Borra no tanque de combustível: quais problemas causa e como evitar


A borra no tanque é um problema silencioso, mas capaz de comprometer o desempenho e até a durabilidade do motor. Trata-se de um resíduo escuro e espesso que se forma com o tempo, especialmente em carros que rodam com gasolina.
Segundo o professor Clayton Zabeu, do curso de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, “a borra que usualmente pode ser encontrada nos tanques é resultado da oxidação de componentes como olefinas e diolefinas presentes na gasolina. Esses produtos de oxidação geram sólidos de alto peso molecular e insolúveis, chamados genericamente de borras ou gomas, que podem aderir às paredes do tanque, linhas e injetores”.
Fatores que aceleram o problema
O processo de oxidação ocorre naturalmente na presença de ar, mas se intensifica quando o combustível é de má qualidade ou adulterado. “Combustíveis com adulteração podem conter substâncias mais sujeitas à oxidação”, explica Zabeu.
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Mesmo gasolinas dentro das especificações podem gerar borra se ficarem armazenadas por longos períodos, principalmente em ambientes quentes. “É por isso que veículos flex com o tanquinho auxiliar tinham a estratégia de consumir a gasolina armazenada mesmo sem necessidade de partida a frio, evitando que envelhecesse e oxidasse”, lembra o engenheiro.
Combustíveis de má qualidade ou adulterados podem acelera o processo de oxidação da gasolina
Fernando Frazão (Agência Brasil)
Manter o carro parado por semanas ou rodar constantemente com o tanque quase vazio também favorece a formação da borra. O espaço deixado pelo ar dentro do tanque facilita o contato com o oxigênio, acelerando a oxidação, enquanto o baixo nível de combustível eleva a temperatura da bomba, o que contribui para a degradação.
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Sinais e riscos para o sistema
A presença de borra costuma se manifestar de forma gradual. Filtros de combustível podem entupir mais rápido, e o motor começa a apresentar falhas intermitentes. “Bombas e injetores podem apresentar problemas causados pelos depósitos. No limite, o motor pode começar a apresentar irregularidades na partida ou funcionamento inadequado”, afirma Zabeu.
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Quando o acúmulo é intenso, há risco de entupimento do sistema de alimentação, agregação de resíduos nas paredes e até necessidade de substituição de componentes.
Aditivada, premium ou comum: há diferença?
Muitos motoristas acreditam que o uso de gasolina aditivada ou premium evita a borra, mas isso é um equívoco. “A aditivação da gasolina visa reduzir a formação de depósitos nas válvulas de admissão e não atua diretamente sobre o nível de borra ou goma no tanque”, explica o professor.
A adivitivação da gasolina não interefere na formação de borras no tanque
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Já a gasolina premium tem octanagem mais alta, o que melhora o desempenho de motores específicos, mas “não interfere diretamente na formação ou não de borras”. Em outras palavras, a procedência e o tempo de armazenamento são mais determinantes que o tipo de gasolina.
Como prevenir e quando agir
Evitar a borra no tanque exige apenas alguns cuidados simples: abastecer em postos de confiança, evitar deixar o carro parado por muitas semanas e não manter o nível de combustível muito baixo. Também é importante não armazenar gasolina fora do veículo por períodos prolongados.
Manter o carro em movimento e evitar deixá-lo parado pro longos períodos evita a formação de borras
Vitória Drehmer/Autoesporte
Se o carro apresentar falhas persistentes, dificuldade de partida ou for constatada a presença de resíduos no sistema, o ideal é realizar a limpeza do tanque em oficina especializada. “O principal cuidado é evitar o uso de combustíveis adulterados e de origem duvidosa”, resume Zabeu.
Com pequenas mudanças de hábito, é possível preservar o sistema de alimentação, reduzir custos com manutenção e garantir um funcionamento mais limpo e eficiente do motor.
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