Como saber se quilometragem do carro usado está adulterada no odômetro?
Comprar um carro usado sempre exige cuidado, mas poucos compradores prestam atenção em um dos pontos mais críticos da avaliação: a quilometragem. O número registrado no painel de instrumentos é um dos principais indicadores do desgaste e do valor de mercado de um veículo, e justamente por isso é um dos alvos mais comuns de fraude. E Autoesporte te explica como saber se a quilometragem do carro está adulterada no odômetro.
Você vai entender como identificar sinais de adulteração, tanto visuais quanto eletrônicos, e aprender quais verificações pedir em uma oficina ou vistoria cautelar. Também explicaremos a importância do histórico de revisões, como agir se desconfiar de fraude e o que diz a lei sobre quem altera a quilometragem de um veículo. Por fim, há orientações para quem já é proprietário e quer manter o histórico transparente, preservando o valor do carro na revenda.
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Mais do que um problema comercial, adulterar a quilometragem é uma infração grave com consequências diretas para o comprador e o vendedor. A prática pode ser enquadrada como estelionato e crime contra as relações de consumo, com pena de prisão e indenizações civis em casos comprovados. Além disso, quem adquire um carro com odômetro alterado pode ter prejuízos consideráveis: sistemas de freio e suspensão podem estar muito mais desgastados do que aparentam, e manutenções caras surgem rapidamente após a compra.
Golpe da quilometragem adulterada é muito comum no mercado de usados
Divulgação
Sinais visíveis e checagem eletrônica
“De um modo geral, os principais sinais de que um veículo teve a quilometragem adulterada estão em detalhes, que podem revelar um nível de desgaste não condizente com um veículo de pouco uso”, explica Leonardo Ferreira, mecânico e professor de mecânica automotiva.
O comprador deve observar com atenção volante, bancos, pedais, alavanca do freio de estacionamento, tapetes e borrachas de vedação. Se o odômetro indicar poucos quilômetros, mas o interior apresentar desgaste acentuado, é preciso suspeitar.
Vários pontos de desgaste do carro devem ser observados antes de concluir a compra
Divulgação
Eric Darwich, consultor automotivo, concorda: “Muitos carros, mesmo com eletrônica, ainda é possível adulterar a km. Por isso é importante olhar o veículo por inteiro, e não só o painel. Às vezes a pintura está impecável, mas o interior entrega o uso real.” Mesmo em modelos modernos com painéis digitais, a adulteração ainda ocorre. Leonardo destaca que, com a eletrônica embarcada atual, alterar o valor em todos os módulos é mais difícil, pois componentes como câmbio, injeção e ABS também registram a quilometragem.
A leitura com scanner automotivo é uma das verificações mais seguras. “Com o auxílio de um bom scanner automotivo é possível verificar se a quilometragem da central eletrônica bate com a informação apresentada no painel”, explica Leonardo. Eric reforça: “Scanner pode pegar a km adulterada, mas precisa ser bem feito, com leitura de vários módulos. Um scanner simples pode deixar passar uma adulteração parcial.” Além disso, a análise de itens como freios, rolamentos e pneus ajuda a confirmar o real estado de uso do veículo.
Laudo, histórico e riscos
O histórico de revisões é uma das ferramentas mais confiáveis na hora da compra. “O comprador deve atentar para as últimas revisões anotadas no manual do proprietário, com as informações dos serviços realizados e a quilometragem no momento da revisão, e confrontar com a informação constante do odômetro”, orienta Leonardo. Eric reforça: “É possivelmente o jeito mais fácil de ver, pelo prazo, a quilometragem atual e a quantidade de revisões.”
Procurar o histórico de revisões do carro é fundamental para saber a quilometragem correta
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O laudo cautelar também é uma etapa essencial, desde que completo e emitido por empresa idônea. “Quando o laudo inclui a leitura dos módulos eletrônicos, ele é um documento de alta confiabilidade”, afirma Leonardo. Mas, segundo Eric, é preciso cuidado: “O laudo pode ser fraudado se feito de forma superficial. O ideal é sempre confirmar com uma checagem em oficina de confiança antes de fechar o negócio.”
Os riscos de comprar um carro com quilometragem adulterada são grandes. Do ponto de vista mecânico, o veículo pode ter motor, câmbio e sistemas de suspensão e freio muito mais desgastados do que aparentam, gerando reparos caros e até situações de risco. Financeiramente, o prejuízo se multiplica: além das manutenções inesperadas, o valor de revenda despenca assim que a fraude é descoberta.
Como agir antes e depois da compra
Antes de comprar, é fundamental adotar uma rotina de checagem: inspecione sinais de desgaste, exija o histórico de revisões, peça laudo cautelar completo e leitura dos módulos eletrônicos com scanner profissional. Pesquise o preço médio de mercado e desconfie de valores muito baixos, eles podem indicar histórico problemático ou adulteração. Também é possível consultar órgãos de trânsito para verificar quilometragens informadas em transferências anteriores.
Saber se a quilometragem do carro foi adulterada exige atenção aos detalhes
Auto Esporte
Para quem já é proprietário, manter o histórico em dia é a melhor forma de valorizar o carro. “Se o carro foi adquirido 0 km, realizar as revisões na concessionária e manter o calendário das manutenções em dia e anotado é essencial”, afirma Leonardo. Eric complementa: “Guardar todo o histórico de manutenção realizada em oficina autorizada ou de confiança ajuda o futuro comprador a checar e aumenta o valor do veículo.”
Saber se a quilometragem do carro foi adulterada exige atenção aos detalhes, uso de ferramentas adequadas e análise documental. A fraude pode até enganar o painel, mas não engana um olhar técnico bem informado. Verifique, questione e, se houver dúvida, peça ajuda profissional, é o melhor caminho para evitar prejuízo e garantir um negócio seguro.
Checklist: como saber se a quilometragem é verdadeira
Nem sempre o número no painel conta toda a história. Antes de fechar negócio, siga estes passos simples para confirmar se o carro rodou o que promete:
Observe o desgaste físico: Volante, pedais, bancos, tapetes e alavanca de freio devem estar em bom estado e coerentes com a quilometragem. Desgaste excessivo em um carro de “baixa km” é sinal de alerta.
Confira o estado mecânico: Freios, pneus e suspensão muito gastos indicam uso mais intenso. Um mecânico pode confirmar se o desgaste é compatível com a km exibida.
Analise o histórico de revisões: Cheque o manual do proprietário, notas fiscais e carimbos de concessionária. As quilometragens registradas devem seguir uma evolução lógica, sem saltos ou lacunas.
Peça laudo cautelar completo: Prefira laudos que incluam leitura dos módulos eletrônicos. Eles registram a quilometragem em diferentes sistemas, como injeção e câmbio.4
Exija leitura com scanner automotivo: O equipamento compara o número do painel com os dados gravados nos módulos eletrônicos. Divergências revelam manipulação.
Compare o preço de mercado: Um carro muito mais barato que a média pode esconder histórico ruim, inclusive adulteração de odômetro.
Consulte registros oficiais: Órgãos de trânsito e empresas de vistoria registram a quilometragem em transferências. Diferenças grandes entre registros são indício de fraude.
Leve o carro a um profissional de confiança: Uma avaliação completa, unindo análise visual, mecânica e eletrônica, é a melhor forma de garantir que o carro tem a quilometragem que diz ter.
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