Fusca de ‘O Agente Secreto’ foi comprado por R$ 8 mil antes de estar no filme
Representante do Brasil na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional, “O Agente Secreto” estreou neste mês e promete movimentar as salas de cinema pelas próximas semanas. Fato é que, além da intrigante história de Marcelo (Wagner Moura), professor que foge de São Paulo para Recife durante o período da ditadura militar, outros elementos chamam atenção. É o caso de um simpático Volkswagen Fusca amarelo vibrante dirigido pelo protagonista em diversas cenas.
O exemplar de 1972 pertence a Antoliano Azevedo, natural de Recife (PE), onde as filmagens aconteceram. Membro do Clube do Fusca de Pernambuco, o empresário foi surpreendido quando recebeu o convite para ter seu carro como parte do filme. “Temos um encontro toda primeira terça-feira do mês, e em um desses dias o presidente do clube ligou perguntando se eu poderia participar de um filme. Como ele é muito brincalhão, até pensei que era brincadeira dele”, contou para a Autoesporte.
Volkswagen Fusca 1300 1972 foi comprado usado, mas passou por reforma e renovação da pintura
Reprodução/Instagram @oagentesecretofusca
Após a consulta do colega, um dos produtores da obra foi até o encontro e procurou Antoliano pessoalmente. Porém, o dono do Fusca amarelo pensou novamente se tratar de uma brincadeira. Somente após algumas conversas com a produção ele “sentiu firmeza” na história.
Azevedo assinou um contrato de empréstimo com a produção e marcou um dia para levar o carro até o ator Wagner Moura, que teria que andar no veículo para aprová-lo. Claro que o Fusquinha 1.300 chamado carinhosamente de “Piu-Piu” foi escalado pelo ator, e durante quinze dias participou das filmagens das cenas.
Personagem de Wagner Moura é dono de Volkswagen Fusca amarelo em “O Agente Secreto”
Reprodução/Instagram @oagentesecretofusca
O carro permaneceu com o dono durante a produção. Era o próprio Azevedo quem levava o Fuscapio. às locações — e por mais que 90% das filmagens tenham ocorrido na capital pernambucana, uma pequena parte do longa foi gravada em Goiana. Quem entende do assunto sabe que a Stellantis tem uma grande fábrica no município.
Foram três dias de produção para construir a cena de abertura do filme, ambientada em um posto de gasolina antigo, onde o Fusca tem grande destaque. Dono de uma distribuidora de produtos veterinários, Antoliano não tinha referência do mundo artístico antes de acompanhar as gravações com seu carro, mas atendeu às exigências do diretor Kleber Mendonça Filho.
O diretor, vale mencionar, exigiu que o protagonista tivesse um Fusca de cor amarela com características originais preservadas. Então, “Piu-Piu” serviu perfeitamente.
“Foi uma coisa totalmente nova para mim. Muito bom ter participado e conhecido pessoas maravilhosas. O Wagner é uma pessoa muito boa e muito atenciosa e o Kleber nem se fala”, destaca Antoliano Azevedo.
Volkswagen Fusca 1972 “participou” de 15 diárias das gravações de “O Agente Secreto”
Reprodução/Instagram @oagentesecretofusca
Por R$ 8 mil na OLX
Se você pensou que o Fusca é algum tipo de herança de família, saiba que é uma paixão recente do pernambucano, mas que homenageia o passado da família. Antoliano conta que queria comprar um exemplar do clássico da Volkswagen há um tempo, e tinha preferência por uma unidade na cor branca, igual à que seu pai teve.
Tudo mudou quando o empresário viu um anúncio do carro na OLX em 2020: “Cinco anos atrás, eu comprei esse carro por R$ 8 mil, mas acho que já gastei mais de R$ 30 mil para ele chegar no nível em que está hoje”. Isso porque o proprietário trocou e refez as estruturas do motor, caixa de transmissão, freios, estofado, pneus e retocou a pintura da carroceria.
O Volkswagen Fusca 1.300 1972 vinha de fábrica equipado com motor 1.3 boxer que desempenhava até 46 cv de potência.
Volkswagen Fusca 1972 é um dos elementos amarelos do filme nacional “O Agente Secreto”
Antoliano Azevedo e Vitrine Filmes
Engana-se quem pensa que o entusiasta de carros antigos pensou em mudar a cor da carroceria do veículo: “Quando eu vi o anúncio, achei ele tão bonitinho, tão inteirinho, que pensei ‘não custa nada eu olhar esse carro’. Quando eu olhei o carro, parecia que ele já tinha sido meu. Então, disse para o cara que ele poderia tirar o anúncio da OLX, e que no dia seguinte eu iria buscar o carro”.
“Eu sou uma pessoa que só gosta de músicas antigas, eu sou bem retrô. Quando ando no Fusca, parece que eu estou vivendo lá atrás, e é algo até estranho de explicar, mas é uma sensação de nostalgia pela minha época da adolescência, em que eu andava muito de Fusca”, ressalta.
A cor amarela
Para além do carro, a cor amarela aparece em outros elementos da produção, como em um orelhão que virou até um dos cartazes de divulgação da obra. Sendo este um filme de Kleber Mendonça, tão atento aos detalhes, é possível que a semelhança seja proposital.
Durante a entrevista para Autoesporte, Antoliano mencionou nunca ter perguntado para Kleber Mendonça a razão de ter escolhido um veículo de cor amarela para o filme. Alguns dias após nossa conversa, o pernambucano obteve uma resposta: é uma referência ao primeiro carro que o diretor comprou com o dinheiro de seu trabalho.
Não à toa, o diretor marcou presença na pré-estreia do filme no Shopping Recife, onde o Fusca ficou em exposição por um dia.
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Garagem de estrelas
Além do Volkswagen, o pernambucano cedeu mais três veículos para a equipe do longa. Um deles, um Jeep Willys 1963 — também amarelo — pertencia ao irmão de Antoliano, Marcelo, que mora em Belém (PA).
O empresário ficou encarregado de reformar o veículo para o irmão. Nesse meio tempo, acabou fazendo uma pontinha no filme que representará o Brasil na maior premiação do cinema mundial. Após as gravações, Marcelo não quis mais o veículo e acabou colocando-o à venda.
Antoliano Azevedo com a esposa e as filhas, durante pré-estreia de “O Agente Secreto” em Recife
Reprodução/Instagram @oagentesecretofusca
Os outros dois modelos são um Fiat Uno e um Hyundai HB20, que pertencem à esposa e à uma das filhas de Antoliano. Os dois veículos aparecem em uma segunda fase da história, já ambientada nos dias atuais.
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