Blindadora brasileira é a maior do mundo e parece fábrica de carro; conheça

Maior blindadora de veículos do mundo ocupa complexo equivalente a quase dez campos de futebol; lá, 500 carros recebem proteção balística por mês O Brasil é o sexto maior mercado global de carros novos. Mas lidera, com folga, outra estatística: é o país que mais vende veículos blindados no mundo. Segundo a associação que representa as empresas do setor, a Abrablin, aproximadamente 34 mil unidades receberam proteção balística no país em 2024. O México, segundo colocado, blindou pouco mais de 10% desse volume.
Logo, não é de se espantar que a maior empresa de blindagem de veículos do planeta também fique no Brasil. Autoesporte conheceu a estrutura da Carbon, localizada em Barueri (SP). O complexo é dividido em três galpões, que totalizam 70 mil metros quadrados, o equivalente a quase dez campos de futebol.
Todos os meses, cerca de 500 veículos de várias marcas recebem a proteção balística no local. Atualmente, a Carbon é certificada por sete marcas: BYD, Toyota, Chevrolet, GWM, Jaguar, Land Rover e Volvo. Isso significa que, caso um veículo dessas marcas seja blindado pela empresa, a garantia de fábrica é mantida.
No caso da Volvo, a Carbon também foi homologada como sua única blindadora oficial no mundo. Ou seja, se alguém em qualquer canto do planeta comprar um carro da marca sueca e quiser aplicar uma blindagem que mantenha a garantia de fábrica, o veículo é enviado para o Brasil e, depois do serviço, despachado de volta para o comprador. Na maior parte dos casos, só a operação logística é mais cara do que o preço do carro ou da blindagem.
Fábrica de blindagem funciona como uma linha de produção, com estações para cada etapa
André Paixão/Autoesporte
Ainda assim, cerca de 100 a 150 carros da marca são enviados, por ano, para os galpões da Carbon. A maior parte é para embaixadas da Suécia espalhadas pelo mundo. Mas também há clientes particulares e empresas. Não é exagero dizer que a operação da Carbon funciona como uma linha de produção. Em diversos momentos da visita, vi procedimentos idênticos aos de uma fábrica de automóveis.
Começando pela divisão dos processos em linhas. São sete, uma delas exclusiva para os carros da Volvo. Além disso, há profissionais dedicados em três das quatro etapas: desmontagem, aplicação da manta e dos vidros e remontagem. Ou seja: os funcionários são especializados em cada uma das funções.
Para iniciar a blindagem, a blindadora precisa comunicar o Exército Brasileiro
André Paixão/Autoesporte
Tudo começa no fundo do galpão, onde uma equipe é responsável por remover vidros, painéis de portas, console central, bancos e acabamentos das colunas. Os componentes são armazenados em carrinhos desenvolvidos especialmente para a tarefa. Assim, é possível que peças que não podem ser dobradas fiquem esticadas.
Nessa etapa, todos os chicotes são isolados. A desmontagem leva cerca de duas horas e, tão logo é finalizada, os carrinhos recebem uma plaqueta que os atrela ao veículo que está sendo blindado, seguindo para uma área isolada e com acesso restrito.
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Enquanto a desmontagem acontece, a preparação para o passo seguinte já está em curso. Assim que um pedido é feito, a blindadora precisa comunicar o Exército Brasileiro, responsável por controlar o uso de material balístico no Brasil. Quando a autorização do órgão é emitida, antes mesmo de o veículo entrar na linha, outro setor da empresa faz o corte das mantas balísticas que serão usadas no veículo.
Além do Toyota Corolla Cross, modelos da Volvo também são campeões de blindagem
André Paixão/Autoesporte
Atualmente, a Carbon tem em seu banco de dados os projetos de 180 diferentes modelos, dos quais 40 têm a homologação das montadoras, preservando a garantia de fábrica. O trabalho é feito pelo time de engenharia da blindadora e foi certificado pela organização alemã Edag.
Nessa área da empresa, atualmente em expansão, uma máquina a laser consegue cortar os pedaços das mantas de aramida de oito, nove ou 11 camadas em questão de minutos. Outra opção, bem mais acessível (e menos precisa), é fazer o recorte usando uma tesoura. A resistência do material depende do local da aplicação e também do veículo.
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No dia de nossa visita, os operadores trabalhavam em mantas que seriam dedicadas a unidades do Toyota Corolla Cross, um dos campeões de blindagens na Carbon. Aliás, os modelos da marca japonesa são líderes absolutos nos galpões da Carbon, concentrando cerca de 40% de todo o volume de blindagens da empresa.
Voltando para a linha de produção, a segunda estação recebe os carros já desmontados. O trabalho dos técnicos é aplicar as mantas nas portas e reforçar as colunas com barras de aço, seguindo gabaritos disponíveis ao lado da bancada onde ficam os materiais. O mapeamento de todos os veículos é feito por um time de engenheiros. Por último, mas não menos importante, os acabamentos são reinstalados e os vidros, reforçados por uma camada de aço, recolocados.
Como é um teste balístico
Durante a visita, Autoesporte participou de um teste balístico para demonstrar a eficiência dos vidros com disparos de dois calibres diferentes: 9 mm e 44 mm. A cabine da fábrica de Barueri é trancada e só três pessoas em toda a empresa têm a senha que libera as portas. Isso porque o local armazena as munições usadas nos testes, que também são controladas pelo Exército brasileiro.
O teste de eficiência é feito com pistolas com mira a laser de dois calibres diferentes: 9 mm e 44 mm
André Paixão/Autoesporte
Os disparos são feitos com uma pistola com mira a laser instalada em uma bancada. Com o celular posicionado atrás da placa de vidro blindada, fizemos os dois disparos. Para o bem do bolso deste que vos escreve, o aparelho saiu intacto. Do lado que levou os tiros, muitos estilhaços. Do outro, apenas uma protuberância, mas o vidro continuou íntegro.
Não apenas vidros, como toda a blindagem do nível III-A precisa resistir a esse tipo de armamento, sem qualquer invasão de fragmentos na cabine. E isso vale para um ou para 400 disparos. Tanto que, em um dos galpões, a empresa exibe orgulhosamente três carros da Volvo com centenas de tiros espalhados pelas carrocerias.
O teste de blindagem do nível III-A é feito com 400 disparos
Divulgação
Materiais importados
Atualmente, cerca de 60% das matérias-primas usadas na blindagem são importadas, inclusive as mantas de aramida, fornecidas pela DuPont. Porém, a Carbon se prepara para inaugurar uma fábrica de vidros no estado de São Paulo.
Com os carros já montados novamente, são feitos dois testes: um de rodagem, para verificar se os recursos de assistência à condução estão funcionando corretamente, e um de estanqueidade, no qual os veículos vão para uma câmara e recebem jatos de água para checar possíveis infiltrações.
Fábrica realiza testes de rodagem antes da blindagem nos carros para verificar funcionamento dos recursos de assistência ao motorista
Divulgação
Depois das últimas verificações, os clientes podem retirar o carro no local, se quiserem. A maioria, no entanto, prefere receber diretamente das concessionárias. As revisões da blindagem também acontecem na sede da Carbon. Até por isso, o fluxo mensal de carros ali chega a mil veículos simultaneamente.
Um dos diferenciais que a blindadora diz ter é a agilidade na entrega. Em média, um carro leva até 60 dias úteis para ser blindado. No entanto, a empresa promete entregar o veículo em apenas 22 dias úteis. A produção, em si, não costuma demorar mais do que dez dias. Mas há uma margem para eventualidades.
Existem equipes responsáveis pela remoção de cada parte do veículo, como vidros, painéis de portas, bancos e acabamentos
Divulgação
E quanto custa?
Não há uma tabela de preços para a blindagem. O valor varia de acordo com o modelo e a blindadora. É possível encontrar proteções balísticas por R$ 40 mil. Na Carbon, o valor é mais do que o dobro dessa cifra. Blindar um Corolla Cross, por exemplo, sai por R$ 105 mil, em média. Lembrando que o preço do SUV varia entre R$ 170.690 e R$ 218.990.
Com o avanço da tecnologia, o peso extra também foi reduzido, possibilitando que modelos menores sejam blindados.
“Atualmente, é como se você transportasse uma pessoa e meia a mais. A proteção mais leve já pesa cerca de 100 kg”, afirma Michel Haddad, executivo da Carbon.
Além do próprio Corolla Cross, vimos nos galpões unidades de Honda HR-V e Volkswagen T-Cross. Mas, acredite, há clientes que contratam a blindagem de compactos como Volkswagen Polo e Hyundai HB20, por exemplo.
Entre os campeões em blindagens na Carbon estão três modelos da Volvo. Mas também há carros que não são de luxo, como Toyota Corolla Cross, BYD Song Plus e Jeep Compass.
Campeões em blindagens na Carbon
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