Achado usado: Fiat Tipo Sedicivalvole é esportivo raro a preço de Argo 0 km


Se hoje a Fiat está fora do segmento de carros médios, a história era diferente nos anos 1990. O Tipo, lançado em 1993, foi um dos poucos carros a quebrar a hegemonia do Volkswagen Gol e conquistar o posto de carro mais vendido do Brasil, ainda que por um mês, em 1995.
Na ocasião, a família era completa, e trazia até uma resposta ao Volkswagen Golf GTI 2.0 de 114 cv. A empresa italiana resolveu contra-atacar com a apimentada Sedicivalvole, ou dezesseis válvulas em italiano. Graças ao motor 2.0 16V de declarados 137 cv, o hot hatch deixou o concorrente para trás e, hoje, é um modelo difícil de encontrar.
Autoesporte achou, em classificados na internet, um Fiat Tipo 2.0 16V Sedicivalvole 1994-1995 na sugestiva pintura vermelha Rosso Racing, que combinou perfeitamente com a proposta esportiva do colecionável. Segundo o anúncio, a unidade está com 96% de originalidade com direito à famosa placa preta de colecionador.
Fiat Tipo Sedicivalvole 1995
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
O preço? R$ 80 mil, quase o valor de um Argo 0 Km. Por esse valor, o Sedicivalvole do empresário e dono, Maicon Willian Pinto, de Curitiba, traz ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, travas e retrovisores elétricos, teto-solar e até desembaçador elétrico dos espelhos retrovisores externos.
Com poucos proprietários no currículo, o comerciante relata que o Tipo Sedicivalvole é relativamente fácil de ser mantido. Só é preciso um pouco de esforço e dedicação, que são recompensados depois de alguma forma, conforme ele explica.
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Versão Sedicivalvole era descrita na tampa do porta-malas
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
“É um carro aspirado muito veloz e com desempenho similar ao do Tempra Turbo. Em termos de dirigibilidade, é um esportivo muito prazeroso de guiar”, afirma o proprietário.
Algumas peças de acabamento, como os spoilers laterais, tiveram de ser reproduzidas, por conta da dificuldade de achar. Já os vidros, rodas, para-choques e demais detalhes internos, como forrações de portas, bancos e painel, são ainda os originais de fábrica.
Comparativo de 1995: Fiat Tipo e Renault 19 fazem duelo de hot hatches
“Era um carro muito diferenciado para a época, inclusive o pessoal acaba mistificando muito os Gol GTS e GTi, só que são esportivos que não chegam nem perto da qualidade de acabamento e do desempenho mecânico dos Sedicivalvole”, alfineta.
Faixas vermelhas eram item exclusivo da versão esportiva do Fiat Tipo
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
Além da parte elétrica, o proprietário explica que o motor foi todo revisado e está sem nenhum vazamento ou detalhe que desabone o automóvel.
Acompanha ainda o neo-colecionável italiano todos os manuais, livretos de garantia e chave reserva originais da época. Enfim, um ícone esportivo pronto para ser mantido com todo o carinho e paixão que ele merece.
Desempenho da versão Sedicivalvole deu ânimo ao Fiat Tipo
Fiat Tipo Sedicivalvole 1995
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
Importado da Itália no final de 1994, o Fiat Tipo 2.0 16V Sedicivalvole foi a resposta certeira ao Volkswagen Golf GTI 2.0, lançado apenas alguns meses antes. Para começar, a esportividade do hatch apimentado da Fiat era superior.
Dotado de motor 2.0 16V, basicamente o mesmo do Tempra, no hatch, a dose cavalar era imposta pelos seus 137 cv (147 cv da versão europeia), ou 10 cv a mais do que o do sedã nacional. No torque, os 18,4 kgfm eram despertados “tarde” nos 4.500 giros, mas com o motor multiválvulas “cheio”, o sangue italiano esquentava. Com a ajuda do câmbio de cinco marchas, de engates curtos e precisos, o hot hatch ia de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e velocidade máxima superior a 200 km/h. Diante destes números, vencia facilmente o Golf GTI – com seus 11s no 0 a 100 km/h e 186 km/h de máxima.
Painel de instrumentos completo e acabamento caprichado no Fiat Tipo Sedicivalvole
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
Para reforçar a tocada esportiva, havia a suspensão independente nas quatro rodas, com McPherson na dianteira e braços oscilantes na traseira. Para uma melhor aderência nas curvas, foram adicionados pneus mais largos 195/60 R14, contra os 185/65 R14 das demais opções mais “mansas” do hatch médio.
Apesar do desenho datado de 1988 do primeiro Tipo, o Sedicivalvole ainda tem o poder de chamar a atenção nos dias de hoje, resultado do belo trabalho feito no Instituto I.D.E.A, de Turim (Itália).
Fiat Tipo Sedicivalvole era oferecido só em carroceria duas portas
Acervo Pessoal
No Sedicivalvole, o visual agressivo era evidenciado pela carroceria exclusiva de duas portas, haja vista que nas versões “civis” 1.6 i.e. e SLX, era oferecido com quatro portas. Fora isso, faróis de neblina, filetes vermelhos nos para-choques, spoilers laterais e rodas de alumínio de 14 polegadas eram outros dos diferenciais externos.
Bancos Recaro
Por dentro, os bancos com faixas verde, vermelha e azul contrastavam com o tecido navalhado cinza. Quem quisesse mais exclusividade, poderia pedir sob encomenda os esportivos da Recaro e o teto-solar elétrico.
Bancos do Fiat Tipo Sedicivalvole tinham detalhes nas cores azul, vermelho e verde; assentos Recado eram opcionais
Acervo pessoal/Maicon Willian Pinto
Entre os itens de segurança, freios ABS e airbag para motorista faziam parte dos opcionais. Aliás, como curiosidade, coube ao Tipo, após a nacionalização em 1996, ser o primeiro nacional a dispor da bolsa inflável como opcional.
Em termos de espaço, contava com melhor aproveitamento comparado ao Golf GTI. Mesmo com duas portas, o acesso era acessível ao banco traseiro. A coluna C, mais fina que a do esportivo alemão, ajuda a ter um ambiente, digamos, menos claustrofóbico. Apesar de menor que o Volks (3,96 m contra 4,07 m), o Fiat dispunha de porta-malas superior com bons 350 litros (20 l a mais que o do carro alemão).
Com entre-eixos de Polo novo, Fiat Tipo Sedicivalvole tinha bom espaço no banco traseiro
Acervo Pessoal
Com 2,54 m de distância entre-eixos (2,48 m do GTI), atrás os passageiros do hatch italiano viajavam com mais espaço, mesmo com a ausência das portas traseiras.
Com o fim da produção do Tipo na Itália em 1995, o Sedicivalvole teve vida curta no Brasil, mas um legado de grandes vitórias no seu tempo certo!
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