Opinião: Todo motorista, por mais que dirija bem, ainda está sujeito às leis da Física
Aquela desafiadora matéria dos tempos de escola também prova que nunca estamos sozinhos no trânsito Você conduz seu carro em uma faixa central da rodovia, em velocidade compatível e mantendo distância adequada dos demais veículos. Está descansado, atento, e está em dia com a manutenção do seu automóvel. Eis que acontece uma colisão na pista oposta. Em segundos, seu carro pode estar envolvido em um acidente.
Câmeras de monitoramento nas rodovias e a bordo de veículos registram sequências inacreditáveis, a maior parte delas provocadas por flagrantes abusos de velocidade e manobras arriscadas. O ponto aqui não é o fatalismo gratuito, e sim deixar muito claro como o trânsito é algo dinâmico, em que todos os veículos atuam como células de um corpo vivo. Se uma fica defeituosa, falha, o dano pode ser coletivo.
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E isso porque um automóvel não é integralmente seu. Pode ter sido comprado à vista, estar totalmente quitado, com impostos em dia; e você, um motorista hábil e cuidadoso. Ainda assim, o veículo vai obedecer a leis que estão acima do código de trânsito ou mesmo da constituição de um país. As leis da Física, aquelas mesmas que nos desafiaram nos bancos de escola.
É a força de atrito, para começar, que se opõe ao deslocamento do carro e o impulsiona adiante. A coluna de ar à frente e o peso do automóvel atraído pela gravidade para o chão também resistem ao avanço. A termodinâmica entra em ação a fim de produzir a energia mecânica para vencer toda essa resistência e movimentar o carro. O atrito atua então nos discos e pastilhas de freio e nos pneus, quando é preciso parar novamente a máquina.
Mesmo dirigindo de forma correta, você pode se envolver em um acidente por culpa de terceiros
Getty Images
Não é preciso saber nada disso para dirigir muito bem um automóvel. Mas é interessante ter ciência de por que um carro “amarrota” tão fácil em uma colisão. Você pode ter ouvido aquela história de que, no passado, um carro podia derrubar um poste — “aquilo sim é que era lataria!”. Mas não se fala de quem estava dentro do veículo, provavelmente porque não sobrevivia para contar a história.
Quem pode explicar melhor é um cientista que praticamente vive a bordo de seu carro, embora tenha morrido há quase três séculos. Isaac Newton concebeu as três Leis do Movimento. A primeira, da Inércia, é a principal justificativa para o uso do cinto de segurança: o carro pode até parar, mas tudo que está em seu interior continua em movimento: uma maçã, uma mochila, um cachorro e, claro, as pessoas.
A Lei da Ação e Reação é aquela que explica a engenharia de construção dos automóveis atuais: quando um carro colide com outro veículo, com um muro ou poste, a força “devolvida” pelo objeto é a mesma da pancada, mas em sentido oposto. A fuselagem do carro amassa para absorver essa energia e proteger os ocupantes em uma célula de sobrevivência.
Carros são projetados para deformarem por conta da lei da Ação e Reação
Divulgação
O controle de estabilidade é uma das grandes inovações para a segurança dos automóveis. Mesmo esse recurso, no entanto, tem limite. Por mais equipado que seja o carro e exímio seu motorista, o veículo vai responder às leis da Física em caso de acidente. E pode ocorrer algo similar ao que se vê em uma mesa de bilhar.
Aqui volto ao ponto de o trânsito ser uma atividade coletiva, não individual. As atitudes ao volante, o que se faz ou se deixa de fazer, podem afetar muita gente. Traçando um paralelo, foi o que se viu na pandemia. Os que a negaram prejudicaram a si e à sociedade. Pena que, pensando em cidadania ao volante, ainda não foi inventada uma vacina de bom senso.
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