Como a GWM mudou Poer P30 e Haval H9 para agradar o público brasileiro

Picape e SUV começam a ser produzidos (e vendidos) no país com alguns itens que fazem a cabeça do consumidor local; confira A GWM anunciou, durante o Festival Interlagos, que começará a fazer a picape média Poer P30 e o SUV Haval H9 em sua fábrica de Iracemapólis (SP) a partir de agosto. As primeiras unidades, de acordo com a montadora, chegam às lojas em setembro. E provavelmente darão as caras com novidades a fim de agradar ao consumidor brasileiro.
A começar pela Poer P30. Na China, a GWM disse à jornalistas que havia a possibilidade da picape ser vendida no Brasil com suspensão traseira de eixo rígido com molas helicoidais. No entanto, a unidade da caminhonete em exposição tinha feixe de molas – informação confirmada pela fabricante à Autoesporte.
Embora a GWM tenha se esquivado dos questionamentos sobre os motivos da mudança, dá para inferir que trata-se de estratégia focada em nosso mercado. E que casa muito bem com a oferta de opção movida a diesel. Tal caminho vai na contramão da BYD, que apostou em configuração híbrida para a Shark e vê sua picape com vendas baixas. Foram apenas 537 emplacamentos no acumulado do ano segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
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GWM Poer P30: suspensão com eixo rígido e feixe de molas
Divulgação/GWM
Tudo bem que a GWM não deixará de vender configuração eletrificada da Poer no Brasil. No entanto, já enxerga na versão a combustão, equipada com motor 2.4 turbodiesel associado a um câmbio automático de nove marchas da ZF, sua galinha dos ovos de ouro. E isso é estritamente cultural, já que o nosso mercado gosta de caminhonetes com esse powertrain e suas capacidades de carga de 1 tonelada ou mais.
Durante o Salão de Xangai, executivos da marca disseram que o objetivo era ter uma picape “que aguentasse o trabalho pesado”.
Por isso, a escolha da suspensão é tão importante. O comprador de picape média no Brasil usualmente anseia por robustez, confiabilidade e, como já citado, capacidade de carga. Logo, a adoção de feixe de molas, mais simples e com manutenção mais barata que um conjunto de eixo rígido e molas helicoidais, transmite ao condutor a sensação de ter em mãos um “carro voltado para o trabalho” — mesmo que ele não utilize a caminhonete para tal.
Não à toa, as líderes absolutas do segmento de médias no Brasil, Toyota Hilux e Chevrolet S10, não abrem mão do feixe de molas. Tampouco a Mitsubishi Triton, com seu conjunto dotado de eixo rígido e molas semielípticas.
Campeã de vendas no segmento de médias, Toyota Hilux não abre mão de opções com feixe de molas
Divulgação
Vale lembrar que, embora mais interessante em caso de uso severo e também no off-road, tal solução abdica do conforto. A absorção de impactos é inferior em comparação às molas helicoidais. Temos ainda batidas mais secas, especialmente com a picape sem lastro. Em suma, ocupantes têm de tomar um Dramin para encarar uma viagem numa caminhonete mais robusta e com suspensão traseira mais simples.
E este é um sacrífico que a GWM pretende correr. Isso porque, ao abrir mão do conforto e focar na robustez, a montadora chinesa acerta em cheio a persona que compra uma picape média no Brasil. No entanto, bom repetir: a fabricante desconversou sobre o assunto em Interlagos. Pode ser que, no caso da opção híbrida ao menos, tenhamos molas helicoidais.
O curioso caso do estepe do Haval H9
O Brasil gosta de um estepe na tampa do porta-malas. Ô, se gosta. O cliente mais incauto geralmente associa a solução a um utilitário esportivo mais robusto, com uma brutalidade que, por vezes, inexiste (saudoso Ford EcoSport, estamos falando com você).
Na China, o Haval H9 traz o estepe justamente posicionado na tampa traseira. Por aqui, contudo, este foi movido para baixo do assoalho do porta-malas. Mesmo assim, a GWM manteve o suporte externo, ao menos na unidade exposta em Interlagos. Mas e aí? Por que a fabricante fez isso?
Ao contrário do modelo chinês, Haval H9 apresentado no Festival Interlagos não tinha estepe na tampa do porta-malas
Divulgação/GWM
Simples. Além da questão estética, apreciada, como já mencionado, pelo consumidor médio, temos ainda uma questão prática. O estepe na tampa traseira, além de dificultar na hora de manobras em espaços mais apertados, aumenta de modo considerável o peso da porta.
Além disso, há ainda o tópico segurança a ser considerado. O estepe na tampa do porta-malas pode se tornar, inclusive, o calcanhar de Aquiles de veículos quando submetidos aos crash tests. Isso porque, de fato, os danos causados por impactos podem ser acentuados.
Em resumo, no caso do Haval H9, a GWM faz um agrado ao cliente com a manutenção do DNA algo aventureiro, do estilo mais fora de estrada. E o faz deixando de lado o inadequado estepe na tampa traseira.
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