem superar a líder, Toyota Hilux?
Renato Durães/Autoesporte
Pelo menos a japonesa (que já viu muitos modinhas irem e virem) começa respondendo com um ponto bem importante: é a mais potente do trio. Equipada com o motor 2.8 turbodiesel e câmbio automático de seis marchas, entrega 204 cv e 50,9 kgfm de torque.
Só que a vantagem é pequena em relação à Titano, picape italiana que recentemente trocou a fábrica da Nordex, em Montevidéu (Uruguai), pela da própria Fiat, em Córdoba (Argentina). Abandonou o antigo 2.2 turbo diesel de 180 cv e agora traz um propulsor com capacidade volumétrica igual, mas da família Multijet. É a mesma unidade que equipa Jeep Commander, Ram Rampage e Fiat Toro, desenvolvendo 200 cv e 45,9 kgfm. O câmbio é automático de oito marchas.
Fiat Titano cumpre o zero a 100 km/h em 10,2 s: o menor valor do comparativo
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Já a Poer traz um 2.4 turbodiesel de 184 cv e 48,9 kgfm, com câmbio automático de nove marchas. Portanto, é a menos potente. A chinesa poderia até entregar mais com a versão híbrida plug-in, mas a GWM mudou os planos para evitar passar sufoco nas vendas, como acontece com a conterrânea BYD Shark; por isso, trouxe apenas essa motorização para o Brasil. Junto do Haval H9, a picape é o primeiro modelo da marca sem qualquer tipo de eletrificação.
Mas o que importa mesmo é a vida real. E quando os números de ficha técnica saem do papel e vão para o asfalto ou o barro, o jogo começa a virar. Isso porque a mais rápida entre as três é, na verdade, a caminhonete da Fiat.
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De acordo com os testes feitos no Rota 127 Campo de Provas, a Titano acelera de zero a 100 km/h em 10,2 segundos. Quase a mesma coisa da Toyota, que, com a coroa na cabeça, cumpre a prova em 10,4 s. A GWM, a mais pesada de todas, com 2.223 kg, precisa de um tempo mais longo para o mesmo percurso: 11,2 s. Portanto, desvantagem de 1 segundo em relação à Titano.
Teste: GWM Poer P30 tem o que precisa para brigar com a líder Toyota Hilux?
Além de entregar o melhor desempenho, a caminhonete da Fiat é a melhor quando o tema é dirigibilidade. Com a troca da unidade de força, o motor passou a ser montado mais afastado da carroceria.
P30 equipa motor 2.4 turbodiesel de 184 cv e 48,9 kgfm
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Com isso, a Stellantis teve de atualizar a compressão das molas para reequilibrar a picape. O curso dos amortecedores ficou mais curto, o que propiciou um acerto mais rígido e agradável para a Titano, que deixou de lado o enorme balanço que as rivais ainda apresentam dentro da cabine. Entretanto, assim como os mais jovens, ela é mais ansiosa e tem o maior ruído.
Teste: Fiat Titano 2026 muda muito e vira outra picape sem mexer no visual
Toyota Hilux com 2,5 milhões de km e motor intacto desbrava Brasil até hoje
A Hilux é fiel ao conceito de raiz: é a mais robusta. Chacoalha mais e ainda não tem direção elétrica, item já presente nas concorrentes. Na prática, o volante é bem mais pesado, o que dificulta na hora de manobrar. Se você não treina o braço, comece a fazer isso caso precise colocar a caminhonete em uma vaga apertada de garagem. A única vantagem é que, se o componente estragar, o custo de reparo é mais barato.
Toyota Hilux não possui espaço interno
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A Poer P30 fica no meio-termo do “pula pula”, mas deixa a desejar em outras coisas: é a única sem ajuste de altura do cinto de segurança e tem um volante grande demais, o que não colabora em nada quando é preciso passar horas dirigindo. Se o assistente de permanência em faixa estiver ligado então… corra também para a academia, porque os trancos de correções são fortes. Fora isso, o pedal do freio é mais alongado — ou seja, é preciso pisar mais fundo para parar.
GWM Poer P30 ganha no espaço interno, mas perde pontos no quesito segurança
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Na prática, contudo, a Poer é a mais eficiente em frenagens. A 100 km/h, leva 42,9 metros para estancar. Hilux e Titano precisam de uma distância maior: 45,5 m e 45,6 m, respectivamente. É bom lembrar que uma diferença de 3 m pode ser o bastante para evitar uma fatalidade. Para piorar, a japonesa é a única a ainda contar com um conjunto de freios composto de discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. As concorrentes usam discos nas quatro rodas.
Fiat Titano perde em comodidade quando comparada com as outras duas picapes
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Mas no off-road, meus amigos, a veterana da turma lembra como é importante dar valor para os métodos tradicionais. Afinal, tem a maior altura em relação ao solo, com 28,6 centímetros. Não há pedra que atrapalhe a direção. Portanto, é uma opção bem melhor para trilhas na comparação com a Poer, que tem 22,7 cm, e até com a Titano, com seus 23,5 cm.
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Para compensar o fato de ser a que mais fica perto de tocar na terra, a chinesa — que começou há pouco a ser produzida em Iracemápolis (SP) — se defende com o melhor consumo: faz 9,5 km/l em ciclo urbano e 13,6 km/l em circuito rodoviário, sempre com o ar-condicionado ligado. Os números são semelhantes aos da Titano, que garante 10,9 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada. A Hilux é a que gasta mais, com 10,2 km/l e 12,9 km/l, respectivamente. Parece que esse hábito de beber bastante está saindo de moda.
Agora, vamos falar de caçamba. No caso da líder da categoria, a capacidade é de 1.000 litros ou 1.005 kg. Já adianto que fica abaixo dos 1.248 l e 1.010 kg da GWM. A Fiat entrega também bons 1.210 l e 1.020 kg. Porém, a novata veio de tênis branco para pisar na lama quando falamos em reboque: puxa 3.100 kg; as rivais, por sua vez, estão em outro patamar: 3.500 kg.
Goyota Hilux é a única que oferece capota marítima de série
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O pessoal da geração Z também faz de tudo por conforto. É por isso que a Poer P30 é a única que tem amortecedores na tampa da caçamba, ainda que a peça já seja leve. Os mais fracos (assim como eu) agradecem. Só que, mais uma vez, os veteranos chegam quebrando tudo com a experiência: apenas a Hilux vem com capota marítima de série.
Você já ouviu falar que os adolescentes gostam de contrariar? Deve ser por isso que a caminhonete da GWM não deu a mínima para o papo de que picapes médias não têm bom espaço interno. Os 3,23 m de entre-eixos entregam conforto mesmo para pessoas mais altas. E o assoalho plano colabora para que até adultos consigam se acomodar bem. As rivais já preferem seguir o padrão. A Hilux, com apenas 3,09 m nessa medida, proporciona mais comodidade do que a Titano, que tem 3,18 m.
GWM Poer P30n esbanja tecnologia com duas telas de mais de 10″
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Os jovens também não abrem mão da modernidade. É por isso que a chinesa esbanja telas na cabine. Só ela tem painel de instrumentos totalmente digital, de 10,25 polegadas. A central multimídia, disparada a maior do trio, tem abundantes 14,6”. Foi o bastante para o funcionário do pedágio ficar impressionado quando passei por lá. A italiana já deixa um pouco a desejar, pois tem mostradores analógicos junto de um cluster de 7”, mas a multimídia é de 10”.
Agora a japonesa começa a mostrar os sinais da idade. Só tem uma telinha de 4,2” que funciona como computador de bordo e uma central de 9”. Todas têm conexão sem fio para Apple CarPlay e Android Auto. Outra prova de que a Hilux carece de mudanças é o acabamento simples, além do pequeno relógio que parece ter sido tirado de um micro-ondas. A Titano já traz mais materiais macios ao toque e a Poer P30 sobe bastante o nível porque tem até uma espécie de aço escovado no interior.
Toyota Hilux tem acabamento simples e fica para trás quando o assunto é tecnologia
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E os itens? Qual delas será a mais bem equipada? Bom, a GWM é a única que tem carregador por indução e bancos com aquecimento e ventilação. Além disso, ela e a Titano se destacam por trazerem freio de estacionamento eletrônico e ajustes elétricos nos bancos dianteiros. A Hilux fica para trás; de tudo isso, tem só o último equipamento e somente no assento do condutor.
No quesito segurança, a picape se recupera porque tem sete airbags contra seis das concorrentes mais novas. Mas a japonesa não conta com alerta de ponto cego nem monitoramento da pressão dos pneus como as rivais. De qualquer forma, quem rouba a cena mesmo é a chinesa, já que é a única equipada com assistente de permanência em faixa e alerta de tráfego cruzado. Todas trazem câmera 360 graus. Fora isso, a Titano decepciona no assunto garantia: oferece cinco anos, contra dez anos das rivais.
Titano já traz acabamento com materiais macios ao toque
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Falando em pós-venda, ainda não há preço de seguro para a Poer. Nos custos de revisão, a P30 fica entre Titano e Hilux. Mas bom mesmo é torcer para não ter nenhuma eventualidade que demande troca de peças. A cesta da chinesa é muito mais cara que a da Titano e R$ 5 mil mais salgada que a da Hilux.
Hora do veredicto. É inegável que a modernidade supera a tradição nesse caso. A Titano, por exemplo, mudou completamente para calar os críticos. E conseguiu. Só que a Poer P30 não dá espaço para rivalidade: é muito mais barata e, mesmo assim, bem mais equipada, além de ainda ser mais econômica e espaçosa. Mesmo que deixe a desejar em alguns quesitos, não há como não entregar essa coroa à chinesa.
GWM Poer P30 vem com câmbio automático de nove marchas
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Apesar de a Hilux ter ficado em último, não significa que a vida de GWM e Fiat será fácil. Em um comparativo, a modernidade pode até superar a tradição. Na vida real, a confiabilidade da Toyota é tão forte que, ainda que a Hilux seja a picape há mais tempo na mesma geração, consegue liderar um segmento em que a compra é baseada na confiança. Quem sabe a próxima geração, que chega em 2026, coloque a Hilux no presente.
Toyota Hilux
Toyota Hilux é a picape mais cara, mas é a mais robusta: tem capacidade de reboque de 3.500 kg e melhor distância do solo
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Líder do segmento é muito apreciada por quem precisa de uma picape para trabalho pesado. Ainda assim, tem a menor caçamba deste comparativo. Por outro lado, a altura em relação ao solo é, de longe, a maior.
GWM Poer P30
GWM Poer P30 acaba de ser lançada e entrega lista de equipamentos recheada
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Por ser mais comprida, novata chinesa que será feita em Iracemápolis (SP) tem balanços maiores, o que prejudica a aptidão off-road nos ângulos de ataque e de saída; ao menos, o entre-eixos é o maior das três.
Fiat Titano
Fiat Titano passou por mudança radical e, agora, é a mais confortável e rápida do trio, por R$ 285.990
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A picape feita em Córdoba (Argentina) não foge do trabalho pesado. Tem a maior capacidade de carga do trio e traz os melhores ângulos de entrada e de saída. A altura em relação ao solo poderia ser melhor.
VENCEDOR
GWM POER P30
A picape novata é muito mais barata do que as rivais. Ainda por cima, é mais equipada e tem melhor consumo rodoviário. Assim, vence sem grandes dificuldades
Seu bolso
*Seguro: O valor é uma média entre as cotações das principais seguradoras do país fornecida pela Minuto Seguros com base no perfil padrão de Autoesporte, sem bônus
**Cesta de peças: Retrovisor direito, farol direito, para-choque dianteiro, lanterna traseira direita, filtro de ar (elemento), filtro de ar do motor, jogo de quatro amortecedores, pastilhas de freio dianteiras, filtro de óleo do motor e filtro de combustível (se aplicável)
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